Ébola: OMS organiza discussão sobre ética de uso de medicamentos experimentais 638

Ébola: OMS organiza discussão sobre ética de uso de medicamentos experimentais

11 de Agosto de 2014

A Organização Mundial de Saúde (OMS) organiza hoje uma reunião para discutir a ética do uso de medicamentos experimentais, numa altura em que o mundo luta para conter a rápida propagação do vírus Ébola.

Não existe atualmente qualquer tratamento ou vacina contra o Ébola, um dos mais letais vírus conhecidos, e com o número de mortos próximo dos 1.000, a OMS declarou o mais recente surto da doença «emergência de saúde pública de carácter mundial».

Mas a utilização de medicamentos experimentais suscita um intenso debate ético e médicos especialistas de todo o mundo encontram-se hoje para a elaboração de diretrizes sobre o uso de medicamentos não autorizados em situações de emergência, como é o caso do surto de Ébola.

Dois norte-americanos e um padre espanhol infetados com o vírus quando tratavam de doentes em África estão a ser tratados com o medicamento experimental ZMapp, que mostrou resultados promissores.

O medicamento, da empresa norte-americana Mapp Pharmaceuticals, está numa fase inicial de desenvolvimento e só foi testado em macacos, além de ser escasso.

«É ético utilizar medicamentos não autorizados para tratar as pessoas e em caso afirmativo que critérios devem cumprir e em que condições, bem como quem deve ser tratado» são as questões a responder, disse Marie-Paule Kieny, assistente do diretor-geral da OMS, anfitrião do encontro de hoje, citou a “Lusa”.

O Ébola causa febre e, nos casos mais graves, hemorragias intensas, podendo ser fatal em até 90% dos casos, segundo a OMS.

De acordo com os últimos dados desta organização das Nações Unidas, desde fevereiro, o vírus Ébola infetou mais de 1.700 pessoas, mais de 900 das quais morreram, na Serra Leoa, Guiné-Conacri, Libéria e Nigéria.

O vírus, descoberto há quatro décadas, transmite-se por contacto direto com o sangue e outros fluidos corporais ou tecidos de pessoas ou animais infetados e o presente surto matou entre 55 e 60% dos indivíduos infetados.

A OMS disse no sábado que uma vacina preventiva contra o Ébola deverá passar à fase de ensaios clínicos em setembro e poderá estar disponível em 2015.

O ZMapp parece ter sido eficaz no tratamento de dois trabalhadores humanitários norte-americanos repatriados – o médico Kent Brantly e a voluntária Nancy Writebol – e está agora a ser administrado ao padre católico Miguel Pajares, infetado na Libéria e repatriado para Espanha.

Fontes da família do religioso confirmaram no domingo à agência noticiosa espanhola “EFE” que os médicos começaram o tratamento com o ZMapp e que o estado do doente é «estável».

As mesmas fontes disseram que aguardam o efeito do soro experimental «com esperança».