Ébola: Missionário espanhol infetado com o vírus 22 de setembro de 2014 O governo espanhol anunciou que irá repatriar da Serra Leoa um missionário infetado com o vírus Ébola, o segundo caso registado de um espanhol desde o início do surto. As análises feitas a Manuel Garcia Viejo, de 69 anos, diretor de um hospital em Lunsar, na Serra Leoa, «deram positivo [em relação ao Ébola]», tendo o missionário «expressado desejo de ser transferido para Espanha», refere um comunicado divulgado pelo ministério da Saúde espanhol, citado pela “Lusa” A ministra da Saúde, Ana Mato, reuniu-se com representantes dos ministérios dos Negócios Estrangeiros e da Defesa «para tratarem da transferência». Durante o recolher obrigatório, que esteve em vigor até domingo, cerca de 30.000 voluntários andaram de casa em casa a identificar as pessoas doentes, a distribuir 1,5 milhões de sabonetes e a informar os cidadãos sobre as medidas para prevenir o Ébola, explicou o Governo em comunicado. Em agosto, um padre espanhol de 75 anos tornou-se no primeiro europeu a morrer devido ao vírus do Ébola no atual surto. Miguel Pajares foi infetado na Libéria, onde trabalhava com doentes. Franceses testam antiviral japonês contra o Ébola na Guiné-Conacri em novembro O Instituto francês de Saúde e Investigação Médica (Inserm) vai testar o antiviral japonês favipiravir (Avigan), um dos tratamentos experimentais contra o vírus Ébola, na Guiné-Concacri, no próximo mês de novembro, segundo um dos especialistas. O ensaio clínico vai começar, no início de novembro, com cerca de 60 doentes na Guiné, precisou Jean-François Delfraissy que dirige o Instituto de Microbiologia e Doenças Infecciosas do Inserm, numa entrevista publicada no jornal “Le Monde”, citada pela “Lusa”. «Vamos testar o efeito de dosagens elevadas desta molécula sobre o homem, os seus efeitos sobre a carga viral e a mortalidade», acrescentou. Não existe atualmente nenhum tratamento homologado para lutar contra o vírus Ébola que atinge atualmente, de forma violenta, quatro países da África ocidental, no pior surto registado desde sempre. Existem diversos tratamentos experimentais em todo o mundo, mas estes produtos não estão, geralmente, disponíveis, em grandes quantidades. Entre estes encontra-se o favipiravir, um antiviral contra a gripe homologado em março pelo Japão, mas que pode ter também efeitos sobre o Ébola, apresentando como principal vantagem o facto de poder ser administrado sob a forma de comprimidos, mais fáceis de usar em zonas com infraestruturas de saúde precárias. Um porta-voz da empresa japonesa Toyama Chemical, uma filial da Fujifilm, que desenvolveu o antiviral, assegurou em agosto que as reservas eram suficientes para mais de 20 mil pessoas. Recolher obrigatório termina com a descoberta de 70 novas vítimas As autoridades da Serra Leoa deram ontem por terminado o recolher obrigatório de 72 horas que foi aplicado a toda a população do país, e que permitiu a descoberta dos cadáveres de 70 novas vítimas do vírus Ébola na capital, avançou o “Diário Económico”. «A resposta das equipas médicas melhorou, e focos capazes de enterrar 70 cadáveres», que teriam transmitido o vírus, afirmou o vice-chefe dos serviços médicos do país, Sarian Kamara. Já na Libéria, o governo anunciou que irá expandir de 250 para 1.000 camas o espaço disponível para atender a novas vítimas do vírus, sendo esperado um aumento da intensidade do mesmo. 40 mortos na República Democrática do Congo O vírus Ébola matou 40 pessoas numa zona remota do noroeste da República Democrática do Congo onde a doença está a ser «controlada», disseram na noite de sábado as autoridades congolesas. Lambert Mende, ministro porta-voz do Governo, sublinhou que desde o início do surto foram já identificados como suspeitos ou confirmados desde 11 de agosto em Boende, localidade no noroeste do país a cerca de 800 quilómetros da capital. Segundo a “Lusa”, O mesmo responsável salientou que nos últimos 10 dias não foi confirmado qualquer caso, considerando que o surto está a caminho de ser controlado. Este ano é a sétima vez que a República Democrática do Congo é assolada pelo Ébola, conhecida desde 1976. Para as autoridades congolesas e para a Organização Mundial de Saúde, o caso do Congo é distinto do que afeta a África Ocidental e que já custou a vida a mais de 2.500 pessoas desde o início do ano. Soldados norte-americanos na Libéria não terão contacto com doentes Os soldados norte-americanos que serão deslocados para a Libéria, um dos países mais afetados pela epidemia de Ébola, «não terão contacto direto» com doentes infetados pelo vírus, assegurou um porta-voz do Pentágono, citado pela “Lusa”. Os três mil soldados a serem deslocados para a Libéria para participar na luta contra a epidemia terão equipamentos de proteção, mas «não está previsto que terão contacto direto com os doentes», disse o contra-almirante John Kirby. A Libéria é o país mais afetado pela epidemia, que já matou mais de 2.600 pessoas na África Ocidental, segundo o último balanço da Organização Mundial de Saúde (OMS). O primeiro avião de carga militar norte-americano chegou a Monróvia na passada quinta-feira, com equipamentos e sete membros a bordo. São esperados mais dois aviões, com 45 pessoas, no fim de semana. Esta pequena equipa irá estabelecer um quartel-general para o major-general Darryl Williams, que irá supervisionar a missão dos Estados Unidos para treinar trabalhadores de saúde locais e criar instalações médicas adicionais. O Pentágono pediu cerca de mil milhões de dólares (cerca de 780 milhões de euros) ao Congresso norte-americano para os esforços para combater o surto. Obama revelou o envio de tropas para a África Ocidental no início desta semana, apelando para uma ação global urgente para evitar a propagação do vírus de forma «exponencial». OMS apela a manutenção dos esforços para travar epidemia A Organização Mundial de Saúde (OMS) apelou para que se mantenham os esforços para conter a epidemia de Ébola em África, após o assassínio de oito pessoas na Guiné-Conacri que ensinavam a população a prevenir a doença, revelou a agência “Lusa”. «Estas mortes devem ser investigadas, mas não devem deter-nos no nosso diálogo com as comunidades. Devemos continuar a explicar-lhes o nosso trabalho e a demonstrar empatia pelas vítimas, as suas famílias e a comunidade», disse o médico Pierre Formenty, especialista da OMS para o Ébola. «De outro modo, não será possível que nos escutem e não se poderá controlar o surto», adiantou o epidemiólogo, que regressou a Genebra após um mês na Libéria a trabalhar para deter a propagação do vírus. O ataque contra a equipa de sensibilização – que incluía pessoal de saúde e jornalistas e cujos corpos foram encontrados na passada quinta-feira – ocorreu numa aldeia próxima da localidade de Nzerekore, no sudeste da Guiné-Conacri, onde foi identificado pela primeira vez, em março, o atual surto de Ébola. «As populações das zonas rurais sofrem muito e não confiam nos governos», referiu Formenty, adiantando que o incidente «mostra a complexidade» do que se enfrenta para travar a epidemia. Os elementos da equipa foram «mortos friamente pelos aldeões de Womé», disse à agência “France Presse” (AFP) o porta-voz do governo Albert Damantang Camara. O tenente Richard Haba, da polícia militarizada local, referiu à “AFP” que os habitantes da aldeia «suspeitavam que os membros da equipa de sensibilização vinham matá-los, porque, segundo eles, o Ébola é uma invenção dos brancos para matar os negros». A febre hemorrágica do Ébola já causou 2.630 mortos em 5.357 casos registados na África Ocidental, segundo o último balanço da OMS. Na Guiné-Conacri, registaram-se 601 mortes em 942 casos. |