Ébola: Conselho de Segurança da ONU reúne-se de emergência na quinta-feira 16 de setembro de 2014 O Conselho de Segurança da ONU realizará uma «reunião de emergência» na quinta-feira à tarde sobre a epidemia de Ébola que está a atingir a África ocidental, anunciou hoje a embaixadora norte-americana na ONU, Samantha Power. «É essencial que os membros do conselho discutam a situação da epidemia, concordem com uma resposta internacional coordenada e iniciem o processo de canalização dos recursos coletivos para deter a propagação da doença», disse Power. A diplomata, que preside ao Conselho em setembro, precisou que Washington deseja que esta reunião conduza a «compromissos concretos» para combater a epidemia. UE quer mecanismo de retirada de pessoal médico das zonas afetadas A União Europeia vai desenvolver um mecanismo comum para coordenar a retirada de pessoal médico e cooperantes das zonas atingidas pela epidemia do vírus Ébola, foi anunciado ontem em Bruxelas. Numa conferência de alto nível sobre o Ébola, em que participaram membros do executivo comunitário, representantes dos 28 Estados-membros e de organizações como as Nações Unidas e a Organização Mundial de Saúde (OMS), foi acordada a importância de haver planos de retirada de cooperantes no terreno, em caso de necessidade. «Concordámos que é de importância crucial ter mecanismos de retirada médica para cooperantes humanitários e pessoal médico das áreas afetadas, mantendo uma resposta internacional efetiva no terreno», segundo um comunicado da Comissão Europeia. Bruxelas quer, assim, ver desenvolvido um mecanismo comum para retirada de pessoal médico, com base numa proposta francesa. O secretário de Estado da Cooperação, Campos Ferreira, que representou Portugal na reunião garantiu que Portugal está preparado para transportar para território nacional qualquer pessoa infetada com o vírus, tendo apresentado na reunião o plano nacional de prevenção, elaborado pelo Ministério da Saúde. O governante apresentou ainda, em Bruxelas, os acordos de parceria com a Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, Cabo Verde e Moçambique, que passam pelo fornecimento de medicação, material médico e de laboratório e formação específica. O plano nacional de prevenção prevê o encaminhamento de doentes para hospitais de referência, entre várias medidas. A Comissão Europeia já contribuiu com quase 150 de euros para ajudar os cinco países afetados pelo vírus do Ébola na África Ocidental: Guiné-Conacri, Serra Leoa, Libéria, Nigéria e Senegal. A epidemia já causou 2.296 mortes, segundo os últimos dados da OMS. Obama vai enviar 3.000 militares para combater vírus na África Ocidental O Presidente norte-americano anuncia hoje o envio de cerca de 3.000 militares norte-americanos para a África Ocidental, para participarem na luta contra o vírus Ébola, segundo um responsável norte-americano citado pelas agências internacionais. Barack Obama deverá apresentar o plano de ação durante uma visita aos centros de controlo e de prevenção das doenças em Atlanta, no sul dos Estados Unidos, segundo agências noticiosas internacionais. Os meios norte-americanos vão estar concentrados na Libéria, um dos três países mais atingidos pelo vírus, juntamente com a Serra Leoa e Guiné Conacri. Um centro de comando será instalado na capital, Monróvia. Os militares vão participar na construção de novos centros de tratamento nas zonas mais atingidas e o governo norte-americano vai colaborar no recrutamento e formação do pessoal encarregado da gestão dos mesmos. Os Estados Unidos vão criar na Libéria um local para a formação de 500 trabalhadores de saúde por semana, acrescentou a mesma fonte. A epidemia do Ébola na África Ocidental, a mais grave da febre hemorrágica identificada em 1976, matou mais de 2.400 pessoas segundo o mais recente balanço da OMS. «Para combater esta epidemia na fonte, devemos colocar em prática uma verdadeira resposta internacional», indicou um responsável norte-americano sob anonimato. Neste quadro, a Agência Norte-Americana para o Desenvolvimento Internacional (USAID) vai distribuir, em parceria com a UNICEF, kits de proteção destinados a 400.000 famílias mais vulneráveis da Libéria. Os Estados Unidos já gastaram 100 milhões de dólares na luta contra o vírus. A USAID anunciou a intenção de desbloquear 75 milhões de dólares para aumentar o número de centros de tratamento. A administração Obama pediu, por outro lado, ao Congresso uma verba adicional de 88 milhões de dólares. A decisão é tomada esta semana. Do total, 30 milhões de dólares destinam-se ao envio de material e de peritos para o terreno e 58 milhões de dólares ao desenvolvimento de tratamentos e vacinas. Human Rights Watch defende combate ao Ébola com respeito pelos direitos humanos A organização não governamental Human Rights Watch (HRW) exortou ontem os governos dos três países mais afetados pelo surto do vírus Ébola a garantirem que os direitos humanos são respeitados no âmbito das medidas contra a epidemia. «Os governos dos países afetados pelo vírus Ébola devem proteger melhor os trabalhadores de saúde de contaminação e devem limitar o uso da quarentena», lê-se num comunicado divulgado ontem por esta organização, numa altura em que se acumulam os relatos de restrições à livre movimentação e de violações arbitrárias da liberdade de imprensa. Esta ONG dedicada aos direitos humanos considerou também que os países deviam «ter em conta a dimensão de género da epidemia e certificarem-se que as forças de segurança respeitam os mais elementares direitos humanos e incentivar a monitorização independente das medidas de emergência e doações». Sublinhando que as autoridades dos três países impuseram restrições à circulação e quarentenas de «casas, bairros, vilas e aéreas administrativas, às vezes inteiras», a organização lamenta que na maioria dos casos estas medidas não tenham sido «baseadas em evidências científicas, aplicadas de forma arbitrária e demasiado amplas na sua implementação». «As quarentenas», acrescenta o comunicado citado pela “Lusa”, «não foram devidamente supervisionadas, tornando-as ineficazes em termos de saúde pública e desproporcional no seu impacto», citando o diretor de Saúde e Direitos Humanos, Joseph Amon, que conclui que «a adoção de quarentenas muito grandes e outras medidas excessivas podem minar os esforços para conter o surto de Ébola». |