Ébola: Perito da OMS infetado com o vírus, primeiro caso dentro da organização
25 de Agosto de 2014
Um especialista da Organização Mundial de Saúde (OMS), que está destacado na Serra Leoa para combater a epidemia de Ébola, contraiu o vírus que provoca a febre hemorrágica, divulgou ontem a agência das Nações Unidas.
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De acordo com um porta-voz da OMS em Genebra, o paciente é um epidemiologista.
É a primeira vez, segundo a organização, que um membro das equipas da OMS destacadas no terreno é infetado com o vírus do Ébola.
A OMS não forneceu mais informações sobre o colaborador em questão, nomeadamente nacionalidade ou idade.
A pessoa «está a receber o melhor tratamento possível» e a evacuação para um outro centro de cuidados médicos é viável, segundo a organização, citada pela “Lusa”.
Desde o início da epidemia de Ébola, em março, a OMS destacou cerca de 400 pessoas para os países da África Ocidental mais afetados: Libéria, Guiné-Conacri, Serra Leoa e Nigéria.
RDCongo confirma primeiros casos
A República Democrática do Congo (RDC) confirmou ontem os seus primeiros casos da febre hemorrágica Ébola, que já afeta quatro outros países africanos.
«Os resultados são positivos. O vírus Ébola está confirmado na RDC», declarou o ministro da Saúde congolês, Félix Kabange Numbi, à agência France Presse”, sobre as amostras retiradas a pessoas com uma febre hemorrágica que causou 13 mortos desde 11 de agosto no noroeste do país.
As autoridades da RDC anunciaram, na quinta-feira, que uma febre hemorrágica de «origem indeterminada» tinha feito 13 vítimas mortais na província do Equador desde 11 de agosto.
Para determinar a origem exata da doença foram recolhidas amostras, que foram enviadas para o Instituto Nacional de Investigação Biomédica e para um laboratório em Franceville, no Gabão.
Segundo informações divulgadas na sexta-feira, cerca de 80 pessoas estiveram em contacto com as vítimas mortais e o seu estado de saúde estava a ser monitorizado nas localidades de Boende Moke, Lokolia, Watsikengo e Lokula.
As localidades Lokolia e Watsikengo, que estão separadas por uma distância de 30 quilómetros, foram identificadas como o epicentro da doença.
Vírus já matou 130 profissionais de saúde e infetou 225
A Organização Mundial de Saúde (OMS) afirmou ontem que já morreram cerca de 130 profissionais desta área devido ao vírus Ébola, e mais de 225 foram infetados.
Em comunicado, a entidade internacional divulga os dados e confirma, pela primeira vez, que alguém a trabalhar na sua tutela contraiu o vírus.
Trata-se de um especialista senegalês enviado pela Organização Mundial de Saúde para trabalhar na Serra Leoa na contenção do surto de Ébola e que, atualmente, está a ser tratado naquela região, havendo a possibilidade de ser transferido para outro país, se for necessário.
O especialista senegalês trabalha para uma instituição que integra uma rede criada para que a OMS possa dar resposta rápida a surtos potencialmente epidémicos em qualquer país.
Desde o início deste surto de Ébola, em março, a OMS enviou a três países infetados (Libéria, Guiné Conacri e Serra Leoa) 400 profissionais de saúde, tanto da organização como desta rede.
A OMS tem 200 funcionários naqueles países, dos quais cerca de 30 pertencem à rede, disse o porta-voz da OMS, Tarik Jasarevic.
A organização recordou que o pessoal de saúde é uma parte muito importante da resposta ao surto de Ébola, mas também reconheceu o risco que implica.
Por isso, assegurou, são tomadas todas as precauções junto dos profissionais enviados para as zonas onde se registam casos do vírus, para que se possam proteger.
Durante os últimos meses, vários médicos, enfermeiros e pessoas que desempenham outras funções de apoio aos doentes de Ébola foram contagiados, o que se poderá estar relacionado com sistemas de saúde mais frágeis e pouco equipados nos países infetados.
Atualmente, o balanço de mortos devido ao vírus Ébola é de 1.427 casos, além dos 2.615 infetados.
No entanto, a OMS reconhece que esta estatística não reflete a realidade e subestima a dimensão do surto pelo que está a tentar obter números mais próximos do que realmente ocorre.
OMS não confirma casos de ébola no Congo e diz estar a realizar testes
A Organização Mundial de Saúde (OMS) disse hoje que está a realizar-se uma segunda série de testes de laboratório sobre os casos que as autoridades sanitárias da República Democrática do Congo identificaram como ébola.
«Vamos ver primeiro o que indicam as provas de confirmação amanhã [segunda-feira]», disse a propósito o porta-voz da organização, Gregory Hartl, através da sua conta de Twitter.
A posição da OMS surge depois do anúncio feito hoje pelo ministro da saúde da República Democrática do Congo (RDC), Félix Kabange, segundo o qual tinham confirmado vários casos de ébola na localidade de Boende, no distrito de Tshuapa, na zona noroeste do país.
«Houve já 13 mortes, entre os quais cinco são assistentes sociais que contrariam a doença através do contacto com os seus pacientes», disse Kabange, num discurso televisivo.
A presença do vírus do Ébola na RDC foi confirmada pelo Instituto Nacional de Investigações Biológicas de Kinshasa.
Boende fica na província de Ecuador, onde o vírus do ébola foi descoberto pela primeira em 1976, tendo-se registado seis estirpes desde então, incluindo a última em 2012.
Segundo o ministro da saúde congolês, este surto não tem relação com o da África Ocidental, que surgiu no passado mês de março e afeta a Libéria, Serra Leoa, Guiné Conacri e a Nigéria.
Sobre a relação entre aquele surto e os casos supostamente detetados na RDC, o porta-voz da OMS sustentou que se as provas laboratoriais adicionais estabelecerem que são surtos diferentes do vírus do ébola, então estar-se-á perante dois surtos distintos.
Há quatro surtos distintos do vírus ébola, uma febre hemorrágica grave e frequentemente mortal que está a causar graves danos nos países afetados.
Entretanto, uma enfermeira britânica que contraiu o vírus do ébola na Serra Leoa chegou hoje a Londres, vinda no avião militar, anunciou o ministro da Defesa britânico.
A mulher deverá ser tratada numa unidade de isolamento num hospital da cidade londrina.
Por outro lado, para além desta enfermeira inglesa, a OMS também confirmou que um epidemiólogo senegalês contraiu o vírus na Serra Leoa.
O epidemiólogo senegalês tinha sido enviado ao país pela OMS para colaborar na contenção do surto.
Dois colaboradores norte-americanos contraíram o vírus na Libéria e curaram-se depois de receberem um tratamento experimental, enquanto um padre espanhol, que contraiu a doença no mesmo país e recebeu o mesmo tratamento, faleceu.
Japão pronto a fornecer medicamento experimental
O Japão está pronto a oferecer um medicamento experimental desenvolvido no país para travar o surto de Ébola que ameaça o planeta, anunciou hoje o porta-voz governamental.
«O nosso país está, caso a Organização Mundial de Saúde o requeira, preparado para fornecer o medicamento que está pronto para ser aprovado e num trabalho de cooperação com o produtor», disse Yoshihide Suga.
A Organização Mundial de Saúde tem discutido a utilização de medicamentos ainda não aprovados como uma forma de combater o surte de Ébola em África que já provocou a morte a mais de 1.400 pessoas, com outros milhares infetados.
Atualmente não existe nenhum medicamento específico de combate ao vírus Ébola apesar de várias drogas estarem em desenvolvimento.
A utilização de um medicamento experimental denominado ZMapp em dois cidadãos norte-americanos e num padre espanhol abriu um intenso debate ético sobre a utilização de medicamentos não homologados.
O medicamento, disponível em quantidades muito pequenas, forneceu dados promissores nos dois cidadãos americanos, mas o padre espanhol acabaria por morrer.
A Mapp Bioparmaceutical, companhia produtora do medicamento já disse ter enviado para África todas as doses disponíveis da nova droga.
No caso do medicamento japonês, desenvolvido pela Fujifilm Holdings e que foi aprovado em março pelas autoridades do Japão como antigripal, está em testes nos Estados Unidos, não coloca problemas de fornecimento e, de acordo com o porta-voz, estão disponíveis doses para 20.000 pessoas.