Ébola: Portugal cede avião C-130 para transportar ambulâncias – Rui Machete 540

Ébola: Portugal cede avião C-130 para transportar ambulâncias – Rui Machete

26 de setembro de 2014

O ministro dos Negócios Estrangeiros, Rui Machete, afirmou ontem que Portugal vai ceder um avião C-130 para transporte de ambulâncias em África, juntando-se assim à «cruzada contra o Ébola», avançou a “Lusa”.

«O pedido foi feito esta semana e Portugal decidiu juntar-se a esta campanha internacional, liderada pelos Estados Unidos, que tentam limitar as consequências da propagação deste vírus», explicou Rui Machete, considerando que «a possibilidade do vírus se transformar numa pandemia é grande».

O ministro falava à saída da reunião presidida por Barack Obama, em que assistiu à intervenção do presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, durante a 69.ª Assembleia-Geral das Nações Unidas.

Portugal vai transportar esta quinta-feira duas ambulâncias para a Guiné-Conacri na aeronave C-130, que se encontra em missão no Mali.

Rui Machete disse que o pedido foi feito apenas em relação a esta viagem, mas deixa em aberto a possibilidade de novas viagens.

«É algo que terá de ser decidido caso a caso, mas Portugal está obviamente disponível para continuar a colaborar», disse o ministro.

Machete disse ainda que o vírus é um dos temas na agenda do almoço de trabalho entre os países membros da CPLP, que acontece esta sexta-feira, à margem da Assembleia Geral.

Portugal já enviou duas técnicas do Instituto Ricardo Jorge estão São Tomé e Príncipe para ajudar a prevenir a propagação do vírus e, segundo o ministro, «esse esforço vai multiplicar-se».

UE contribui com mais 30 ME para a luta contra o Ébola

A Comissão Europeia vai contribuir com mais 30 milhões de euros para os esforços contra a epidemia de Ébola na África Ocidental, anunciou ontem o presidente, Durão Barroso, num discurso em Nova Iorque.

Durão Barroso, falou ontem no Encontro de Alto Nível convocado pelas Nações Unidas para a resposta ao surto do Ébola e considerou que o que se está a passar «não é apenas um grave problema de saúde, é também uma ameaça à paz e à segurança e ao desenvolvimento», tendo ainda recordado a ajuda de mais de 150 milhões de euros que a Europa já deu.

«Mas a escala de necessidades é muito grande. Precisamos que todos intensifiquem os esforços. É por isso que anuncio que a Comissão Europeia vai contribuir com um pacote adicional de 30 milhões de euros», disse, segundo o discurso distribuído aos jornalistas em Bruxelas, citado pela “Lusa”.

No entanto, acrescentou Durão Barroso, só mais dinheiro não é suficiente, sendo essencial assegurar que a ajuda chega aonde é precisa.

«Precisamos de isolar a doença, não de isolar os países», sublinhou.

Barroso deu ainda conta dos esforços que a UE tem mobilizado, como técnicos de saúde e laboratórios móveis, assim como o acionar do Mecanismo de Proteção Civil da UE para facilitar a prestação de assistência no terreno e ligar à missão das Nações Unidas.

Cuba vai enviar 461 médicos e enfermeiros para a África Ocidental

As autoridades sanitárias de Cuba vão enviar um total de 461 médicos e enfermeiros para a África Ocidental para combater o Ébola, foi anunciado na quinta-feira.

Já este mês, as autoridades cubanas tinham anunciado o envio de 165 médicos e enfermeiros para a Serra Leoa, por um período de seis meses, a contar a partir de outubro.

De acordo com a “Lusa”, o número foi na quinta-feira elevado a 461, com o anúncio feito na televisão estatal por Regla Angulo, diretora da Unidade central de colaboração médica de Havana, que indicou o envio de outros 296 médicos e enfermeiros para a Libéria e Guiné Conacri, países fortemente afetados pela febre hemorrágica.

Segundo Regla Angulo, o respetivo pessoal médico está atualmente a receber formação na Unidade central de colaboração médica de Havana.

Obama considera insuficientes os esforços para erradicar vírus do Ébola

O Presidente dos Estados Unidos Barack Obama considerou ontem demasiado limitados e lentos os esforços para combater a epidemia do Ébola na África Ocidental, e apelou a uma maior mobilização internacional.

«Existem progressos, é encorajador. Mas não avançamos com a necessária rapidez, não estamos a fazer o suficiente», declarou Obama no decurso de uma reunião na ONU sobre a epidemia.
 
«Sabemos por experiência que a resposta a uma epidemia desta amplitude dever ser em simultâneo rápida e contínua, como uma maratona que se corre à velocidade de um ‘sprint’», sugeriu.

Ontem, o Banco Mundial anunciou que quase duplicou, de 230 para 400 milhões de dólares (311 milhões de euros), a ajuda aos países africanos atingidos pelo Ébola, devido às «provas alarmantes» da propagação da epidemia.

«Travar a epidemia do Ébola é uma prioridade para os Estados Unidos (…) mas também é uma prioridade para todo o mundo. Não podemos fazê-lo sozinhos», assinalou ainda Obama, numa referência aos militares norte-americanos enviados sobretudo para Monróvia, capital da Libéria, para participar na instalação de unidades de tratamento.

G7 quer que países afetados não sejam isolados

As sete economias mais ricas (G7) apelaram ontem à manutenção de ligações aéreas e marítimas com os países afetados pelo Ébola para que a necessária ajuda possa chegar às nações que combatem a epidemia.

«Alertamos que, apesar de a disseminação do Ébola ter de ser controlada, os países afetados não podem ficar isolados», disse o G7, apelando para o envio de ajuda médica e de equipamento para combater a doença, que já fez mais de 3.000 mortos em alguns países da África Ocidental.

«Sublinhamos a necessidade de melhorar a capacidade dos países afetados para combater a doença por si próprios», afirmaram os ministros dos Negócios Estrangeiros das nações do G7, numa declaração emitida após conversações em Nova Iorque.

Para tal, deve garantir-se que equipamento e cuidados médicos possam chegar à Serra Leoa, Libéria e Guiné-Conacri, países atingidos pela disseminação do vírus mortal.

Os chefes da diplomacia do G7 salientou que «o fornecimento de assistência depende de um acesso livre aos países em causa».

«Os países do G7, juntamente com as Nações Unidas, encorajam e vão manter ligações aéreas e marítimas com os países envolvidos», disseram os ministros do Reino Unido, Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão e Estados Unidos.

«O G7 apela aos restantes países para que sigam esta prática. Para facilitar o transporte de bens essenciais e equipamento, os países do G7 apoiam a criação de centros de transportes regionais», declararam.

Mundo deve travar a doença agora – Ban Ki-moon

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse ontem que o mundo deve travar o Ébola agora, na abertura de uma reunião de alto nível para enfrentar a que é a pior epidemia da doença.

«O mundo pode e tem de travar o Ébola agora», declarou Ban.

O secretário-geral das Nações Unidas sugeriu a criação de um corpo internacional de profissionais de saúde, ou “batas brancas”, que poderiam ser utilizados de acordo com as necessidades no combate à epidemia de Ébola na África Ocidental.

«Tal como as nossas tropas com capacetes azuis (tropas da ONU de manutenção da paz) mantém as pessoas seguras, um organismo com batas brancas pode ajudar a manter as pessoas saudáveis», adiantou Ban.

Presente na mesma reunião, o presidente norte-americano, Barack Obama, considerou que não está a ser feito o suficiente para enfrentar a epidemia daquela febre hemorrágica e pediu mais ajuda internacional.

«Não estamos a ser suficientemente rápidos. Não estamos a fazer o suficiente», disse Obama, precisando que «não estão a ser utilizados os recursos necessários para travar a epidemia» de Ébola.

A doença já matou 2.917 pessoas na África Ocidental, em 6.263 casos segundo o último balanço da Organização Mundial de Saúde (OMS).

A Serra Leoa tomou ontem a medida drástica de colocar em quarentena mais de um milhão de habitantes, dos cerca de seis milhões que tem o país.

Os Estados Unidos vão enviar 3.000 soldados para a Libéria para ajudarem os profissionais de saúde a lutar contra a propagação do vírus e mobilizaram os seus especialistas dos Centros de Controlo e Prevenção de Doenças.

A infeção ocorre por contacto direto com fluidos corporais, sangue, líquidos biológicos ou secreções e o período de incubação dura de dois a 21 dias.

De acordo com a OMS, a doença tem atingido uma taxa de mortalidade de cerca de 70 por cento.