Ébola: OMS doa material de prevenção contra o vírus à Guiné-Equatorial – Governo 503

Ébola: OMS doa material de prevenção contra o vírus à Guiné-Equatorial – Governo

27 de Agosto de 2014

A Organização Mundial da Saúde (OMS), através do seu representante na Guiné Equatorial, fez uma doação de material de proteção contra o vírus do Ébola ao Governo equato-guineense, divulgou ontem o escritório governamental de imprensa e informação do país africano.

De acordo com o comunicado do Escritório de Imprensa e Informação da Guiné Equatorial, a doação pontual da OMS ao Ministério da Saúde e Bem-Estar Social aconteceu na sexta-feira e consiste em roupas especiais, botas de água, luvas, máscaras, óculos de proteção, avental e material diverso descartável, entre outros.

O ato de doação contou com a presença do ministro da Saúde, Diosdado Vicente Nsue Milang.

O ministro agradeceu à OMS pela doação e revelou que começou a chegar material específico adquirido pelo próprio Governo da Guiné Equatorial para a prevenção da doença.

O material comprado pelo Governo consiste em duas ambulâncias para a transferência de possíveis pacientes, duas câmaras termográficas para os aeroportos internacionais de Malabo e Bata, que servirão para detetar se o enfermo teve febre 72 horas antes, e termómetros laser para todas as fronteiras do país.

Realizou-se também, de acordo com a nota, a compra de mais material de proteção em grandes quantidades e oito hospitais ambulatórios.

Segundo o comunicado, todo este material terá custado ao Governo da Guiné Equatorial mais de 600 milhões de francos (914 mil euros), segundo fontes do Ministério da Saúde, que já está a trabalhar na formação de pessoal para este programa de prevenção.

Durante o seu discurso, o ministro Nsue Milang recordou que, tanto em Malabo como em Bata, já existem quartos de isolamento para possíveis casos de Ébola.

Desde a deteção do surto, no início de março – o início da epidemia terá sido em dezembro de 2013 -, quatro países da África Ocidental foram atingidos, Guiné-Conacri, Libéria, Serra Leoa e Nigéria.

A OMS está ainda por confirmar casos de Ébola na República Democrática do Congo.

A Guiné-Equatorial fica muito próxima destes países, fazendo nomeadamente fronteira com a Nigéria.

Atualmente, o balanço de mortos devido ao vírus Ébola é de 1.427 casos, além dos 2.615 infetados, apontou a “Lusa”.

No entanto, a OMS reconhece que esta estatística não reflete a realidade e subestima a dimensão do surto pelo que está a tentar obter números mais próximos do que realmente ocorre.

Ministros da Libéria que não regressaram ao país foram demitidos

A Presidente da Libéria demitiu os membros do governo que desafiaram a ordem da chefe de Estado e não regressaram ao país, que enfrenta uma epidemia de Ébola, anunciou o gabinete de Ellen Sirleaf.

A presidente disse aos ministros do governo de Monróvia que se encontravam no estrangeiro para regressarem à Libéria, tendo concedido o prazo de uma semana para o regresso.

Para a chefe de Estado é preciso o envolvimento dos governantes para fazer cumprir o plano de emergência necessário para a «sobrevivência do Estado», no contexto da epidemia.

Passageiros com febre à chegada ao aeroporto de Luanda passam a quarentena

Os passageiros que entrarem em Angola através do aeroporto internacional de Luanda com sintomas de febre vão ficar em quarentena, como forma de despistar eventuais casos de Ébola, informou ontem a diretora provincial de Saúde.

De acordo com Rosa Bessa, no aeroporto internacional 4 de Fevereiro, em Luanda, já funciona em permanência uma equipa de saúde para inspeção dos passageiros, agora munida de sensores de temperatura tendo em conta que um dos principais sintomas do Ébola é a febre.

«Aqueles casos que chegarem ao país com febre, detetada por estes sensores, terão de ser encaminhados para quarentena e fazer-se uma investigação», explicou a diretora provincial de Saúde de Luanda, Rosa Bessa.

Angola passou a integrar o grupo de países com risco «moderado a alto» de infeção por Ébola, depois de casos confirmados na República Democrática do Congo (RDCongo), avançou na segunda-feira à “Lusa” a Diretora Nacional de Saúde Pública angolana.

«Até há uma semana, Angola era considerada como um país de baixo-médio risco. Neste momento entra para o grupo de países com risco moderado a alto, porque tem um país vizinho com a epidemia confirmada», explicou Adelaide de Carvalho, referindo-se à classificação internacional sobre a propagação da doença.

As autoridades sanitárias angolanas estão agora a «redobrar» e a «acelerar» a mobilização de equipas para o controlo, alerta e vigilância sanitária, nomeadamente nos postos de fronteira a norte.

A evolução da propagação do Ébola por vários países do continente africano e as medidas de proteção adotadas em Angola foram analisadas hoje pela Comissão para a Política Social do Conselho de Ministros, que decorreu sob orientação do vice-presidente da República, Manuel Vicente.

«Temos de estar mais atentos à movimentação de pessoas, mas não entrar em pânico», defendeu o ministro da Saúde, José Van-Dúnem, no final desta reunião, a propósito dos sintomas da infeção por Ébola, que podem ser reconhecidos pela população.

De acordo com o Executivo, a forte movimentação de pessoas com a RDCongo – Angola, através de sete províncias, partilha uma vasta fronteira terrestre com aquele país – já obrigou à adoção de «medidas preventivas». Nomeadamente ao nível da vigilância das fronteiras, com agentes de segurança e militares munidos de elementos de biossegurança.

BAD: Epidemia poderá custar até 1,5% do PIB dos países afetados

A epidemia do vírus Ébola poderá custar entre 1% e 1,5% do Produto Interno Bruto (PIB) dos países da África Ocidental afetados pelo surto, segundo o Banco Africano de Desenvolvimento (BAD).

Globalmente, o Ébola vai «provavelmente custar 1% ou 1,5% do PIB dos países da União do Rio Mano», organização que integra a Libéria, a Serra Leoa e a Guiné-Conacri, «países que começavam a recuperar dos difíceis anos de crise, das guerras civis das décadas de 1960, 1980 e 1990», referiu hoje o presidente do BAD, Donald Kaberuka, numa conferência de imprensa.

As previsões da organização apontam igualmente que a Costa do Marfim, o quarto país daquela organização mas que ainda não foi afetado pela epidemia, deverá sofrer as mesmas consequências financeiras.

Donald Kaberuka alertou ainda que a segurança alimentar na Libéria, país que regista mais casos e mais vítimas mortais, também está «em risco», uma vez que o vírus ameaça a manutenção das colheitas agrícolas.

Neste país, «se hoje as pessoas não se ocupam da agricultura, existirá uma crise alimentar. É o primeiro impacto direto sobre os agricultores desta região», apontou.

Além da crise imediata e a médio prazo, o responsável considerou que «a multiplicação das medidas de encerramento de fronteiras terrestres e aéreas em muitos países africanos», decididas por «precaução», irá custar «muito» ao comércio e aos fluxos económicos da região.

África, na sequência do vírus Ébola, «arrisca a sua imagem, a fuga de investimentos, uma nova estigmatização, quando o continente começava a descolar», lamentou Kaberuka.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) contabilizou, até 20 de agosto, 1.427 mortos em 2.615 casos identificados em quatro países da África Ocidental.

A Libéria é o país mais afetado, com 624 mortos em 1.082 casos, seguindo-se a Guiné-Conacri, onde foram registados casos a cerca de 150 quilómetros da fronteira com a Costa do Marfim, com 406 vítimas mortais.

A Serra Leoa (392 mortes) e a Nigéria (cinco mortes) são os outros países afetados pela epidemia.