Ébola: DGS diz que medidas previstas são as adequadas e lamenta alarme público 15 de outubro de 2014 O diretor-geral da Saúde esclareceu hoje que as medidas de combate ao Ébola em Portugal são as adequadas ao baixo nível de risco que o país corre e lamentou o alarme público suscitado por médicos e sindicatos, segundo a “Lusa”. «Neste momento as medidas são suficientes. Foi o risco de saúde pública existente que determinou a adoção das medidas», disse Francisco George, durante uma audição na Comissão Parlamentar de Saúde, na qual respondia aos deputados sobre quais os riscos de a epidemia do vírus Ébola entrar em Portugal e sobre qual a preparação para fazer face a essa eventualidade. O responsável explicou que todos os intervenientes que possam vir a estar diretamente envolvidos com casos importados estão preparados, referindo as linhas telefónicas que fazem a triagem e encaminhamento, a equipa do Instituto Ricardo Jorge, os três hospitais de referência (Curry Cabral, Estefânia e São João), três bases de ambulância em Lisboa, Porto e Coimbra, com 12 tripulantes equipados e de prontidão, bem como a equipa de resgate nacional, pronta para ir buscar portugueses a qualquer parte do mundo. Além disso, adiantou que vai ser expandida formação para todos os profissionais do INEM (Instituto Nacional de Emergência Médica) e que foi desenhado um programa para voluntários portugueses, que estão a ter formação, ainda antes de se saber se virão a ser necessários ou não. Para Francisco George é preocupante as tomadas públicas de posição de entidades como alguns sindicatos, que se queixam de falta de preparação para combater o Ébola, e do colégio da especialidade de saúde pública da Ordem dos Médicos, que emitiu um comunicado considerando que o risco teórico de haver casos de Ébola em Portugal é alto, devido ao posicionamento de Portugal como país integrante dos Países de Língua Oficial Portuguesa. «A Ordem dos Médicos e os sindicatos deviam ter tido o esforço de ir ver a situação epidemiológica e evitar alarmar a população sem justificação», afirmou, numa referência à falta de informação sobre quais os reais riscos que Portugal corre. Francisco George sublinhou que nenhum país africano de língua oficial portuguesa e com relações estreitas a Portugal tem atualmente casos de Ébola, especificando que «nenhum país lusófono tem cadeias abertas de transmissão». «O risco aumenta com o descontrolo da epidemia naqueles países [Guiné Conacri, Serra Leoa e Libéria]. Cada vez que há mais casos naqueles três países maior é a probabilidade de importarmos. Neste momento admitimos a eventualidade de podermos ter um, dois ou três casos importados até final de outubro, mas que serão de tal forma tratados que casos secundários não deverão acontecer», sublinhou. Sobre a contestação de alguns sindicatos, como o dos inspetores do SEF – que receberam formação, mas consideraram-na insuficiente, reclamando equipamento especializado para os funcionários nos aeroportos –, Francisco George disse que a máscara e as luvas apenas dão «falsa sensação de segurança». «Algum país recebe visitantes com equipamento de escafandro? Em rigor, para proteger a população portuguesa nós precisávamos de 10,5 milhões a andar de escafandro», disse. O responsável sublinhou que o país «está bem preparado» e citou um jornal diplomático que «diz que Portugal é o mais bem preparado». «Se isto correr mal, a responsabilidade é nossa e nós responderemos por isso», frisou. Colégio de doenças infeciosas demarca-se de colégio de saúde pública O presidente do Colégio da Especialidade de Doenças Infecciosas da Ordem dos Médicos demarcou-se hoje do comunicado emitido pelos seus colegas de saúde pública, no qual afirmam que o risco de Portugal vir a ter casos de Ébola é alto. Presente hoje na Comissão Parlamentar de Saúde, na companhia dos responsáveis da DGS (Direção Geral de Saúde), do INEM (Instituto Nacional de Emergência Médica) e do INSA (Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge), Fernando Maltez disse ainda que «depois de uma reunião com a direção do colégio da especialidade» a que preside será tomada uma posição conjunta com o colégio de medicina tropical. Com esta declaração, citada pela “Lusa”, o responsável aludia também ao facto de alegadamente o comunicado em causa ter sido feito sem que todos os elementos do colégio da especialidade de saúde pública tenham sido consultados. A denúncia foi feita hoje pelo diretor-geral da Saúde, que revelou que «o colégio não teve reunião formal e não debateu o assunto de forma normal». «Já falei com o colega relator e marcámos um encontro para muito breve», disse Francisco George, afirmando que discorda dele e que «há um afastamento entre a linha preconizada no comunicado em causa e o trabalho que a DGS tem feito». O diretor-geral da Saúde especificou que o colégio não se reuniu para aprovar o documento – já publicado no site da Ordem dos Médicos – e que membros do colégio vão pedir uma reunião do órgão para o apreciar. Nesse documento, assinado por Pedro Serrano, da direção do colégio da especialidade de saúde pública, e noticiado hoje pela imprensa, os especialistas consideram que «o risco teórico de virmos a ter casos de Ébola em Portugal é alto» e que isso está «fortemente associado ao posicionamento de Portugal como país integrante daquilo que se convencionou chamar Países de Língua Oficial Portuguesa». No parecer, os especialistas do colégio de saúde pública consideram ainda que Portugal não está preparado para lidar com o vírus do Ébola e que as autoridades têm emitido «mensagens de enganosa tranquilidade». |