Ébola: Novo balanço da OMS regista 6.583 mortos em 18.188 casos 15 de dezembro de 2014 A epidemia de febre hemorrágica Ébola na África Ocidental já fez 6.583 mortos, num total de 18.188 casos identificados nos três países mais afetados, anunciou na sexta-feira a Organização Mundial de Saúde (OMS), segundo a “Lusa”. De acordo com o novo balanço da organização das Nações Unidas, com dados recolhidos até 10 de dezembro, a Serra Leoa tinha registado até essa data 8.069 casos e 1.899 mortos. No dia anterior, o balanço era de 8.014 casos e 1.857 mortos. Na Libéria, que durante vários meses foi o país mais afetado pela epidemia, a propagação do vírus tem vindo a abrandar. A 07 de dezembro, a Libéria contabilizava 3.222 vítimas mortais, em 7.765 casos. Dias antes, a 03 de dezembro, o país registava 7.710 casos, dos quais 3.177 foram mortais. Na Guiné-Conacri, onde os primeiros sinais do atual surto surgiram em dezembro de 2013, foram registados, até à passada quarta-feira, 1.462 mortos, em 2.354 casos identificados. A par dos três países mais afetados, o balanço de vítimas mortais manteve-se inalterado: seis no Mali, uma nos Estados Unidos e oito na Nigéria. No Senegal e em Espanha, países que registaram, respetivamente, apenas um caso e que foram declarados como livres do vírus do Ébola, não foram verificadas vítimas mortais. A OMS indicou ainda que, ao longo do atual surto, 639 profissionais de saúde foram infetados, dos quais 349 morreram. O atual surto de Ébola é o mais grave e prolongado desde que o vírus foi descoberto, em 1976. A OMS decretou, a 08 de agosto, o estado de emergência de saúde pública. Voluntário em ensaio clínico otimista com resultados de vacina O professor em medicina tropical e humanitária François Chappuis, voluntário nos ensaios clínicos sobre o Ébola, considerou, em declarações à “Lusa”, em Genebra, que a vacina constitui uma «grande esperança» para o combate à doença. «A vacinação é claramente portadora de grandes esperanças», disse à “Lusa” François Chappuis, responsável de medicina tropical e humanitária nos Hospitais Universitários de Genebra (HUG). A epidemia de Ébola começou há perto de um ano e já infetou cerca de 16.000 pessoas e fez perto de 7.000 vítimas mortais, essencialmente na África ocidental. A gravidade da epidemia motivou o médico a participar nos ensaios clínicos: «Queremos investir numa estratégia inovadora porque a doença está fora de controlo», disse. O investigador foi um dos últimos voluntários a participar nos ensaios clínicos antes de serem suspensos por causa de efeitos secundários, nomeadamente dores em articulações. Por isso, os investigadores «preferiram suspender o recrutamento de novos voluntários» para avaliar a frequência e gravidade dos efeitos secundários. No entanto, o médico não está preocupado com estes problemas, salientando que «estas artrites reacionais são benignas». François Chappuis considera também que a epidemia não tinha chegado à situação catastrófica de hoje se os países mais desenvolvidos se tivessem envolvido no seu combate. «É uma situação catastrófica ver que esta epidemia escapou ao controlo. Se fosse identificada a tempo e levada a sério desde o início, não estaríamos na situação atual», disse. A monitorização dos voluntários que receberam a vacina de teste será mantida por um período de 24 semanas, até que haja uma decisão sobre o avanço dos ensaios clínicos, segundo o serviço de comunicação dos HUG. UNICEF intensifica esforços no combate, incluindo a ajuda aos órfãos O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) disse no sábado que está a intensificar os esforços para combater o Ébola, incluindo a ajuda aos milhares de órfãos devido ao vírus na África Ocidental. A agência da ONU indicou ter já recebido 200 milhões de dólares (160 milhões de euros), adiantando que estima precisar de mais 300 milhões de dólares (240,6 milhões de euros) nos próximos seis meses. O orçamento alargado permitiria, entre outras, a ajuda a muitas das cerca de 10.000 crianças que perderam um ou os dois pais devido à doença, disse a porta-voz da UNICEF Sarah Crowe. «Trata-se do restabelecimento dos laços familiares, de reconstituir, reunir crianças com a família alargada», declarou aos jornalistas em Genebra. Perto de 6.550 pessoas morreram desde o início do ano devido à epidemia, centrada na Serra Leoa, Libéria e Guiné-Conacri. Os fundos também permitirão à agência ajudar a combater os dois principais propulsores do Ébola, falta de isolamento precoce dos doentes e enterros inseguros, e a fortalecer os sistemas de saúde dos países mais afetados, disse Crowe. |