Ébola: Catarina Furtado simula caso suspeito e alerta para importância de não ir aos serviços 03 de novembro de 2014 A apresentadora Catarina Furtado simulou no sábado ser um caso suspeito de Ébola numa operação das autoridades que visou mostrar à população que, na dúvida, deve contactar a linha de Saúde 24 e nunca dirigir-se a um serviço de saúde. O simulacro ocorreu um dia após a realização de outros dois testes – um em Lisboa e outro no Porto – à resposta portuguesa a casos suspeitos de Ébola, os quais foram acompanhados e avaliados por responsáveis nacionais e representantes do Centro Europeu de Prevenção e Controlo da Doença (ECDC). No simulacro de sábado, Catarina Furtado “fingiu” que tinha estado na Serra Leoa, um dos países atingidos pelo surto de Ébola que, desde fevereiro, já causou perto de 5.000 mortos, onde participara numa missão de apoio à população atingida pela doença, no âmbito das suas funções de Embaixadora de Boa Vontade do Fundo das Nações Unidas para a População. No dia 20, a apresentadora viajou para Nova Iorque, antes de regressar a Portugal, onde se encontra há três dias. Catarina Furtado começou a sentir-se febril e com dores abdominais, de acordo com o guião do simulacro, citado pela “Lusa”. Segundo a DGS, os sintomas mais frequentes da infeção são febre, náuseas, vómitos e diarreia, dores abdominais, dores musculares, dores de cabeça, dores de garganta, fraqueza e hemorragia inexplicada, que aparecem subitamente entre dois e 21 dias após a exposição ao vírus. No entanto, para ser considerada um caso suspeito, a pessoa tem de apresentar critérios epidemiológicos: estadia em área afetada (Guiné-Conacri, Libéria e Serra Leoa) num período de 21 dias antes do início dos sintomas ou contacto próximo com doente infetado por vírus Ébola, com objetos ou superfícies contaminados. Na dúvida, e tendo em conta que, no papel que representou neste simulacro, tinha estado na Serra Leoa, Catarina Furtado ligou para a Linha Saúde 24 (808 24 24 24), tendo descrito os seus sintomas. A apresentadora descreveu os sintomas e respondeu a um conjunto de questões colocadas pela profissional da Linha Saúde 24 que, tendo em conta a sua passagem pela Serra Leoa, decidiu encaminhar o telefonema para a equipa da DGS que avalia os casos e os valida como suspeitos. Do outro lado da linha, atendeu a sub-diretora geral da Saúde que recomendou à apresentadora «tranquilidade» e sugeriu que evitasse os contactos sociais. Graça Freitas informou depois a apresentadora de que «poderia ou não ser um caso de Ébola» e, por isso, iria ser avaliada no Hospital Curry Cabral, em Lisboa. Em Portugal existem três hospitais de referência para a infeção por vírus Ébola: Hospital de São João, no Porto, e os hospitais Curry Cabral e Dona Estefânia, em Lisboa. A DGS garante que estes hospitais estão preparados, a nível de instalações, equipamentos e profissionais de saúde, para responder a situações de doença por vírus Ébola. Catarina Furtado foi transportada por uma equipa especial do INEM que, neste caso, era composta por vários elementos, três dos quais com Equipamentos de Proteção Individual (EPI). Catarina Furtado foi transportada como caso suspeito até ao Curry Cabral, onde foi recebida pela equipa de doenças infeciosas. Neste caso, o simulacro foi desenhado como se Catarina Furtado tivesse dengue e não Ébola, resultado só conhecido após realizadas as análises no Instituto Nacional de Saúde dr. Ricardo Jorge (INSA). Técnicos internacionais dão nota positiva à resposta portuguesa em simulacros O ministro da Saúde revelou no sábado que a preparação portuguesa contra o Ébola obteve uma classificação positiva de técnicos nacionais e internacionais, os quais elogiaram a qualidade da resposta e a articulação entre os profissionais e as instituições, segundo a “Lusa”. Paulo Macedo falava aos jornalistas no final de uma conferência de imprensa sobre os dois simulacros realizados sábado, em Lisboa e no Porto, que visaram avaliar a resposta do dispositivo português a casos suspeitos de Ébola. Em Lisboa, o caso simulado foi o de uma mulher com 28 anos, namorada de um guineense de Conacri que estivera há uma semana no funeral do pai, em Farenah. A mulher queixava-se de febre (39,5 graus) há 24 horas, a qual não cedia aos antipiréticos, e por isso decidiu ir a uma consulta num centro de saúde dos arredores, onde está inscrita. No centro de saúde, o caso foi acolhido e validado como suspeito através das linhas Saúde 24 e de apoio aos médicos, sendo a doente transferida, pelo INEM, para o hospital de referência, o Curry Cabral. O outro caso simulado no Porto foi o de um homem de 36 anos que regressou da Serra Leoa num voo via Paris, e que se queixava de febre e cefaleias. O homem ligou para a Linha Saúde 24 e, através da linha de apoio ao médico, o seu caso foi validado como suspeito à infeção por Ébola. Neste caso, o doente foi transportado para o hospital de referência (São João, no Porto). Também no sábado, e protagonizado pela apresentadora Catarina Furtado no papel de um caso suspeito de Ébola, realizou-se outro simulacro, que terminou no Hospital Curry Cabral, onde se efetuou a conferência de imprensa. Segundo Paulo Macedo, os técnicos do Centro Europeu de Prevenção e Controlo da Doença (ECDC) destacaram positivamente a articulação dos próprios profissionais durante o exercício, além da qualidade de resposta dos hospitais Curry Cabral e São João, bem como do INEM. Na conferência de imprensa, o presidente do INEM aproveitou para esclarecer que o instituto tem três ambulâncias que estão alocadas só para o transporte de doentes suspeitos de infeção pelo vírus Ébola. As três ambulâncias estão localizadas em Lisboa, Porto e Coimbra e, apesar de desinfetadas após o transporte dos casos suspeitos, não realizam mais nenhum outro serviço, garantiu Paulo Campos. Na conferência de imprensa, o diretor-geral da Saúde insistiu na necessidade de as pessoas com sintomas suspeitos ligarem para a Linha Saúde 24 e não se deslocarem para qualquer outro local. Também presente no encontro com a comunicação social, o presidente do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA) disse que o diagnóstico ao vírus é atualmente realizado no espaço de quatro horas. «Há uma técnica em estudo que reduz para duas horas, mas não me parece que seja crucial esta redução. Mas se for preciso, iremos disponibilizar», disse Fernando Almeida. |