Ébola: Epidemia está fora de controlo em algumas regiões da Libéria – OMS 450

Ébola: Epidemia está fora de controlo em algumas regiões da Libéria – OMS

14 de Agosto de 2014

A epidemia de Ébola está «fora de controlo» nas zonas mais distantes da capital liberiana, devido à negação da doença por parte dos pacientes e também aos enterros tradicionais, alertou ontem um especialista da Organização Mundial da Saúde (OMS) na Libéria.

«O Ébola é uma doença contra devemos lutar unidos. Não há como negá-la. A negação está a prejudicar os esforços para combater a enfermidade», disse o assessor para o controlo do Ébola da OMS, Clement Peters, em declarações a emissora de rádio da Missão das Nações Unidas na Libéria (UNMIL).

Por isso, o responsável apelou aos cidadãos a informarem as autoridades sanitárias sobre os possíveis casos de Ébola, assim que aparecerem os primeiros sintomas.

«A negação é o pior, porque as crianças estão a morrer e precisamos nos proteger», acrescentou, citado pela “Lusa”.

Peters também explicou que os enterros tradicionais – o que implica contacto direto com os cadáveres – estão a provocar um grande número de contágios e mortes em muitos locais do país.

Neste sentido, pediu a colaboração dos líderes comunitários para explicar e sensibilizar a população sobre como enterrar os corpos, com o objetivo de evitar a propagação da epidemia.

No entanto, alguns líderes e residentes das zonas distantes de Monróvia denunciaram a mesma rádio que as autoridades não estão a responder aos seus pedidos de ajuda para tratar alguns pacientes com os sintomas de Ébola.

Prova disso, explicaram, seria que em algumas povoações os corpos das vítimas, que supostamente morreram de Ébola, estão empilhados nas ruas.

Em sinal de protesto contra esta situação, alguns moradores usaram os corpos para bloquear as estradas, algo que segundo o ministro da Defesa da Libéria, Brownie Samukai, é contra a lei.

A OMS, que declarou a epidemia como uma «emergência pública internacional», referiu que necessita de 100 milhões de dólares para combater este surto sem precedentes.

O surto de Ébola que assola a África Ocidental superou a barreira dos mil mortos, com 1.013 vítimas mortais e 1.848 casos, de acordo com o último balanço da Organização Mundial de Saúde.


Guiné-Conacri declara «emergência de saúde nacional»

O Presidente da Guiné-Conacri, Alpha Condé, decretou ontem o estado «emergência de saúde» no país devido à epidemia do vírus Ébola, durante uma declaração feita na televisão pública guineense.

«A Organização Mundial de Saúde decretou o estado de emergência pública de saúde de alcance internacional contra a doença provocada pelo vírus Ébola. Considerando que a Guiné é signatária da constituição da OMS, eu declaro uma emergência de saúde nacional contra a doença do vírus Ébola na República da Guiné», declarou o Presidente durante a intervenção.

De acordo com a agência noticiosa “AFP”, o chefe de Estado anunciou ainda um novo conjunto de medidas que já entraram em vigor.

Epidemia pode cortar 2% à economia dos países mais afetados

A epidemia do vírus Ébola pode cortar dois pontos ao crescimento da economia da Libéria, Serra Leoa e Guiné-Conacri, os países mais afetados, segundo um estudo da consultora Teneo Intelligence, divulgado na quarta-feira pela agência “Bloomberg”.

De acordo com os cálculos dos analistas desta consultora com sede em Nova Iorque, os custos económicos imediatos da epidemia que assola principalmente estes três países da África Ocidental podem chegar ao equivalente a dois pontos percentuais do Produto Interno Bruto (PIB).

Apesar de nenhuma mina ter sido ainda encerrada, o fecho significaria um abrandamento ainda maior do crescimento, disse a consultora, sublinhando que estes Estados «são muito dependentes de ajuda externa» e que um agravamento da epidemia pode resultar no fecho das operações.

Os exemplos dos efeitos da epidemia que já matou mais de mil pessoas para as empresas e para a economia sucedem-se, desde o abandono das terras por parte dos agricultores até ao adiamento dos planos de expansão da ArcelorMittal, a maior fabricante de aço do mundo, para a Libéria, até ao adiamento de uma emissão de títulos de dívida pública na Serra Leoa e a suspensão da exportação de borracha da Libéria pela empresa da Costa do Marfim Sifca.