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Ébola: Epidemia ganha terreno enquanto comunidade internacional promete ajuda

13 de Agosto de 2014

A África Ocidental está a esforçar-se para não ceder ao pânico diante da epidemia de Ébola, apesar dos mais de mil mortos provocados pelo surto e a falta de meios disponíveis, enquanto a comunidade internacional promete fornecer ajuda.

A autorização para se usar tratamentos ainda experimentais representa alguma esperança.

Entretanto, só irá se beneficiar destes tratamentos um punhado de pessoas, uma gota de água em relação às centenas ou mesmo milhares de pacientes identificados com a doença.

«Temos que evitar o pânico e o medo, é possível travar o Ébola», disse o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, qua anunciou na terça-feira a nomeação de um coordenador das Nações Unidas para o Ébola, o médico britânico David Nabarro, especialista em epidemias.

«O Ébola já foi contido em outras partes e nós poderemos fazer isso também aqui», disse Ban Ki-moon, citado pela “Lusa”.

«Nos próximos dias, a ONU vai intensificar os seus esforços para combater a epidemia», prometeu o secretário-geral da ONU, citando o envio de equipas médicas e de material de proteção.

A Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) anunciou a morte de um dos seus funcionários em Lagos, ascendendo a três o número de vítimas mortais na Nigéria, o país mais populoso de África.

As três vítimas são um liberiano, que chegou ao país em fins de julho, e duas outras pessoas contaminadas por ele.

A Presidência da Libéria precisou que o soro experimental norte-americano ZMapp – que deu resultados positivos nos dois norte-americanos contaminados no país, mas que não salvou um padre espanhol, que morreu na terça-feira – só será administrado a dois médicos liberianos, Zukuni Ireland e Abraham Borbor, e será enviado nas próximas 48 horas.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) «aprovou o nosso pedido para que o medicamento ZMapp esteja à disposição na Serra Leoa e na Libéria», declarou Sidi Yahya Tunis, porta-voz do Ministério da Saúde da Serra Leoa, acrescentando que espera uma resposta do fabricante nas próximas 48 horas.

Em contrapartida, a Guiné-Conacri não poderá beneficiar do soro para já, disse à agência “AFP” uma fonte governamental.

A sociedade farmacêutica norte-americana que elaborou o ZMapp anunciou na segunda-feira ter expedido a totalidade das doses disponíveis para a África Ocidental, sem precisar o país, assegurando que o tratamento será fornecido «gratuitamente em todos os casos».

Face à epidemia de Ébola, um comité de especialistas reunidos pela OMS julgaram, na terça-feira, «ético oferecer estes tratamentos não homologados, apesar da eficácia ainda não ser conhecida, assim como os seus efeitos secundários, como tratamento potencial ou a título preventivo».

O Presidente da Serra Leoa, Ernest Bai Koroma, lançou um apelo à comunidade internacional com o objetivo de arrecadar 13,5 milhões de euros que faltam para financiar a lutar contra a epidemia.

Na mesma região, a Guiné-Bissau anunciou o encerramento das fronteiras com a Guiné-Conacri, «até nova ordem», segundo o primeiro-ministro Domingos Simões Pereira.

O surto de Ébola que assola a África Ocidental superou a barreira dos mil mortos, com 1.013 vítimas mortais e 1.848 casos, de acordo com o último balanço da Organização Mundial de Saúde.

OMS apela para aplicação de recomendações

A Organização Mundial de Saúde (OMS) está a apelar para a aplicação das recomendações divulgadas como melhor forma de combater o surto do vírus Ébola na África ocidental, disse hoje à “Lusa” em Genebra um porta-voz da organização.

Comentando o fecho das fronteiras da Guiné-Bissau com a Guiné Conacri, Tarik Jasarevic disse que «os países podem considerar diferentes medidas para prevenir a propagação do vírus adaptadas aos seus casos particulares, mas o melhor é aplicar as recomendações anunciadas pela OMS».

A OMS declarou na sexta-feira o surto de Ébola como emergência pública de saúde de alcance internacional e recomendou medidas excecionais para deter a propagação do vírus, que desde março já provocou mais de mil mortos.

O porta-voz da OMS citou a necessidade de controlos sanitários e o reforço de infraestruturas de saúde, particularmente nos países com transmissão ativa do Ébola – Guiné Conacri, Libéria, Serra Leoa e Nigéria.

A OMS apela ainda para que os Estados fronteiriços proporcionem acesso a diagnósticos e garantam intervenção rápida e adequada de técnicos de saúde.

Interrogado sobre a capacidade dos países afetados para combater a epidemia, o porta-voz da OMS lembrou que a região tem uma história recente de guerra, com a consequente debilitação das infraestruturas de saúde e salientou a necessidade de apoiar esses países com «equipamento e formação de pessoal médico».