Ébola: Epidemia causou mais de 1.900 mortos e 3.500 infetados 04 de setembro de 2014 Mais de 1.900 pessoas morreram devido ao vírus do ébola, segundo um novo balanço da Organização Mundial de Saúde (OMS) sobre a epidemia que está a atingir a África Ocidental.
«De acordo com o último balanço desta semana, temos conhecimento de 3.500 casos [de infeção] confirmados na Guiné-Conacri, Serra Leoa e Libéria e de mais de 1.900 mortes», disse ontem à imprensa a diretora geral da OMS, Margaret Chan.
A responsável, que falava em Washington, acrescentou que «a epidemia está a crescer.
Os números revelados mostram um forte aumento da mortalidade, depois de na semana passada a organização ter dado conta de 1.552 mortes em 3.069 infeções.
O número de mortes provocadas por esta epidemia, sem precedente após a aparição do vírus em 1976, ultrapassa assim a totalidade de vítimas mortais de todos os surtos anteriores.
Falando numa conferência de imprensa, Margaret Chan também disse esperar que a transmissão do vírus poderá ser travada em seis a nove meses graças à resposta internacional.
«Com uma resposta internacional coordenada, a mobilização de fundos e a vinda de especialistas técnicos, esperamos travar toda a transmissão entre seis a nove meses», disse, citada pela “Lusa”.
Comentando o roteiro, divulgado na semana passada, para combater esta epidemia, a responsável explicou que nos países onde o surto é mais intenso – Guiné-Conacri, Libéria e Serra Leoa –, a OMS «quer reverter a tendência de infeção em três meses».
Quanto ao Senegal e à República Democrática do Congo, onde já se registaram casos isolados de ébola, «pretendemos parar a transmissão localizada em oito semanas», precisou Chan.
População guineense aponta fragilidades de medidas de prevenção do vírus
Habitantes das regiões do leste da Guiné-Bissau estão preocupados com as «fragilidades de medidas» de prevenção do vírus Ébola na zona onde acusam as autoridades de deixarem entrar pessoas provenientes da Guiné-Conacri a troco do suborno.
A preocupação foi relatada ontem pelo correspondente da “Radiodifusão Nacional” (“RDN”, emissora estatal) citando casos de pessoas que entraram nos últimos dias na fronteira de Burumtuma, localidade guineense situada a escassos metros da Guiné-Conacri.
«Um oficial militar que estava em serviço na Guiné-Conacri violou a fronteira e entrou na Guiné-Bissau, em Burumtuma, onde alugou uma viatura para Gabu, dando boleia a uma senhora, os dois mais o motorista vieram até Gabu», contou o correspondente da “RDN”, Adulai Bobo Cissé.
Segundo o jornalista, em Bafatá, numa outra cidade do leste, populares estão a relatar situações de entrada de pessoas na fronteira a troco do pagamento de dez mil francos CFA «de suborno» aos guardas fronteiriços que as deixam passar, contrariando as orientações do Governo.
Confrontado com a situação pela Agência “Lusa”, o diretor-geral da promoção e prevenção da Saúde Pública, Nicolau Almeida, disse desconhecer os dois casos, mas lembrou ser da competência dos serviços de segurança a vigilância do fecho da fronteira decretada pelo Governo.
As duas pessoas e o oficial militar que viajaram de Burumtuma até Gabú encontram-se em quarentena num espaço fora do hospital regional, adiantou o jornalista Bobo Cissé.
«Depois de uma comunicação das Guardas Fronteiras em Burumtuma as três pessoas foram interpeladas pelas autoridades em Gabu que as meteu em quarentena num espaço fora do hospital regional de Gabu», disse o jornalista Cissé.
A direção diz não ter espaço suficiente no hospital, adiantou ainda o jornalista.
Nicolau Almeida entende não ser grave o facto de as pessoas terem sido colocadas numa casa desde que não tenha mais pessoas a viver no mesmo espaço.
Também esclareceu que não constitui perigo o facto de as pessoa terem vindo de um país onde haja doença desde que não apresente sinais de infeção com o vírus Ébola.
O jornalista da “RDN” assinala que os três indivíduos não apresentaram sinais de infeção segundo foi informado pelos responsáveis da Saúde.
Os populares não concordam com a alegação do diretor-geral da promoção e prevenção da Saúde Pública.
«Esta quarentena que não é quarentena é preocupante. Do lado de trás da casa onde foram colocados há lá um mercado improvisado de venda de cabras. Há 20 metros de distância há um local onde se vende comida e bebida», relatou ao microfone de Bobo Cissé um popular de Gabú.
Um outro popular diz que a casa onde as três pessoas foram colocadas «de quarentena» não tem água potável, não tem casa de banho e as janelas dos quartos não têm vidros de isolamento.
Uma outra voz afirma que os indivíduos até recebem visitas de familiares.
«Estamos em pânico», acrescentou a mesma voz que pede a intervenção do Governo central.
«Noutras partes do mundo a quarentena é feita em locais distantes de aglomerados populacionais, mas aqui não é assim», disse um outro popular que conta ainda ser frequente ver aquelas pessoas a tomarem “warga” (um chá).
«Ainda ontem (terça-feira) vi aquelas pessoas que se dizem de quarentena aqui fora a tomarem “warga”. Aquela gente não está de quarentena», defendeu o popular. |