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Ébola: ONU pede 800 milhões de euros para travar epidemia

17 de setembro de 2014

A ONU alertou ontem que são precisos quase 800 milhões de euros para combater a epidemia de Ébola na África Ocidental, estimando que o vírus se propaga em áreas habitadas por mais de 22 milhões de pessoas.

O coordenador das Nações Unidas para o combate ao Ébola, David Nabarro, justificou em Genebra a avaliação da quantia necessária com a gravidade crescente da epidemia: há apenas um mês, a ONU pedia uma verba dez vezes inferior.

Mais de 22 milhões de pessoas vivem nas zonas onde se regista transmissão ativa do vírus, e desse número, 4,3 milhões estão em zonas onde se verificaram 20 ou mais mortes.

Segundo os últimos dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), 4.985 pessoas foram infetadas e 2.461 morreram desde que começou o último surto de Ébola, em dezembro do ano passado.

«O grande número de casos em lugares de forte densidade populacional e, simultaneamente, em aldeias remotas e de difícil acesso fazem com que este surto seja particularmente difícil de conter», indicou o diretor-geral adjunto da OMS, Bruce Aylward.

O responsável defendeu que é preciso lançar programas de prevenção em todas as comunidades potencialmente afetadas.

Por seu lado, Valerie Amos, responsável das Nações Unidas na área da assistência humanitária, apelou aos esforços da comunidade internacional para evitar o «colapso total dos sistemas de saúde» nos países afetados pela epidemia, onde mais pessoas estão a morrer devido a doenças como a tuberculose, malária porque não têm a assistência médica de que precisam.

Valerie Amos apontou ainda o aumento da mortalidade infantil devido à situação crítica dos hospitais, principalmente a Libéria e a Serra Leoa, que a par da Guiné-Conacri, Nigéria e Senegal, são os países onde o Ébola já matou pessoas.

Primeiro ensaio clínico de vacina ainda sem reações negativas

O primeiro ensaio clínico de uma vacina contra o vírus Ébola, que começou nos EUA no início de setembro com alguns voluntários, ainda não registou qualquer reação nefasta, indicou na terça-feira um responsável sanitário norte-americano.

A vacina, desenvolvida pelo laboratório britânico GlaxoSmithKline com os institutos de saúde norte-americanos (NIH, na sigla em Inglês), e que deu bons resultados em macacos, é, de acordo com a “Lusa”, objeto de estudos clínicos em 10 pessoas desde 02 de setembro.

«Até agora não há qualquer sinal» que indique uma reação grave, declarou Anthony Fauci, o diretor do Instituto Nacional das Alergias e Doenças Infeciosas perante a comissão senatorial do Orçamento.

Outros 10 voluntários vão receber a vacina nos próximos dias, acrescentou. No total, 20 pessoas, com idades entre 20 e 50 anos e de boa saúde, vão participar neste ensaio clínico nos NIH perto da capital, Washington.

Os resultados completos do ensaio devem estar disponíveis no fim do ano.

Ao mesmo tempo, uma equipa de investigadores de Oxford, no Reino Unido, vai fazer um ensaio clínico desta mesma vacina em 60 voluntários saudáveis.

Barack Obama apela a uma ação mais rápida no combate à epidemia

O Presidente norte-americano, Barack Obama, apelou ontem a uma «ação rápida» perante a epidemia de Ébola para evitar que «centenas de milhares» de pessoas sejam infetadas pelo vírus, que já fez mais de 2.400 mortos na África Ocidental.

«É uma ameaça potencial para a segurança mundial», advertiu Obama, em Atlanta, apresentando as linhas do plano de ação norte-americano para combater a doença, durante uma visita ao Centro de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC).

«O mundo tem a responsabilidade de fazer mais», insistiu, afirmando que os Estados Unidos estão prontos para assumir um papel de liderança diante de uma epidemia que cresce de forma exponencial.

O Presidente, que evocou uma ação «similar» à resposta norte-americana ao sismo no Haiti em 2010, mencionou, de acordo com a “Lusa”, a criação de um centro de comando militar na Libéria para apoiar os esforços de toda a região.

Obama anunciou ainda a criação de uma ponte aérea «para enviar equipas médicas e material o mais rápido possível para a África Ocidental», bem como uma base intermediária no Senegal «para ajudar na distribuição da ajuda no terreno mais rapidamente»
.
Segundo um responsável, este plano irá traduzir-se no envio de cerca de três mil militares norte-americanos para a África Ocidental para participar na construção de novos centros de tratamento, oferecer ajuda logística e assegurar formação para profissionais de saúde.

A maior parte dos esforços norte-americanos serão concentrados na Libéria, um dos três países mais atingidos pelo vírus, além de Serra Leoa e Guiné-Conacri.