Ébola: OMS cria grupo trabalho com companhias aéreas e agências de viagens 413

Ébola: OMS cria grupo trabalho com companhias aéreas e agências de viagens

19 de Agosto de 2014

A Organização Mundial de Saúde (OMS) anunciou ontem a criação de um grupo de trabalho com as companhias aéreas e a indústria de turismo no sentido de unirem esforços para conter a propagação do vírus Ébola.

A agência da Organização das Nações Unidas (ONU) acrescentou estar a trabalhar em conjunto com a Organização de Aviação Civil Internacional, a Organização Mundial do Turismo, o Conselho Internacional de Aeroportos, a Associação Internacional de Transporte Aéreo e o World Travel and Tourism Council.

Fonte da OMS disse à agência “France Press” (AFP) que a decisão do organismo visa «acompanhar a situação e fornecer informações oportunas para o ramo de viagens e turismo assim como para quem viaja».

A primeira sessão do grupo de trabalho realizou-se a 13 de agosto, à porta fechada, acrescentou.

A 8 de agosto, a OMS declarou o estado de emergência de saúde pública mundial devido ao surto de Ébola, um vírus mortal e altamente contagioso, que se espalhou, desde o início do ano, da Guiné para a Libéria, Serra Leoa e Nigéria.

A OMS reitera que não recomenda qualquer proibição de viagens ou de comércio internacional devido ao ao surto de Ébola que já matou 1.145 pessoas e infetou mais de 2.100.

«O risco de transmissão do vírus do Ébola durante as viagens de avião é baixo», disse a mesma fonte, acrescentando que, ao contrário da gripe ou tuberculose, o Ébola não é transmitido pela respiração nem se propaga pela inalação de ar de pessoas contaminadas.

De qualquer forma, os viajantes são aconselhados a evitar todos esses contactos e a efetuarem as suas rotinas de higiene, designadamente a lavagem de mãos.

Segundo a “Lusa”, a OMS reafirmou ainda que os países afetados devem «realizar o rastreio de saída de todas as pessoas nos aeroportos internacionais, portos e principais cruzamentos em terra, por doença febril inexplicável consistente com potencial de infeção Ébola».

União Europeia suspende repatriamento de imigrantes para a Nigéria

A agência responsável pelo controlo das fronteiras da União Europeia decidiu suspender ontem os voos de repatriamento de imigrantes indocumentados para a Nigéria, um dos países com casos confirmados de vírus Ébola.

Ewa Moncure, porta-voz da Frontex, com sede em Varsóvia, capital da Polónia, disse à “AFP” que os voos de repatriamento co-organizados pela agência «estão suspensos sem data-limite», citou a “Lusa”.

Quatro pessoas já morreram na Nigéria, em sequência do vírus Ébola, que se transmite por contacto direto com sangue, fluidos ou tecidos de pessoas ou animais infetados, provocando febres hemorrágicas que, na maioria dos casos, são fatais.

«Alguns países [da UE], caso da Áustria, tomaram uma decisão semelhante», suspendendo os voos de repatriamento para países afetados pelo vírus Ébola, adiantou a porta-voz da Frontex.

Os voos de repatriamento são, na maioria dos casos, organizados pelos países onde os imigrantes em situação irregular são detetados, com a Frontex a co-organizar e co-financiar apenas cerca de dois por cento desses voos.

Em 2013, os países da UE repatriaram mais de 160 mil imigrantes em situação irregular, sobretudo para Albânia, Paquistão, Índia e Rússia.

17 doentes infetados continuam a monte na capital da Libéria

Os 17 doentes infetados com o vírus Ébola que escaparam de um centro de isolamento em Monróvia, capital da Libéria, continuam a monte, informaram as autoridades locais.

«Continuamos à procura dos 17 doentes que fugiram do centro, mas ainda não os encontrámos», confirmou ontem à “AFP” o ministro da Informação liberiano, Lewis Brown.

Na noite de sábado, homens armados com bastões e facas atacaram e pilharam o centro de isolamento, levando à fuga dos 17 doentes internados.

À “AFP”, Fallah Boima, mãe de um dos doentes em fuga, disse não ter tido notícias do filho desde o ataque.

Segundo relataram testemunhas, os assaltantes gritavam palavras de ordem hostis à Presidente liberiana, Ellen Johnson Sirleaf, que acusam de fabricar uma epidemia de Ébola no país.

«O pior é que aqueles que pilharam o centro levaram colchões e lençóis contaminados com fluidos dos doentes. Arriscamo-nos a estar perante uma situação difícil de controlar», reconheceu o ministro.

Nesse sentido, Lewis Brown, designado porta-voz para informações sobre a epidemia de Ébola na Libéria, admitiu a possibilidade de pôr em quarentena a zona de West Point, onde se situa o centro de isolamento atacado, instalado num liceu do bairro onde vivem cerca de 75 mil pessoas.

«Os criminosos que pilharam o centro já estarão todos, nesta altura, provavelmente infetados com o vírus Ébola. Pôr o bairro de quarentena poderá ser uma solução», frisou o ministro.

Autoridades moçambicanas seguem dezenas de pessoas provenientes da África ocidental

O ministro da Saúde de Moçambique, Alexandre Manguele, disse ontem em Maputo que as autoridades sanitárias moçambicanas estão a seguir dezenas de pessoas que chegaram ao país provenientes da África ocidental, para controlar eventuais casos de ébola.

Manguele apontou as medidas que o Ministério da Saúde de Moçambique está a implementar face ao risco de ébola, quando falava num seminário sobre a epidemia, que se realiza hoje na capital moçambicana.

«Já recebemos no país algumas pessoas que viajaram partindo dessas zonas afetadas. Mais de duas dezenas já desembarcaram no nosso Aeroporto Internacional. Os nossos colegas fizeram entrevistas a essas pessoas, foram identificados os seus locais residências e temos o seu contacto», disse o ministro moçambicano da Saúde.

«Foram dadas informações dos sinais e sintomas e da necessidade de nos comunicarem ao primeiro momento se algo de anormal acontecer. Vamos fazer o seguimento desses cidadãos por pelo menos 21 dias, para nos assegurarmos de que nada acontece», declarou o ministro moçambicano da Saúde.

Falando no seminário, o diretor nacional de Saúde Pública de Moçambique, Francisco Mbofana, considerou Moçambique um país de baixo risco de eclosão de ébola, referindo, contudo, que essa condição não deve levar à minimização da ameaça.

Segundo Mbofana, as autoridades moçambicanas conceberam o Plano de Prontidão e Resposta, colocando postos de vigilância epidemiológica nos pontos de entrada no país, condições de isolamento de pessoas suspeitas de estarem infetadas e disponibilização de equipamento de proteção para profissionais de saúde.

«As medidas que estamos a tomar não são isoladas, estão em conformidade com as recomendações feitas pela Organização Mundial da Saúde (OMS)», enfatizou o diretor nacional da Saúde Pública.