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Ébola: Morreu médico da Serra Leoa internado nos Estados Unidos

18 de novembro de 2014

O médico da Serra Leoa infetado com o vírus do Ébola e em tratamento nos Estados Unidos morreu, informou ontem, num comunicado citado pela “Lusa”, o Nebraska Medical Center, o hospital onde estava internado após o seu repatriamento do país africano.

«Informamos com imensa lástima que o terceiro paciente que tratámos por Ébola, o doutor Martin Salia, morreu devido aos sintomas muito avançados da doença», indicou o estabelecimento, que no domingo já tinha admitido que se encontrava «gravemente doente».

«Apesar dos esforços heroicos, a doença estava demasiado avançada para que pudesse ser salvo», lamentou o hospital, que anunciou uma conferência de imprensa para a tarde de ontem.

Martin Salia, residente nos Estados Unidos e que trabalhava no hospital Connaught em Freetown, foi o primeiro cidadão da Serra Leoa infetado com o Ébola a ser repatriado para os EUA, onde já foram tratadas nove pessoas, que na sua maioria contraíram a doença em África.

O Nebraska Medical Center, especialmente equipado para o tratamento de doentes atingidos pelo vírus, já tinha assistido dois pacientes com Ébola, que sobreviveram.

«O doutor Salia estava num estado extremamente crítico quando aqui chegou e não houve possibilidade de o salvar», comentou o médico Phil Smith, diretor da unidade especializada do centro.

Segundo o hospital, Martin Salia sofria de deficiência renal e respiratória quando chegou aos Estados Unidos.

Colocado sob diálise e respirador artificial, e com tratamentos para ajudar o seu organismo a combater o vírus, também recebeu desde sábado plasma de um doador não identificado e que recuperou da doença, sendo ainda ministrado com ZMapp, um soro experimental ainda não testado em ensaios clínicos.

«Utilizámos os tratamentos disponíveis para garantir todas as hipóteses de sobrevivência ao doutor Salia», acrescentou Phil Smith. «Como já verificámos, é essencial o tratamento atempado destes doentes».

Cabo Verde levanta quarentena aos navios provenientes da Serra Leoa

Os dez barcos provenientes da Serra Leoa, que estavam de quarentena ao largo da ilha cabo-verdiana de Santa Luzia para despistar qualquer caso do vírus Ébola, começaram a ser libertados pelas autoridades sanitárias cabo-verdianas.

Segundo a imprensa cabo-verdiana de ontem, citada pela “Lusa”, os navios, com 109 tripulantes a bordo e pertencentes à companhia chinesa de pesca China National Fisheries Corporation (CNFC), começaram a sua aproximação ao cais do Porto Grande do Mindelo, na ilha de São Vicente, para inspeções médicas.

As autoridades não encontraram quaisquer casos suspeitos do vírus Ébola nos tripulantes.

A Serra Leoa, com a Libéria e Guiné-Conacri, um dos países da África Ocidental mais afetados pela doença.

Com o fim da quarentena, as embarcações de pesca de pavilhão chinês poderão dirigir-se aos estaleiros navais da Cabnave para manutenção.
Esta foi a segunda vez que Cabo Verde colocou barcos provenientes da Serra Leoa de quarentena para despistar casos de Ébola, depois de o primeiro caso ter acontecido em agosto.

Depois de 21 dias, Cabo Verde levantou a quarentena, mas sem detetar qualquer caso da doença.