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Ébola: OMS adverte que epidemia continua a ser muito preocupante

26 de Janeiro de 2015

A Organização Mundial de Saúde (OMS) disse na sexta-feira que o combate contra a epidemia do vírus Ébola continua a ser extremamente difícil e que a situação mantém-se muito preocupante, advertindo contra falsos otimismos.

«Faço esta analogia. Há seis meses na cama estavam duas cobras e ninguém podia deitar-se. Agora só há uma cobra, mas isso não significa que podemos apagar a luz e dormir», afirmou, numa conferência de imprensa, Bruce Aylward, diretor-geral adjunto da OMS e responsável pela resposta operacional à epidemia, citado pela “Lusa”.

Após mais de seis meses, o combate contra a epidemia que afeta alguns países da África Ocidental – Guiné Conacri, Libéria e Serra Leoa -, deu alguns frutos. Pela primeira vez desde que começou o surto, os três países registaram, durante quatro semanas seguidas, um decréscimo dos casos de contágio.

Nos últimos 21 dias (o período de incubação do vírus é de aproximadamente três semanas) foram contabilizados 463 casos, incluindo casos suspeitos e prováveis, na Serra Leoa, 109 casos na Guiné Conacri e 21 casos na Libéria, «o que constitui uma redução substancial, uma tendência muito bem-vinda», referiu Bruce Aylward.

«No entanto, estamos preocupados porque esta diminuição pode originar uma certa indolência e isso é o pior risco. O objetivo deve ser unicamente a redução dos casos a zero», reforçou o representante da OMS.

Atualmente, um dos aspetos mais preocupantes é que só 50% das infeções registadas têm origem numa lista de contactos, o que significa que existem muitos núcleos de transmissão que são desconhecidos.

Outros dos aspetos preocupantes, segundo Bruce Aylward, é o facto de existir uma forte transmissão nas capitais dos três países, situação que está a dificultar o controlo do contágio, dado o grande número de pessoas e as constantes movimentações, a falta de controlo social e a migração.

Em termos globais, 21.296 pessoas foram infetadas com o Ébola desde o início deste surto, há cerca de um ano, tendo 8.429 delas morrido, de acordo com os dados mais recentes divulgados pela OMS.

OMS reconhece que foi lenta a responder à epidemia

A Organização Mundial de Saúde (OMS) reconheceu hoje que foi lenta a responder à epidemia de Ébola e que tal deve servir de lição para o futuro.

Na abertura da reunião de emergência consagrada à reestruturação do combate contra a doença, a diretora da OMS, Margaret Chan, estimou que apesar de uma pausa na evolução da epidemia não há «espaço para complacência», sublinhando que o progresso contra a doença pode ser rapidamente perdido.

Reconheceu que a OMS foi lenta a responder à epidemia do Ébola e apelou a uma maior mobilização da organização.

«A África Ocidental foi confrontada com a sua primeira experiência do vírus… O mundo, incluindo a OMS, têm sido demasiado lentos para ver o que estava a acontecer à nossa frente», acrescentou Margaret Chan perante os delegados da organização, que se encontraram para a terceira reunião urgente da história da entidade.

«A tragédia do Ébola ensinou o mundo inteiro, incluindo a OMS, a prevenir-se contra esta situação no futuro», sublinhou, afirmando que «o mundo imprevisível dos micróbios reserva surpresas».

Por isso, «o mundo não deverá ser apanhado de surpresa», apontou Chan, que apelou a uma maior vigilância mundial em relação à doença e mais recursos financeiros para comentar o Ébola.

Depois de ter sido detetado, em dezembro de 2013, mais de 9.000 pessoas sucumbiram ao vírus, na sua maioria em apenas três países de África: Libéria, Guiné e Serra Leoa.