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Ébola: Epidemia já matou 31 pessoas na República Democrática do Congo

02 de setembro de 2014

O surto da epidemia de Ébola na República Democrática do Congo (RDC) já vitimou 31 pessoas na província de Equateur, segundo informação pelo ministro da Saúde Pública congolês, Félix Kabange Numbi, hoje consultada pela “Lusa”.

De acordo com a mesma informação, as autoridades sanitárias da RDC registaram, entre 28 de julho e 29 de agosto, um total de 53 casos, dos quais 13 confirmados em laboratório, 19 prováveis e 21 suspeitos de Ébola.

O último balanço, feito na semana anterior, identificava 13 mortes por Ébola no país.

Nesta altura está ainda a ser monitorizada a situação de 185 pessoas que tiveram contacto com doentes infetados por Ébola, disse o ministro citado pela imprensa do país.

Félix Kabange Numb refere que a situação naquela província está sob controlo, face às medidas de contingência adotadas pelo Governo, que disponibilizou 1 milhão de dólares (760 mil euros) para o Plano de Resposta à epidemia do Ébola.

Este é já o sétimo surto da doença no país.

Segundo informação anteriormente enviada à “Lusa” pela delegação de Kinshasa da Organização Mundial de Saúde (OMS), o «epicentro da epidemia» está na localidade de Lokolia, a cerca de 1.200 quilómetros da capital.

Neste cenário, aquela organização assegura que está a «reforçar a presença técnica» no país, «enviando especialistas em várias áreas para a região».

Estão igualmente em curso campanhas para a sensibilização da população e apoio psicossocial que incluem familiares e vítimas deste surto de Ébola.

De acordo com a OMS em Kinshasa, as autoridades congolesas estão a promover o «isolamento e gestão de casos» detetados, a «desinfestação» das casas e «reforço das capacidades nacionais para fazer face à epidemia».

A evolução da situação na RDC está a ser seguida com especial atenção em Angola, que através de sete províncias partilha uma fronteira de cerca de 1.500 quilómetros com aquele país.

A presença do Ébola no país vizinho colocou automaticamente Angola no grupo de países com risco «moderado a alto» de infeção.

As autoridades sanitárias angolanas admitem que o país está em «alerta» mas garantem não foi detetado qualquer caso suspeito. Estão igualmente a «redobrar» e a «acelerar» a mobilização de equipas para o controlo, alerta e vigilância sanitária, nomeadamente nos postos de fronteira a norte.

De acordo com o Executivo, a forte movimentação de pessoas com a RDC já obrigou à adoção de «medidas preventivas», nomeadamente ao nível da vigilância das fronteiras, com agentes de segurança e militares munidos de elementos de biossegurança.

ONU: Epidemia dificulta colheitas, faz disparar preços dos alimentos

A epidemia de Ébola, que impõe quarentenas às populações dos três países da África ocidental mais atingidos, dificulta as colheitas e faz disparar os preços dos alimentos, alertou hoje a ONU.

Na Guiné-Conacri, Libéria e Serra Leoa, as zonas de quarentena e as restrições de deslocações de pessoas «limitaram seriamente o movimento e a comercialização dos alimentos. Esta situação levou a compras ditadas pelo pânico, penúrias alimentares e preços inflacionados de certos produtos, particularmente, nos centros urbanos», indicou, em comunicado, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).

Os mecanismos de supervisão da FAO emitiram um «alerta especial», pois a situação agravou-se devido à falta de mão de obra e dado que se aproximam duas grandes campanhas agrícolas na região, a do arroz e a do milho, «pondo em perigo a segurança alimentar de um elevado número de pessoas».

Os três países são importadores de cereais, principalmente a Libéria, «o mais dependente do fornecimento externo», sublinhou a FAO.

Em Monrovia, o preço de alguns alimentos disparou, como é o da mandioca, base da alimentação e cujo preço «aumentou 150% nas primeiras semanas de agosto», indicou.

Para responder às necessidades alimentares imediatas, o Programa Alimentar Mundial (PAM) lançou uma operação de emergência, a nível regional, durante a qual deverá distribuir 65.000 toneladas de alimentos a cerca de 1,3 milhões de pessoas, de acordo com a organização.

A FAO insistiu na necessidade de avaliar rapidamente as «medidas suscetíveis de atenuar o impacto da falta de mão de obra durante o período de colheita e para as atividades depois da colheita».

A doença do vírus Ébola, para a qual não existe tratamento, nem vacina, causou mais de 1.550 mortos em 3.069 casos registados pela Organização Mundial de Saúde (OMS), até 26 de agosto.