Ébola: Medicamento contra doença parecida testada com sucesso em macacos 527

Ébola: Medicamento contra doença parecida testada com sucesso em macacos

21 de Agosto de 2014

Uma equipa de investigadores canadianos garante ter salvado macacos infetados com o vírus de Marburgo, após três dias de medicação contra a febre hemorrágica que é relacionada com o vírus do Ébola, refere a revista “Science Translational Medicine”.

De acordo com a publicação científica, a droga, denominada TKM-Marburg, foi desenvolvida pela farmacêutica canadiana Tekmira para tratar o vírus de Marburgo, doença que teve epicentro em Angola, entre 2004-2005, e que matou mais de 90 por cento das pessoas infetadas.

Os pesquisadores usaram a TKM-Marburg contra Marburgo em 16 macacos Reso (Macaca mulatta) divididos em quatro grupos que receberam, cada, um tratamento em tempos diferentes: entre 30 e 45 minutos, ou até três dias após a infeção.

«Todos os macacos tratados, incluindo os que receberam drogas três dias após a exposição, mais ou menos o equivalente a seis dias de uma infeção humana, sobreviveram, enquanto quatro animais não tratados morreram», refere o estudo, citado pela “Science Translational Medicine”.

O autor da investigação Thomas Geisbert, um microbiologista da Universidade do Texas Medical Branch em Galveston, assegurou que esta é a primeira experiência do género e destacou a potencialidade da droga no combate ao Ébola, doença que a Organização Mundial da Saúde (OMS) decretou recentemente como «emergência internacional».

Contudo, Thomas Geisbert assinalou que a única forma de confirmar a infeção do Marburgo ou Ébola em seres humanos é esperar alguns dias até que o vírus atinja níveis detetáveis no sangue da pessoa, apontou a “Lusa”.

A droga Tekmira usa pedaços de material genético – pequenos RNAs de interferência, ou siRNAs – para interromper a capacidade de autorreplicação do vírus de Marburgo, atrasando, assim, o curso da infeção.

Recentemente, a empresa canadiana testou a nova medicação em seres humanos e, em março, a agência norte-americana FDA, que regula o setor de alimentos e medicamentos nos Estados Unidos, deu sinal verde à companhia para desenvolver o remédio TKM-Ébola.

Mais de uma centena de médicos vão controlar fronteiras na Guiné-Conacri

Cerca de uma centena de médicos e de voluntários da Guiné-Conacri dirigem-se hoje para as fronteiras com a Libéria e a Serra Leoa no âmbito do estado de emergência decretado devido à epidemia da febre hemorrágica Ébola.

Por outro lado, o presidente guineense, Alpha Condé, que decretou o estado de emergência no passado dia 13, recebeu na quarta-feira representantes de agências da ONU e de empresas aéreas para os tranquilizar acerca das medidas tomadas no aeroporto de Conacri (quatro companhias, em nove, suspenderam os voos), segundo um comunicado da Presidência.

No total, 105 médicos (civis e militares) e voluntários foram apresentados na quarta-feira à imprensa no Ministério da Saúde.

«É necessário que qualquer pessoa, guineense ou estrangeira, que viva fora das nossas fronteiras e deseje entrar no nosso país seja examinada com rigor», afirmou o ministro da Saúde, o coronel médico Rémy Lamah.

«Vocês são os soldados de saúde, os soldados da segurança sanitária da Guiné-Conacri», adiantou o ministro, salientando tratar-se de «uma missão do Estado».

A missão termina a 31 de dezembro, mas para já os agentes são deslocados por três meses renováveis «se a situação não estiver totalmente sob controlo», explicou Sakoba Kéita, diretor para a prevenção e a luta contra a doença no Ministério da Saúde.

No total, foram identificados 41 postos de entrada e de controlo ao longo daquelas fronteiras.

Desde o início deste surto, em março, o Ébola matou 1.350 pessoas, principalmente na Guiné-Conacri, onde teve início o surto, na Libéria e na Serra Leoa e, em menor escala, na Nigéria.