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Ébola: Países africanos em estado de emergência, primeiro infetado chega à Europa

07 de Agosto de 2014

Os países da África Ocidental afetados pelo ébola estão em estado de emergência, com o vírus, que já causou quase mil mortes, a disseminar-se rapidamente, quando já chegou à Europa o primeiro infetado com a doença.

Na Libéria, onde os corpos dos mortos permanecem nas ruas, o Presidente, Ellen Johnson Sirleaf, declarou o estado de emergência nacional por pelo menos 90 dias, afirmando que medidas extraordinárias são necessárias para garantir a «própria sobrevivência do país».

Neste país, centenas de pessoas estão a ser bloqueadas desde quarta-feira à tarde por barreiras militares no limite entre a província de Grand Cape Mount, que faz fronteira com a Serra Leoa, e a capital, Monróvia, devido ao surto.

O ministro liberiano da Informação, Lewis Brown, justificou a medida com a necessidade de travar a epidemia.

«É uma operação militar que visa reduzir os riscos, evitando que as pessoas não passem das zonas infetadas para zonas não infetadas sem que tenhamos a certeza de que não estão contaminadas», explicou o governante à agência noticiosa “France Presse”.

Na Serra Leoa, foram enviados 800 militares para hospitais e clínicas onde estão a ser tratados casos de ébola. O parlamento deste país deverá reunir-se para ratificar o estado de emergência declarado na semana passada.

Na Nigéria, os receios estão a aumentar, depois da morte de uma freira em Lagos, uma metrópole com mais de 20 milhões de pessoas, naquela que foi a segunda morte causada pelo ébola neste país.

O país espera receber um medicamento norte-americano, ainda em experimentação, para impedir a propagação do vírus, mas o Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, considerou que ainda é cedo para enviar este tratamento, apelando antes à construção de «uma infraestrutura pública forte».

Desde que surgiu no início do ano, a epidemia já fez 932 mortos e infetou mais de 1.700 pessoas na Guiné-Conacri, Libéria, Serra Leoa e Nigéria.

O ébola causa febres altas e, nos casos mais graves, hemorragias. É transmitida por contacto com fluidos corporais e as pessoas que vivem com ou tratam de pacientes são as que apresentam maior risco de contrair a doença.

Enquanto estes países africanos tentam combater o crescimento da epidemia, a Espanha retirou de Monróvia um padre católico, Miguel Pajares, de 75 anos, que adoeceu quando prestava auxílio a doentes num hospital na capital da Libéria.

O missionário foi o primeiro paciente a ser transportado para a Europa para receber tratamento.

O avião militar, com equipamento especial, transportou o padre hoje de manhã para Madrid, juntamente com uma freira espanhola, que trabalhou no mesmo hospital na Libéria, mas que não teve um resultado positivo no teste da febre hemorrágica, anunciou o governo espanhol.

O padre encontrava-se estável e sem sinais de hemorragias, enquanto a freira aparentava estar bem e deverá voltar a ser submetida a testes.

Dois cidadãos norte-americanos que trabalhavam para agências cristãs na Libéria e que também foram infetados foram levados para os Estados Unidos nos últimos dias e têm mostrado sinais de melhorias, depois de terem tomado um medicamento experimental conhecido como ZMapp, que é difícil de produzir em larga escala.

A Organização Mundial de Saúde está a realizar uma sessão de emergência, à porta fechada, desde quarta-feira, em Genebra, para decidir se deverá ser declarada crise internacional. A decisão é esperada para esta sexta-feira.

Descoberta pela primeira vez em 1976, o ébola tem matado cerca de dois terços dos infetados, com dois surtos a registar taxas de mortalidade de cerca de 90%. O mais recente tem uma taxa de mortalidade de cerca de 55%.