Ébola: OMS pede 372ME a doadores internacionais para travar doença em nove meses
01 de Setembro de 2014
A Organização Mundial da Saúde (OMS) vai pedir 372 milhões de euros aos doadores internacionais para combater o vírus do Ébola nos próximos seis a nove meses, refere-se num relatório da agência citado pela “Nature”.
Segundo a revista científica, a verba é superior a estimada pela OMS no final de julho – 54 milhões de euros – para fazer face à doença que já causou 1.552 vítimas mortais, num universo de 3.069 casos registados em cinco países da África Ocidental: Serra Leoa, Libéria, Guiné Conacri, Nigéria e Senegal.
Segundo a “Lusa”, o montante servirá apenas para dar resposta imediata à pandemia e não para o trabalho de reconstrução a longo prazo dos sistemas de cuidados de saúde destruídos naqueles estados africanos.
«Este valor é apagar o fogo, não para construir o quartel dos bombeiros», ironizou o assistente do diretor-geral da OMS, Bruce Aylward, que previu que o número de casos de febre hemorrágica do vírus Ébola poderá ultrapassar os 20 mil proximamente.
No documento citado pela revista “Nature”, a OMS estima que, para conter o surto de ébola num prazo de seis meses, serão necessários 750 profissionais de saúde estrangeiros e 12.000 trabalhadores dos países afetados.
A agência não avançou os números de trabalhadores de saúde já envolvidos no terreno para dar resposta à pandemia.
A OMS espera um contributo dos estados membros, mas o Banco Mundial e o Banco Africano de Desenvolvimento que já prometeram 152 e 159 milhões de euros, respetivamente.
A agência das Nações Unidas tem um orçamento de 131 milhões de euros para acudir aos surtos e crises de todos os tipos, depois de, no ano passado, ter visto o seu financiamento cortado para metade devido à reestruturação orçamental e crise económica.
PM guineense: Presença da doença no Senegal é má notícia para Guiné-Bissau
O primeiro-ministro guineense, Domingos Simões Pereira, considerou, na sexta-feira, ser «uma má notícia» para a Guiné-Bissau caso se confirme a presença do vírus Ébola no Senegal, que salientou ainda não ter chegado ao país.
Falando na habitual conferência de imprensa semanal para fazer o ponto das ações do Governo, Domingos Simões Pereira, questionado pela agência “Lusa”, disse desconhecer a notícia que dá conta de que um caso de infeção com o vírus Ébola foi confirmado pelas autoridades senegalesas.
«Se se confirmar essa informação seria realmente uma má noticia para o nosso país», afirmou o primeiro-ministro guineense, reforçando o apelo às ações de prevenção na Guiné-Bissau, onde, reafirmou, a doença ainda não chegou.
«Somos protegidos por uma bênção que temos que fazer por merecer», disse Simões Pereira, ao anunciar que o Presidente guineense, José Mário Vaz, ia presidir no sábado à abertura da campanha nacional de limpeza e desinfeção lançada pelo Governo.
Todos os membros do Governo, titulares de órgãos públicos estiveram no sábado em diferentes localidades do país, em Bissau e no interior, para levar a cabo a campanha de limpeza e desinfeção, notou ainda Simões Pereira.
O Presidente José Mário Vaz abriu a campanha no mercado do Bandim (maior centro comercial do país), em Bissau, o líder do Parlamento, Cipriano Cassamá, em Bafatá (leste), o presidente do Supremo Tribunal de Justiça, Paulo Sanhá, no sul e o primeiro-ministro, Simões Pereira, na zona norte.
Ministros e secretários de Estado também foram distribuídos para várias localidades.
Ao enaltecer a importância da campanha, Domingos Simões Pereira, disse que «é das várias ações» que o país pode fazer para enfrentar o vírus do Ebola e outras doenças.
«A pobreza é algo que nós não podemos controlar, a limpeza sim», observou o primeiro-ministro, lembrando que a Guiné-Bissau no passado foi considerada o país mais limpo da Costa Ocidental de Africa.
Confrontando com o facto de algumas pessoas, oriundas da Guiné-Conacri, se recusarem a vigilância médica, como medida de precaução, Domingos Simões Pereira reprovou este comportamento frisando estar em causa a saúde pública.
República Democrática do Congo precisa de 3,4 ME para enfrentar epidemia
O Governo da República Democrática do Congo (RDC) precisa de 4,5 milhões de dólares (3,4 milhões de euros) para avançar com o Plano de Resposta à epidemia do Ébola, que já provocou treze mortos no país.
A informação consta de uma nota da delegação da Organização Mundial de Saúde (OMS) em Kinshasa, capital RDC, à qual a “Lusa” teve hoje acesso, que acrescenta que o Governo daquele país já disponibilizou 1 milhão de dólares (760 mil euros) para o mesmo plano.
De acordo com a OMS, os profissionais de saúde no país estão a ser equipados com material de proteção e está igualmente a ser reforçada a «busca ativa de casos».
Testes laboratoriais confirmaram, entre 28 de julho e 27 de agosto, um total de 42 casos e treze mortes provocadas pelo vírus Ébola na região de Boende, no nordeste do país, o que representa, recorda a OMS, uma taxa de mortalidade de 31%.
Ainda segundo aquela organização, o «epicentro da epidemia» está na localidade de Lokolia, a cerca de 1.200 quilómetros de Kinshasa.
Neste cenário, e juntamente com o «apelo» do Executivo para garantir as verbas necessárias ao Plano de Resposta, a OMS assegura que está a «reforçar a presença técnica» no país, «enviando especialistas em várias áreas para a região».
Em curso estão igualmente campanhas para a sensibilização da população e apoio psicossocial que incluem familiares e vítimas deste surto de Ébola.
De acordo com a OMS em Kinshasa, as autoridades congolesas estão a promover o «isolamento e gestão de casos» detetados, a «desinfestação» das casas e «reforço das capacidades nacionais para fazer face à epidemia».
A evolução da situação na RDC está a ser seguida com especial atenção em Angola, que através de sete províncias partilha uma fronteira de cerca de 1.500 quilómetros com aquele país.
A presença do Ébola no país vizinho colocou automaticamente Angola no grupo de países com risco “moderado a alto” de infeção.
As autoridades sanitárias angolanas admitem que o país está em «alerta» mas garantem não foi detetado qualquer caso suspeito. Estão igualmente a «redobrar» e a «acelerar» a mobilização de equipas para o controlo, alerta e vigilância sanitária, nomeadamente nos postos de fronteira a norte.
De acordo com o Executivo, a forte movimentação de pessoas com a RDC já obrigou à adoção de «medidas preventivas», nomeadamente ao nível da vigilância das fronteiras, com agentes de segurança e militares munidos de elementos de biossegurança.
A OMS contabilizou 3.069 casos da doença do vírus Ébola, incluindo 1.552 mortes, em quatro países da África ocidental, de acordo com o último balanço concluído na terça-feira.
Libéria proíbe desembarque de tripulantes em todos os seus portos
A Libéria anunciou n sábado a interdição do desembarque em todos os seus portos devido à epidemia de Ébola que assola alguns países do continente africano adiantou, a agência de notícias “AFP”.
Os livre-trânsitos que normalmente são atribuídos aos marinheiros das embarcações comerciais que aportam na Libéria foram cancelados e nenhuma pessoa embarcada será autorizada a descer a terra, disse à “AFP” Matilda Parker, responsável pela administração dos quatro portos marítimos do país, o mais afetado pela epidemia de Ébola.
A responsável sublinhou que os portos da Libéria, incluindo o da capital, Monróvia, vão adotar uma política de “tolerância zero” contra a epidemia, que já fez mais de 1.500 mortos desde o início do ano.
Os trabalhadores portuários que subam a bordo das embarcações terão que passar por três níveis de controlo, tendo recebido ordens para não terem nenhum contacto com qualquer tripulante.
O porto de Monróvia é a porta de entrada da maioria das importações necessárias ao país.
À chegada a Bruxelas no sábado para uma cimeira extraordinária da União Europeia, o presidente do Governo espanhol, Mariano Rajoy, disse que vai pedir aos representantes dos Estados-membros uma maior coordenação para fazer frente à epidemia de Ébola.
Espanha foi o primeiro país europeu a registar casos mortais devido ao Ébola, depois de um missionário espanhol infetado com o vírus na Libéria ter sido transportado para Madrid, não tendo resistido à doença.
Caso suspeito na Suécia
Um caso suspeito de ébola foi descoberto na capital da Suécia, Estocolmo, disse ontem uma fonte oficial, citada pela agência de notícias “France Press”.
«Até agora é apenas um caso suspeito», disse a fonte, sem dar mais detalhes.
A pessoa suspeita de ter contraído o vírus ficou doente depois de ter estado numa zona com casos de ébola e está agora em isolamento, adianta o jornal “Svenska Dagbladet” na sua página na internet.
Aake Oertsqvist, especialista em controlo de infeções e responsável pela zona de Estocolmo disse que o risco de um surto de ébola na Suécia é «muito baixo».