Ébola: Militares portugueses no Mali preparados para riscos da epidemia 464

Ébola: Militares portugueses no Mali preparados para riscos da epidemia

27 de outubro de 2014

Os militares portugueses em missão no Mali, país que na sexta-feira registou o primeiro caso confirmado de Ébola, foram previamente preparados para os riscos e receberam informação sobre as medidas de proteção a adotar, segundo o Estado-Maior das Forças Armadas.

Os 47 militares portugueses receberam informação sobre a epidemia do Ébola e sobre os procedimentos sanitários a ter para a preservação da segurança individual e coletiva antes de partirem para aquele país, no final de agosto, disse à “Lusa” o porta-voz do Estado-Maior das Forças Armadas.

O Mali registou na sexta-feira o primeiro caso confirmado de Ébola, numa menina chegada da Guiné-Conacri e colocada em quarentena na localidade de Kayes, anunciou na sexta-feira o Ministério da Saúde, em comunicado.

Questionado pela “Lusa”, a mesma fonte disse que o nível de risco «continua igual ao avaliado no início da missão», que decorre até final de novembro, numa zona fronteira com a Guiné Conacri, país que declarou uma epidemia de Ébola em dezembro passado.

Os militares portugueses são também acompanhados por uma equipa sanitária, chefiada por um oficial médico, adiantou a mesma fonte, sublinhando que a força militar «está preparada e focada no cumprimento da missão».

Médicos: Portugal deve ir buscar doentes, mesmo estrangeiros, para os tratar

O colégio da especialidade de Medicina Tropical defende que Portugal deve ir buscar doentes com Ébola a qualquer país que «o solicite», mesmo de outras nacionalidades, para serem tratados em Portugal.

De acordo com “Lusa”, esta é uma de três linhas de ações equacionadas por estes especialistas num parecer solicitado pela Ordem dos Médicos, para controlar e eliminar o surto de Ébola em África.

«A melhor maneira de combater o risco é eliminar o problema na fonte. Se o surto de Ébola for controlado e eliminado em África, mais ninguém no mundo, incluindo Portugal, tem de se preocupar com casos importados», consideram.

Neste âmbito, estes especialistas defendem que Portugal tenha «preparadas equipas que, a qualquer momento que tal seja necessário, possam ir buscar doentes infetados, ou supostamente infetados, a qualquer país que o solicite, trazendo-os para serviços previamente preparados para os receber em Portugal – e não apenas doentes portugueses -, mas também de outras nacionalidades, conforme as necessidades».

Outra medida defendida neste parecer sugere a participação de Portugal «na ajuda que a Europa está a preparar para os três países afetados da África Ocidental», através do envio de profissionais de saúde portugueses para o terreno, valorizando assim a sua experiência e dando-lhes mais prática para lidar com a doença.

O documento refere ainda a importância de Portugal colaborar com os países lusófonos mais em risco de introdução da doença: primeiro a Guiné-Bissau e, depois, Cabo Verde.

Sobre a forma como Portugal está preparado para enfrentar eventuais casos de Ébola, estes especialistas consideram que o sistema de saúde está «agora um pouco mais razoavelmente preparado», embora falte ainda algum equipamento de segurança, particularmente importante nos serviços de urgência de Lisboa e Porto, e treino.

No entanto, reconhecem que o risco de casos de Ébola é alto, mas o risco de epidemia é baixo.

Na mesma linha avança o parecer do colégio de doenças infecciosas, que considera que o risco calculado para Portugal implica «a necessidade de todas as instituições e de todos os profissionais de saúde estarem informados, preparados e cumprirem as orientações sucessivamente atualizadas pela Direção-Geral da Saúde quanto aos procedimentos recomendados».

«Com os meios adequados e se todas as medidas estiverem acauteladas, não vemos no nosso país razões epidemiológicas ou outras para que a doença se comporte de modo diferente do que tem acontecido no mundo ocidental».

Na posse destes pareceres, o bastonário da Ordem dos Médicos concluiu que «há ainda muito trabalho por fazer, quer em termos de preparação e treino, quer em termos de gestão do processo».

UE/Cimeira: Medidas de combate ao Ébola são adequadas – Passos Coelho

O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, considerou na sexta-feira adequadas as medidas adotadas no Conselho Europeu para ajudar o combate ao vírus Ébola e lembrou a ajuda que Portugal dá à Guiné-Bissau em matéria de prevenção.

«As decisões que tomámos, no Conselho Europeu, estão de acordo com o grau de ameaça que enfrentamos», disse Passos Coelho.

Segundo a “Lusa”, o primeiro-ministro lembrou que Portugal tem «desenvolvido esforços para que, por exemplo, a Guiné-Bissau, que está perto da região afetada pela epidemia, possa defender-se o melhor possível preventivamente», nomeadamente disponibilizando meios técnicos.

A União Europeia decidiu aumentar para mil milhões de euros o financiamento ao esforço de combate à epidemia de Ébola, tendo os Estados-membros assumido ainda o compromisso de aumentar o destacamento de pessoal médico e de apoio para a região afetada pelo vírus.
Passos Coelho destacou ainda a nomeação do novo comissário para a Ajuda Humanitária, o cipriota, Christos Stylianides, como coordenador da resposta da UE à epidemia de Ébola.