A ONU lançou hoje um alerta para a necessidade urgente de coordenação para evitar uma potencial crise face à resistência de micro-organismos aos fármacos, potencial motivo de dez milhões de mortes até 2050.
Na notícia da agência “Lusa” recorda-se a importância dos antimicrobianos (antibióticos, antivirais, antifúngicos e anti-protozoários) no combate das doenças humanas, de animais e de plantas terrestres e aquáticos. No entanto, estes estão a tornar-se ineficazes, fazem notar os peritos, que alertam para os efeitos que já se sentem na saúde e na economia. O estudo com o título “Não podemos esperar: Assegurar o futuro contra as infeções fármaco-resistentes” especifica que esta resistência revela uma crise global que coloca em causa um século de avanços na saúde e o sucesso dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
O relatório é resultado do trabalho conjunto de um grupo de agências das Nações Unidas criado em 2016, entre as quais está a Organização Mundial de Saúde (OMS) e a Organização para a Alimentação e Agricultura (FAO). As conclusões avançam que «a menos que se atue com urgência, essa resistência terá repercussões desastrosas numa geração».
O documento apela, assim, a uma resposta multissetorial com uma abordagem de saúde para este problema. «Garantir acesso equitativo e acessível a antimicrobianos de qualidade e o seu uso responsável e sustentável é um componente essencial da resposta global», defende o Grupo Interagências que gerou o relatório. As recomendações incluem priorizar planos de ação nacionais para reforço dos financiamentos, criar sistemas regulatórios mais fortes e fomentar campanhas de consciencialização sobre o uso responsável de fármacos por profissionais de saúde. Ainda se remete para o investimento em «ambiciosas investigações» no âmbito do desenvolvimento de novas tecnologias para combate à resistência aos fármacos.
A exposição reflete as várias perspetivas da resposta necessária para evitar o aumento deste problema e proteger um segredo de progresso na saúde», destacou a subsecretária da ONU Amina Mohamed, também co-presidente do IACG, sublinhando que «Não há tempo a perder».
O diretor-geral da FAO, José Graziano da Silva, expressou em comunicado que as recomendações do relatório «reconhecem que os antirretrovirais são fundamentais para proteger a produção de alimentos, a segurança e o comércio, assim como a saúde dos humanos e animais, e claramente promove o seu uso responsável».
Para o diretor da OMS, Tedros Adhanon, as recomendações avançadas no estudo «podem salvar milhares de vidas todos os anos».