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Ébola: OMS decreta mobilização internacional contra epidemia

08 de Agosto de 2014

A Organização Mundial de Saúde (OMS) decretou hoje a mobilização internacional contra a epidemia de febre hemorrágica Ébola, na África Ocidental, ao considerar o surto da doença «uma emergência de saúde pública de alcance mundial».

Perante o agravamento da situação, a OMS considerou necessária uma «resposta internacional coordenada» para travar e fazer recuar a propagação mundial do vírus Ébola, citou a “Lusa”.

A epidemia de Ébola já causou perto de mil mortos, desde o início do ano, em mais de 1.700 possíveis casos de infeção, sendo «a mais importante e a mais grave» em quatro décadas, sublinhou a organização das Nações Unidas.

A 4 de agosto, a OMS tinha registado 1.711 casos (1.070 confirmados, 436 prováveis, 205 suspeitos) e 932 mortes. Este é o maior surto de sempre da doença, desde que o vírus foi detetado, pela primeira vez, em 1976 no então Zaire, atual República Democrática do Congo.

A OMS não colocou de quarentena os quatro países afetados – Guiné-Conacri, Libéria, Serra Leoa e Nigéria – e, para não agravar a situação económica, pediu medidas de controlo nos pontos de saída e precauções especiais às companhias aéreas que continuam a viajar para a zona.

Algumas, como a British Airways e a Emirates Airlines, suspenderam os voos para a zona.

Esta é a terceira vez que a OMS cria um dispositivo de segurança deste tipo, como em 2009 para a epidemia da gripe das aves na Ásia, e, em maio passado, na sequência de novos desenvolvimentos no surto de poliomielite no Médio Oriente.

A OMS pediu a ajuda da comunidade internacional para estes países, «sem os meios necessários para responderem sozinhos» à epidemia.

Sem excluir restrições às viagens ou ao comércio internacionais, os «Estados devem preparar-se para detetar e tratar casos de doentes de Ébola» e «facilitar a retirada dos seus cidadãos, em particular pessoal médico, que tenham sido expostos» ao vírus.

A organização mundial pediu aos chefes de Estado dos países afetados que «decretem o estado de emergência», ao mesmo que devem «falar pessoalmente à nação» para informar as populações sobre a situação.

As pessoas que estiveram em contacto com doentes, à exceção do pessoal médico equipado com roupa protetora, não devem ser autorizadas a viajar e as tripulações de voos comerciais para países afetados devem receber formação e material médico de proteção para si e passageiros.

A OMS recomendou que todos os viajantes que saiam de países afetados sejam examinados nos aeroportos, portos e principais postos fronteiriços, mediante um questionário e a medição da temperatura. Os casos suspeitos devem ser impedidos de sair.

A organização mundial pediu aos Estados que garantam a realização de cerimónias fúnebres e enterros por pessoal especializado, que permita a presença da família e algumas práticas, sem esquecer as regras sanitárias em vigor, para reduzir o risco de contágio com Ébola.

As trasladações transfronteiriças de possíveis ou casos confirmados de Ébola devem ser proibidas, a menos que estejam salvaguardadas as cláusulas internacionais em termos de biosegurança.

Um país sem registo da doença deve tratar qualquer caso suspeito, ou contacto, ou zonas que registem mortes não explicadas devido a estados febris, como uma emergência sanitária, tomar medidas imediatas nas primeiras 24 horas para investigar e travar um surto de Ébola.

A Libéria e a Serra Leoa, já sob o estado de emergência, colocaram na quinta-feira de quarentena três cidades da zona contaminada, fechando algumas estradas e locais de lazer, num esforço para conter a epidemia.

Na quinta-feira, a Europa recebeu um primeiro doente de Ébola, um missionário espanhol contaminado, repatriado da Libéria. Antes, dois doentes tinham sido repatriados para os Estados Unidos, fazendo elevar o alerta sanitário para o nível máximo.