Ébola: Médica norueguesa está curada – Médicos Sem Fronteiras Noruega 21 de outubro de 2014 A médica norueguesa que ficou infetada com o vírus do Ébola numa missão na Serra Leoa está curada, anunciou ontem a Médicos Sem Fronteiras (MSF) da Noruega, organização para a qual a profissional de saúde trabalha, noticiou a “Lusa”. «Estamos muito felizes por saber que a nossa colega está curada», declarou o porta-voz da MSF Noruega, Jonas Haagensen, à agência “France Presse”. Um pouco antes, o hospital universitário de Oslo tinha informado que a paciente ia sair de uma unidade especial de isolamento onde esteve confinada desde o seu repatriamento da Serra Leoa a 7 de outubro. «É uma notícia muito boa», indicou Haagensen, que disse falar com o acordo da médica, mas se escusou a dar mais pormenores. As autoridades hospitalares e a MSF Noruega têm prevista uma conferência de imprensa para as 17:00 (16:00 em Lisboa). Terceiro paciente tratado em Emory, nos EUA, já teve alta Um terceiro paciente infetado com o vírus Ébola foi tratado no hospital Emory, perto de Atlanta, na Geórgia, no sudeste dos Estados Unidos, e teve alta hospitalar no domingo, anunciou ontem o centro hospitalar. O doente, um americano que preferiu manter o anonimato, «não tem mais sinais do vírus e abandonou o hospital para um local não identificado», precisou o hospital num comunicado, citado pela “Lusa”, acrescentando que fará uma declaração mais tarde. Os dois pacientes que tinham sido anteriormente tratados neste hospital, um médico e uma enfermeira-auxiliar missionária, também contaminados na Libéria, tiveram alta hospitalar a 19 e 21 de agosto, respetivamente. Um quarto doente, um enfermeiro contaminado no hospital de Dallas, no Texas, que tratava o paciente liberiano, Thomas Eric Duncan, falecido em 08 de outubro, foi transferido de Emory a 15 de outubro. O hospital não precisou pormenores sobre o seu estado de saúde. MNE dos 28 pedem a Bruxelas orientações comuns para pontos de entrada Os responsáveis pela diplomacia europeia pediram ontem à Comissão Europeia para preparar protocolos e respostas comuns para os Estados-membros aplicarem nos pontos de entrada nacionais, face à epidemia de Ébola. No texto de conclusões do Conselho de Ministros dos Negócios Estrangeiros da UE, citado pela “Lusa”, os 28 sublinham «a importância de serem realizadas mais consultas com vista à coordenação de medidas nacionais nos pontos de entrada», pedindo a Bruxelas para que proponha «protocolos e procedimentos comuns» que considere apropriados. Os ministros apelam ainda aos Estados-membros para que considerem a possibilidade de usar «os sistemas de informação sobre vistos e ainda dados fornecidos pelas transportadoras aéreas», de modo a antecipar a chegara de potenciais doentes infetados com o vírus da febre hemorrágica. Na Bélgica, começaram ontem a ser rastreados os passageiros oriundos de países atingidos pelo Ébola, a exemplo do que já sucede no Reino Unido e em França. ONU: Exemplo de Cuba e Venezuela na luta contra a doença devia ser seguido O secretário-geral da ONU apelou ontem à comunidade internacional para seguir o exemplo da Aliança Bolivariana para os Povos da América (ALBA) na luta contra o Ébola, destacando o trabalho desenvolvido por Cuba e pela Venezuela nesta matéria, avançou a “Lusa”. «Exortamos a todos os países da região e de todo o mundo a seguir a liderança da ALBA, particularmente de Cuba e da Venezuela, que deram um exemplo louvável com a sua rápida resposta de apoio aos esforços para travar o Ébola», escreveu Ban Ki-moon, numa mensagem divulgada ontem durante a sessão de abertura de uma cimeira, promovida por Havana e Caracas, para debater esta doença que já matou milhares de pessoas na África Ocidental. O coordenador da ONU para a luta contra o Ébola David Navarro, que viajou até Havana na qualidade de enviado especial de Ban Ki-moon, leu a mensagem no início da cimeira extraordinária, que está a reunir na capital cubana representantes e mandatários dos países que integram a ALBA. Os representantes de Antigua & Barbados, Bolívia, Cuba, República Dominicana, Equador, Nicarágua, Santa Lucia, San Vicent & Granadinas, Venezuela e Haiti, na qualidade de convidado permanente, pretendem debater a coordenação da prevenção e da luta contra o Ébola. Também estão em Havana representantes de Granada e de San Cristóbal & Nieves, cuja integração na organização regional já foi aprovada. Na mesma mensagem, o secretário-geral da ONU realçou que o Ébola é «um grande problema global que exige uma resposta global maciça e imediata», manifestando ainda a sua satisfação pela realização deste encontro. Ban Ki-moon elogiou, em particular, «a resposta extraordinária» das autoridades cubanas, que enviaram no início deste mês um grupo de 165 médicos e enfermeiros para combater o surto do vírus do Ébola na Serra Leoa. O Presidente cubano, Raul Castro, anunciou ontem, durante a mesma cimeira, que na terça-feira outro grupo de 91 profissionais da saúde vai viajar para a Libéria e a Guiné-Conacri, outros dois países que estão no epicentro da epidemia. Após a divulgação desta informação, a ONU sublinhou que Cuba, no total, «terá enviado 255 profissionais para a linha da frente na África Ocidental». «Isto é mais do que foi enviado pelos Médicos Sem Fronteiras ou pela Federação Internacional da Cruz Vermelha, mais do que foi enviado pelos Estados Unidos, pelo Reino Unido, mais do que foi enviado pela China», destacou Ban Ki-moon, na mesma mensagem. A diretora-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Margaret Chan, também enviou uma mensagem de vídeo aos países participantes na cimeira em Havana. A responsável insistiu que o bloco regional (ALBA) está a fazer «a coisa certa», recordando que qualquer país com um aeroporto internacional está em risco face a esta crise «implacável» e «grave». Margaret Chan fez ainda questão de alertar que os meios de proteção contra o vírus são importantes, mas que não são «infalíveis» e que é importante prevenir possíveis erros. EUA valorizam apoio cubano, mas evitam dizer se colaboram com país na luta Os Estados Unidos reconheceram e valorizaram na segunda-feira a «contribuição significativa» de Cuba na luta contra o Ébola na África Ocidental, mas evitaram comentar a oferta de colaboração entre os dois países no combate à doença. «Reconhecemos e apreciamos essa contribuição [de Cuba]», disse a porta-voz adjunta do Departamento de Estado, Marie Harf, numa conferência de imprensa, citada pela “Lusa”, acrescentando: «o facto de um país tão pequeno estar a fornecer tantos recursos, mais do que muitos outros países, é francamente uma contribuição significativa». O Presidente de Cuba, Raúl Castro, anunciou na segunda-feira que mais duas brigadas sanitárias partiriam hoje, terça-feira, para a Libéria e Guiné-Conacri, para ajudar na luta contra o Ébola. Cuba já enviou para os países afetados 165 profissionais e pretende enviar mais quase 300, enalteceu na semana passada o secretário de Estado norte-americano John Kerry. No último sábado o líder cubano Fidel Castro escreveu num artigo que Cuba teria «prazer» em colaborar com os Estados Unidos na luta contra o Ébola, algo que oficialmente não merece comentários por parte dos norte-americanos, de relações cortadas com Cuba há mais de 50 anos. Marie Harf não afastou esse diálogo mas disse desconhecer se o Governo norte-americano está aberto a ele e pediu tempo para se informar. A organização Agora Cuba, que defende mais flexibilidade nas relações entre os dois países, já criticou a «falta de clareza» da resposta do Departamento de Estado à oferta de Castro. «Com o crescente medo do Ébola no país, os Estados Unidos serão muito míopes se não põem de lado as suas diferenças e aceitam Cuba como um aliado contra esta crise de saúde pública», disse o diretor da Agora Cuba. |