Ébola: Doença já matou 2.811 pessoas em 5.864 casos 24 de setembro de 2014 A febre hemorrágica Ébola já causou 2.811 mortos na África Ocidental, em 5.864 casos, segundo o último balanço da Organização Mundial de Saúde (OMS). Os três países mais afetados pela doença são a Libéria, a Guiné-Conacri e a Serra Leoa. A atual epidemia de Ébola, a mais grave desde a identificação do vírus em 1976, partiu da Guiné-Conacri no final de dezembro de 2013. Desde então e até 18 de setembro, registaram-se 1.578 mortos na Libéria, em 3.022 casos. Na Guiné-Conacri, o vírus Ébola causou 632 mortos em 1.008 casos e na Serra Leoa morreram 593 pessoas das 1.813 infetadas. Entre o pessoal de saúde, já se registaram 186 mortos em 348 infetados. Na Nigéria, foram registados oito mortos em 20 casos, enquanto o Senegal tem um caso registado, cuja cura foi anunciada pelas autoridades senegalesas a 10 de setembro. Uma outra epidemia de Ébola, distinta da que atinge a África Ocidental, já matou 41 pessoas em 68 casos no noroeste da República Democrática do Congo, desde que apareceu a 11 de agosto e até 18 de setembro, segundo dados divulgados na segunda-feira pela OMS. De acordo com a agência das Nações Unidas, só é possível dizer que não há transmissão do vírus do Ébola num país »42 dias após o último caso registado». A doença atinge uma taxa de mortalidade de cerca de 70 por cento, segundo um estudo divulgado ontem pela OMS, indicou a “Lusa”. Diretor da OMS para África diz que epidemia avança “exponencialmente” O diretor regional da Organização Mundial de Saúde (OMS) para África, Luís Gomes Sambo, afirmou ontem que a epidemia de Ébola está a avançar exponencialmente e que só nos três países mais afetados já matou 2.788 pessoas. «A epidemia avança a um ritmo exponencial. Neste momento continuamos a registar um aumento de casos, sobretudo nos três países, Serra Leoa, Libéria e Guiné [Conacri]», disse Luís Gomes Sambo, em Luanda. O responsável da OMS falava durante as XVIII Jornadas técnico-científicas da Fundação Eduardo do Santos, onde traçou o estado da Saúde em África, nomeadamente a progressão da epidemia do Ébola na África Ocidental. «A situação é grave. É considerada atualmente como uma tragédia humana. A epidemia incidiu sobre países com sistemas de Saúde muito frágeis», admitiu Luís Gomes Sambo, também médico angolano. Recordou que a epidemia foi anunciada a 21 de março último, após confirmação laboratorial, mas que os primeiros casos sobre «uma doença estranha», numa aldeia da Guiné Conacri, surgiram em dezembro de 2013. Contudo, a OMS só foi oficialmente notificada a 13 de março, tendo enfrentado, nas semanas seguintes, uma falsa situação diminuição dos casos participados no país de origem. «Algumas populações na Guiné estavam a esconder os casos das pessoas infetadas com o vírus Ébola. Estavam, algumas delas, a negar a existência da doença, outras não faziam confiança nos serviços de Saúde, nos agentes de Saúde. E, assim, a notificações de casos diminui. Foi uma falsa informação que tivemos», reconheceu o responsável da OMS para África. De acordo com os números apresentados por Luís Gomes Sombo, «rapidamente» a febre hemorrágica alastrou à Serra Leoa e à Libéria, países que por si só já contabilizam 4.775 casos de infetados por Ébola. «Onde a situação evoluiu de tal forma que neste momento é mais grave até do que na Guiné», apontou, referindo-se à situação daqueles dois países. No total, acrescentando a Guiné Conacri, o Ébola já matou nestes três países 2.788 pessoas. Já na Nigéria e no Senegal apontou a situação como controlada. Apontou ainda que uma epidemia de Ébola, desde o surgimento do primeiro caso em 1976, «nunca demorou tanto tempo como esta». Um outro surto, com origem na província do Equador, na República Democrática do Congo, país vizinho de Angola, já infetou 71 pessoas e provocou 40 óbitos. De acordo com o responsável para África, a OMS assume-se ainda preocupada com as infeções em meio hospitalar, com Luís Gomes Sambo a sublinhar que 193 profissionais de saúde já morreram, num total de 356 casos identificados. EUA: Poderá haver mais de um milhão de infetados em janeiro Mais de um milhão de pessoas poderão ser infetadas com Ébola até janeiro, se não aumentarem os esforços para deter a doença na África Ocidental, alertaram ontem os Centros de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC) norte-americanos. Numa conferência de imprensa na cidade de Atlanta, no sul dos Estados Unidos, as autoridades sanitárias explicaram que entre 550.000 e 1,4 milhões de pessoas poderão ser contagiadas nos países mais afetados, se não forem adotadas mais medidas para impedir a propagação da febre hemorrágica, cuja taxa de mortalidade é de 90%. As projeções dos CDC baseiam-se num relatório elaborado em agosto último, antes de o Governo norte-americano ter aprovado o envio de 3.000 soldados para a África Ocidental, onde já morreram pelo menos 2.800 pessoas por causa do vírus do Ébola. |