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Ébola: Países afetados e Organização Mundial de Saúde organizam resposta conjunta

01 de agosto de 2014

A Organização Mundial de Saúde (OMS) e os líderes dos países da África Ocidental mais afetados pelo surto de Ébola reuniram-se hoje, em Conacri, para organizar, pela primeira vez, uma resposta conjunta à crise.

O objetivo do plano de emergência, entre a OMS, Guiné-Conacri, Serra Leoa, Libéria é prevenir e detetar casos suspeitos, aperfeiçoar a vigilância nas fronteiras e reforçar o centro de coordenação sub-regional de epidemias da organização da ONU na Guiné-Conacri, bem como coordenar o envio de «várias centenas» de trabalhadores humanitários para o terreno, citou a “Lusa”.

A Costa do Marfim participou no encontro, como membro da União do Rio Mano, bloco que integra os quatro países, apesar de não ter registado ainda qualquer caso de Ébola.

Este surto de febre hemorrágica causou, após sete meses, 729 mortos – 339 na Guiné Conacri, 233 na Serra Leoa, 156 na Libéria e um na Nigéria -, indica o último balanço da OMS, divulgado no domingo.

Destas 729 mortes registadas pela OMS, 485 eram casos confirmados de Ébola.

A OMS anunciou um apoio financeiro de 75 milhões de euros ao plano e a diretora-geral Margaret Chan justificou «este aumento dos recursos» pela «amplitude da epidemia».

Entretanto, a transportadora aérea do Dubai, Emirates Airlines, anunciou a suspensão dos voos para a zona afetada, a partir de sábado, enquanto Estados Unidos, Alemanha e França emitiram avisos contra viagens para os três países africanos.

Portugal alertou os cidadãos para evitarem áreas atingidas e respeitarem diretivas das autoridades sanitárias locais, de acordo com um comunicado da secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas.

A Presidente da Libéria, Ellen Johnson Sirleaf, que chegou a Conacri durante a manhã, tal como o homólogo da Serra Leoa, Ernest Bai Koroma, e o ministro da Saúde costa-marfinense, Raymonde Goudou Coffie, considerou a situação no seu país «muito, muito grave, à beira da catástrofe».

«Não é um problema liberiano, nem serra-leonês, nem guineense. É um problema internacional», declarou à cadeia de televisão norte-americana “CNN”.

«Há corpos por todo o lado e agora os liberianos sabem que é real. Sabem que é mortal e começam agora a reagir», sublinhou.

O receio de propagação a nível mundial aumentou na sequência da morte, a 25 de julho, do primeiro passageiro de um avião, um liberiano que morreu em Lagos, depois de ter transitado por Lomé (Togo).

A Nigéria colocou em quarentena duas pessoas por terem estado em contacto direto com a vítima e 69 sob vigilância médica.

No Líbano, o Ministério do Trabalho suspendeu a atribuição de vistos para os cidadãos da Serra Leoa, Guiné-Conacri e Libéria.

Sirleaf colocou «todo o pessoal não essencial» do setor público «de dispensa obrigatória de 30 dias» e decidiu que hoje seria «feriado para permitir a desinfeção dos edifícios públicos».

A Presidente liberiana ordenou o encerramento de «todas as escolas e mercados nas zonas fronteiriças».

Koroma decretou «o estado de emergência para aplicar medidas mais rigorosas», por um período de 60 a 90 dias, eventualmente renovável.

A República Democrática do Congo, onde o Ébola foi detetado pela primeira vez em 1976, anunciou novas medidas sanitárias.

O Quénia e a Etiópia, onde se situam duas das mais importantes plataformas aeroportuárias de África, afirmaram ter reforçado o dispositivo de segurança sanitária. O Uganda, atingido nos últimos anos pelo Ébola, garantiu estar em estado de alerta, e a Tanzânia disse vigorarem «medidas de precaução».

A epidemia, surgida no início do ano, foi declarada primeiro na Guiné-Conacri, antes de se estender à Libéria e depois à Serra Leoa.

Esta é a primeira vez que se identifica e se confirma uma epidemia de Ébola na África Ocidental, até agora sempre registadas em países da África Central.