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Ébola: OMS alerta para risco de aumento com imigração ilegal de países afetados

24 de outubro de 2014

Peritos da Organização Mundial da Saúde (OMS) alertaram ontem em Genebra para o risco das proibições de viajar de pessoas procedentes dos países afetados pelo Ébola poderem ser contraproducentes e provocar o aumento sem controlo da imigração ilegal, avançou a “Lusa”.

«Uma proibição generalizada provavelmente provocará prejuízos económicos e, consequentemente, o aumento da migração descontrolada de pessoas dos países afetados, aumentando o risco de uma propagação internacional» do vírus, alertou o Comité de Emergência da OMS.

Esta foi a terceira reunião desde o início da crise e realizou-se antes do previsto face ao aumento de casos de Ébola nos três países mais afetados da África Ocidental (Guiné-Conacri, Serra Leoa e Libéria) e dos contágios importados em Espanha e Estados Unidos.

Da reunião saiu ainda a reafirmação de que o Ébola continua a ser uma «emergência internacional».

A OMS decretou, no passado dia 08 de agosto, o estado de emergência de saúde pública mundial.
Dados divulgados quarta-feira pela OMS referem que cerca de dez mil pessoas estão infetadas com o vírus Ébola, praticamente todas na África Ocidental, e que quase metade delas já morreu.

Surto deve estar controlado até fim do ano, diz Presidente da Serra Leoa

O Presidente da Serra Leoa, Ernest Bai Koroma, estimou ontem que a epidemia de Ébola esteja «controlada» no país até ao final deste ano, durante uma entrevista à estação britânica “ITV News”, citada pela “Lusa”.

«Acredito que até ao final do ano seremos capazes não de eliminar, mas de conter o vírus Ébola», disse Ernest Bai Koroma, acrescentando: «O surto de Ébola foi anunciado em maio e isso era novo para todos nós. Não estamos sozinhos nesta luta. Fomos aconselhados pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que nos disse o que fazer, temo-nos aconselhado com eles e penso que atuámos de forma apropriada».

A luta contra o surto de Ébola, o pior já registado, continua a ser uma emergência de saúde global, disse ontem a OMS.

Os países africanos comprometeram-se a enviar mais de mil trabalhadores da área da saúde para lutar contra a epidemia de Ébola nos três países da África ocidental mais afetados pela doença – Libéria, Serra Leoa e Guiné-Conacri -, disse ontem, em Freetown, a presidente da Comissão da União Africana, Nkosazana Dlamini-Zuma.

Além destes três países africanos, o vírus já causou também mortes na Nigéria, Estados Unidos e Espanha.

O primeiro caso de contágio fora de África foi detetado, no início do mês, em Espanha e estão seis pessoas internadas em observação num hospital de Madrid.

Vários países estão a impor restrições à circulação de pessoas oriundas dos países mais atingidos pela epidemia e a introduzir postos de controlo sanitário nos aeroportos, para vigiar a febre, um dos primeiros sintomas da doença.

Existe também um outro surto de Ébola na República Democrática do Congo, que já causou 43 mortos, mas as autoridades médicas referem que não está relacionado com os casos na África Ocidental.

Guiné-Conacri vai indemnizar famílias de profissionais de saúde mortos

O governo da Guiné-Conacri vai indemnizar, com oito mil euros, cada família de um profissional de saúde que seja infetado, e acabe por morrer, na sequência do combate ao vírus Ébola, noticiou a “Lusa”.

O anúncio governamental passa à prática uma promessa feita recentemente por Alpha Condé, chefe de Estado do país – um dos mais afetados pela epidemia.

Segundo o coordenador das operações de combate ao Ébola na Guiné-Conacri, Sakoba Keita, o executivo «vai começar a pagar os dez mil dólares [oito mil euros] prometidos pelo presidente da República aos familiares dos profissionais de saúde mortos em exercício de funções».

O coordenador apelou às famílias abrangidas que se dirijam às autoridades locais para apresentarem os certificados de óbito.

Mayor: Nova Iorque confirma primeiro caso

Um médico que regressou recentemente a Nova Iorque depois de tratar doentes com Ébola na África Ocidental contraiu o vírus, disse ontem o mayor da cidade nova-iorquina, Bill de Blasio, em conferência de imprensa.

Segundo a “Lusa”, o médico foi colocado em isolamento, naquele que é o primeiro caso de Ébola diagnosticado em Nova Iorque e o quarto nos Estados Unidos.

O médico, de 33 anos, identificado pela imprensa norte-americana como Craig Spencer, trabalhou na África Ocidental ao serviço da organização Médicos Sem Fronteiras.

«Os testes a um paciente na cidade de Nova Iorque confirmaram o resultado positivo ao vírus Ébola», disse Bill de Blasio.

O mayor e o governador de Nova Iorque, Andrew Cuomo, procuraram tranquilizar os oito milhões de habitantes, ao afirmarem que o contágio do Ébola era extremamente difícil de ocorrer.

«Queremos declarar desde já que não há razão para os nova-iorquinos ficarem alarmados. O Ébola é uma doença extramente difícil de contrair. É apenas transmitida através do contacto com o sangue ou fluídos corporais de uma pessoa infetada», disse Bill de Blasio.

As autoridades informaram que o doente concluiu o seu trabalho na Guiné Conacri a 12 de outubro e deixou o país da África Ocidental dois dias depois, via Europa.

O médico entrou nos Estados Unidos, pelo aeroporto JFK, em Nova Iorque, a 17 de outubro.

Mali com primeiro caso em menina chegada da Guiné-Conacri

O Mali registou o primeiro caso confirmado de Ébola, numa menina chegada da Guiné-Conacri e colocada em quarentena na localidade de Kayes, anunciou ontem o Ministério da Saúde, em comunicado.

Um caso suspeito de Ébola, «uma menina de 10 anos que veio de Kissidougou, na República da Guiné», chegou na quarta-feira a um hospital de Kayes e o teste do vírus Ébola «deu positivo», adiantou o Ministério.

Com o resultado da análise laboratorial, o Mali conhece ontem o seu primeiro caso importado do vírus Ébola, refere o comunicado, citado pela “Lusa”.

No mesmo, garante-se que a criança e todas as pessoas que estiveram em contacto com ela foram tratadas segundo as normas previstas e colocadas em quarentena.

O porta-voz do Ministério da Saúde, Markatchè Daou, contactado pela agência de notícias “France Press”, acrescentou que a menina chegou da Guiné-Conacri com a avó e que o caminho que percorreram estava identificado.

«A gestão foi automática (…). Todas as pessoas que estiveram em contacto com a menina são submetidas a vigilância médica», acrescentou.

De acordo com o comunicado, o Ministério da Saúde e Higiene Pública «tomou todas as medidas necessárias para evitar a propagação do vírus» pelo que pede à população para que fique tranquila.

No entanto, também aconselha as pessoas para que evitem viagens não necessárias para zonas da epidemia e para que sigam as medidas de higiene e segurança já publicitadas.

Em abril o Mali já tinha conhecido alguns casos suspeitos de Ébola, mas as análises não os confirmaram.

Kissidougou é uma região a sul da Guiné-Conacri, país que em dezembro declarou uma epidemia de Ébola, que depois se estendeu à Libéria e à Serra Leoa.