Ébola: Canadá vai doar à OMS até mil doses da vacina experimental
13 de Agosto de 2014
O Canadá anunciou na terça-feira que vai doar à Organização Mundial de Saúde (OMS) até mil doses de um medicamento experimental contra o Ébola para a sua utilização nos países africanos mais afetados pelo surto infecioso.
A ministra da Saúde do Canadá, Rona Ambrose, disse em comunicado estar «satisfeita por oferecer a vacina experimental desenvolvida por investigadores canadianos para ajudar a lutar com o surto infecioso».
Rona Ambrose disse que o Canadá vai doar entre 800 e 1.000 doses do medicamento, das cerca de 1.500 que detém.
O ministro da Saúde do Canadá precisou que a vacina, conhecida como VSV-EBOV, nunca foi testada nos seres humanos, apenas em animais, ainda que os resultados tenham sido animadores.
«O Canadá acredita que esta vacina experimental é um recurso global, pelo que estamos a partilhá-lo com a comunidade internacional, uma vez que temos uma pequena quantidade no Canadá», afirmou, segundo a “Lusa”, Rona Ambrose.
Presidente da Serra Leoa diz que faltam 13 milhões de euros contra o Ébola
O Presidente da Serra Leoa, Ernest Bai Koroma, apelou ontem à comunidade internacional para ajudar a suportar os 13 milhões de euros que faltam para combater a epidemia de Ébola que está a devastar o país.
A Serra Leoa tem sido a mais afetada pelo surto que varre uma parte de África, com mais de 730 casos mortais desta doença, o que faz com que seja o país com mais vítimas mortais.
«O total de financiamento de que precisamos é de 25,9 milhões de dólares, e até agora recebemos o compromisso de 7,6 milhões, pelo que faltam 18,2 milhões de dólares», cerca de 13 milhões de euros, disse o Presidente.
Koroma anunciou também um conjunto de medidas como parte do plano de emergência em julho, incluindo a colocação em quarentena de distritos inteiros e o cancelamentos das viagens ao exterior dos ministros.
Este apelo surge um dia depois de o Presidente ter criticado a «resposta lenta» dada pela comunidade internacional: «Estou desapontado com a comunidade internacional pela sua lentidão na resposta ao combate ao mortal vírus do Ébola na Serra Leoa», de acordo com um comunicado da Presidência.
«Não nos deram equipamento suficiente, nem recursos, nem pessoa de saúde qualificado, e perdemos o único perito que tínhamos no país para esta doença», disse o Presidente numa reunião com responsaveis da Organização Mundial de Saúde, referindo-se a umar Khan, o único virologista do país, que morreu infetado com o vírus depois de ter salvo mais de 100 pacientes.
Guiné-Bissau fecha fronteiras com Conacri e proíbe aglomerações como prevenção
O primeiro-ministro da Guiné-Bissau anunciou ontem um Programa de Emergência Sanitária que inclui o encerramento das fronteiras com a Guiné-Conacri e a proibição de aglomerações de pessoas para prevenir a entrada do vírus Ébola no país.
«Os ministérios da Defesa e do Interior têm instruções para tomar as medidas necessárias para efetivar o encerramento de fronteiras», anunciou Domingos Simões Pereira em conferência de imprensa.
A medida terá também em atenção as zonas de passagem não oficial entre os dois países, referiu.
Está igualmente previsto um reforço das patrulhas marítimas e do controlo de passageiros no aeroporto – as companhias que voavam entre Bissau e os países afetados suspenderam as rotas, referiu, mas haverá atenção redobrada com quem chega de forma indireta.
O Programa de Emergência Sanitária inclui a suspensão de atividades que impliquem ajuntamentos.
«Os ministérios da Saúde e Administração Interna irão decretar a suspensão de quaisquer atividades que impliquem aglomerados» tais como os “lumos”, mercados nas povoações fronteiriças, referiu Simões Pereira.
Está também prevista a instalação de hospitais de campanha que serão espaços de referência para acolher eventuais casos suspeitos.
Essas áreas vão ser criadas nos próximos dias no Hospital Simão Mendes, principal hospital do país, em Bissau, no Centro de Saúde Plack, também na capital, e no Centro de Formação de João Landim, alguns quilómetros a norte de Bissau.
Haverá ainda um destacamento de equipas para a fronteira e outros locais afastados dos centros de referência, com recurso a tendas.
«Continua a não haver nenhum caso suspeito registado» na Guiné-Bissau, destacou o primeiro-ministro, mas «os números começam a ser alarmantes», apesar de ainda estarem longe da fronteira e «recomendam» que se tomem medidas de prevenção.
Domingos Simões Pereira fez também um apelo ao Presidente da República, José Mário Vaz, para que contacte as entidades norte-americanas e avaliar a possibilidade de o país beneficiar do medicamento que os EUA estão a usar para o tratamento de Ébola.
O governo está a trabalhar com parceiros internacionais para ter à disposição medicamentos, conjuntos de proteção pessoal, de recolha de amostras e de diagnóstico de Ébola.
Noutra ação, na sexta-feira, os membros do executivo vão dar o exemplo e ser os primeiros a doar sangue numa campanha de recolha para repor os stocks nacionais, igualmente prevista no programa.
Para os próximos dias está agendada a criação de uma linha verde para onde qualquer pessoa pode ligar e reportar casos suspeitos.
O primeiro-ministro pediu ainda que os espaços de atendimento público tenham água com lixívia à porta para os clientes desinfetarem as mãos e desencorajou as saudações, sejam apertos de mão ou beijos.
«É altura de informarmos de forma ponderada e tranquila a nossa população. Temos condições de para realizar prevenção e esperamos que as medidas sejam suficientes para evitar a entrada da epidemia», concluiu.