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Ébola: OMS declara epidemia «emergência mundial de saúde»

08 de Agosto de 2014

A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou hoje a epidemia de Ébola, registada na África Ocidental, onde já matou perto de mil pessoas, «emergência de saúde pública de carácter mundial».

A comissão de emergência da OMS, que se reuniu quarta e quinta-feira em Genebra, foi «unânime ao considerar verificarem-se as condições de uma emergência de saúde pública de carácter mundial».

«Uma resposta internacional coordenada é essencial para travar e fazer recuar a propagação mundial» do vírus do Ébola, sublinhou a comissão.

A diretora-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Margaret Chan, pediu hoje à comunidade internacional que ajude os países afetados a combater a epidemia de Ébola, a pior em quatro décadas.

Em conferência de imprensa, Chan afirmou que os países da África Ocidental mais atingidos pela epidemia – Libéria, Serra Leoa, Guiné-Conacri e Nigéria – «não têm meios para responderem sozinhos» à doença e pediu «à comunidade internacional que forneça o apoio necessário».

A OMS declarou hoje a epidemia, que já matou, desde março, 932 pessoas e infetou mais de 1.700, como «emergência de saúde pública de carácter mundial».

«Uma resposta internacional coordenada é essencial para travar e fazer recuar a propagação mundial» do vírus do Ébola, sublinhou a comissão de emergência sanitária da organização.

A comissão alertou que «os Estados devem estar preparados para detetar e tratar casos de Ébola» e «facilitar a retirada de cidadãos, em particular pessoal médico, que estiveram expostos ao vírus» da febre hemorrágica.

Medicamento experimental contra Ébola cria controvérsia ética

A decisão de usar um medicamento experimental para tratar dois americanos infetados com Ébola, enquanto quase mil africanos já morreram devido à doença, gerou controvérsia, mas peritos dos Estados Unidos afirmam que o uso foi eticamente justificado.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) anunciou quarta-feira que está a preparar uma reunião especial na próxima semana para debater o uso de drogas experimentais no combate à epidemia, após dois americanos terem sido tratados com um medicamento denominado ZMapp, tendo começado a apresentar melhorias depois de lhes ter sido ministrado o medicamento, que está ainda na fase de teste em animais.

Estas notícias levaram a vários pedidos de que o medicamento seja enviado para a Guiné-Conacri, Libéria e Serra Leoa, os países mais afetados pela epidemia.

Três peritos no ébola, incluindo Peter Piot, que co-descobriu o vírus em 1976 e é atualmente o diretor da Escola de Londres de Higiene e Medicina Tropical, pediram para que o medicamento seja rapidamente disponibilizado.

«É altamente provável que se o Ébola estivesse neste momento a espalhar-se em países ocidentais, as autoridades de saúde pública davam acesso a medicamentos e vacinas experimentais», lê-se no comunicado divulgado quarta-feira pelos três peritos, segundo o “Los Angeles Times”.

A Mapp Pharmaceuticals, a empresa americana que desenvolveu o medicamento, afirmou que qualquer decisão de usar o medicamento deve ser feita dando aos médicos que o administrem diretrizes regulatórias, e adicionou que está de momento a trabalhar para aumentar a sua produção.