Ébola: Diretor da OMS admite falta de financiamento para combater epidemia em África 07 de outubro de 2014 O diretor Regional para África da Organização Mundial de Saúde (OMS) afirmou hoje, no Porto, que a OMS «não tem o financiamento que deveria ter para intervir no caso de epidemias, por exemplo em África». Em declarações aos jornalistas, no final de uma conferência que proferiu sobre a epidemia provocada pelo vírus Ébola, na Universidade do Porto, Luís Sambo, admitiu que «se tivesse existido uma intervenção forte logo desde o início, as hipóteses de contenção teriam sido muito maiores». «Infelizmente, a vigilância não funcionou na aldeia em questão [na Guiné-Conacri] e fomos surpreendidos pela epidemia», disse, referindo que, neste momento, os países mais afetados são a Libéria e a Serra Leoa. Luís Sambo lembrou que a epidemia eclodiu «num meio muito pobre onde não existiam e não existem os meios para atender problemas de rotina e de saúde. E, sobretudo, problemas extraordinários como é o caso de uma epidemia». É uma situação que «exige meios especiais técnicos e tecnológicos que não estavam disponíveis na altura a começar pelo próprio sistema de vigilância de doenças da Guiné. O sistema de vigilância não funcionou a nível local, portanto houve uma apatia durante os primeiros meses de epidemia, que começou em dezembro e foi declarada no mês de Março», referiu. «Logo que tivemos a informação agimos, só que infelizmente esta epidemia é muito especial está a propagar-se de forma muito rápida, está a afetar muitos países ao mesmo tempo, inclusive as capitais, e tem um forte risco de propagação a nível mundial», acrescentou. Segundo o responsável, «foram registados até este momento cerca de 7.500 casos de infeção por vírus Ébola que provocaram cerca de 3.500 óbitos em todos os países afetados». De acordo com a “Lusa”, Luís Sambo disse ainda que a OMS está a «mobilizar as instituições de investigação médica no mundo para que acelerem os esforços», no que se refere a encontrar um medicamento que trave a doença. Até agora, esses esforços têm sido «insuficientes», afirmou. «Temos alguns produtos candidatos a vacinas que estão a ser testados, temos também alguns medicamentos experimentais que estão ainda em fase de investigação, mas temos esperança que com a aceleração deste processo de investigação e as necessidades que são prementes, o processo possa evoluir rapidamente e sem prejuízo para a qualidade dos produtos que serão produzidos daqui a algum tempo», acrescentou. O responsável admitiu que «no próximo ano, já possa haver novidades». Segundo uma nota emitida hoje pela Direção-geral da Saúde (DGS), citada pela “Lusa”, o dispositivo de coordenação para o vírus do Ébola «está a analisar os normativos existentes no âmbito da biossegurança, nomeadamente naquilo que se refere aos equipamentos de proteção individual (EPI) a utilizar pelos profissionais de saúde e ao contexto da sua utilização, bem como aos procedimentos laboratoriais». As autoridades estão ainda a equacionar o «reforço dos mecanismos de comunicação junto dos serviços de saúde e da população». Esta análise da DGS acontece depois de na segunda-feira ter sido confirmado que uma auxiliar de enfermagem espanhola foi contagiada com o vírus do Ébola. A profissional tinha atendido o missionário Manuel Garcia Viejo, vítima mortal de Ébola no dia 25 de setembro, num hospital madrileno. Quatro pessoas isoladas sob observação no Hospital Carlos III, em Madrid Quatro pessoas, incluindo a auxiliar de enfermagem contagiada pelo vírus do Ébola, estão atualmente isoladas e sob vigilância epidemiológica restrita no Hospital Carlos III em Madrid, segundo confirmaram fontes médicas espanholas. Segundo responsáveis de saúde espanhóis, cerca de 30 pessoas estão atualmente sob vigilância da doença, na sequência da confirmação do contágio da auxiliar de enfermagem que participou na equipa que cuidou das duas vítimas mortais espanholas, os dois missionários transferidos de África com o vírus. A auxiliar de enfermagem espanhola contagiada com o Ébola em Madrid na segunda-feira, o primeiro caso de contágio fora de África, está desde a madrugada de hoje isolada no hospital Carlos III, onde contraiu o vírus. Fontes médicas confirmaram que a enfermeira se encontra estável e com febre. Bruxelas pede explicações a Madrid sobre primeiro contágio fora de África A Comissão Europeia pediu hoje explicações a Madrid sobre o que falhou no primeiro caso de contaminação fora de África pelo vírus Ébola, que afetou uma auxiliar de enfermagem espanhola, avançou a “Lusa”. Segundo adiantou o porta-voz da Comissão Europeia para a Saúde, Frédéric Vincent, Bruxelas «enviou uma mensagem ao Ministério da Saúde espanhol para obter esclarecimentos» sobre a falha no sistema de prevenção que permitiu o contágio de uma auxiliar que tratou de dois missionários infetados com Ébola e que morreram, entretanto, num hospital de Madrid. «É evidente que houve um problema», salientou Vincent, acrescentando que a propagação do Ébola na Europa «continua a ser altamente improvável». Os governos nacionais aplicaram medidas preventivas – coordenadas por Bruxelas – para prevenir a entrada do vírus em território europeu, registando-se a primeira brecha em Espanha, na segunda-feira. Na quarta-feira, a reunião semanal do Comité de Segurança Sanitária será dedicada ao caso espanhol, esperando a Comissão Europeia já ter, então, informação detalhada de Madrid. |