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Ébola: Portugal vai realizar simulacros e campanha de informação aos cidadãos

16 de outubro de 2014

O ministro da Saúde deu ontem indicações para realizar simulacros a nível nacional de preparação para combater o vírus do Ébola e para reforçar a formação dos profissionais, a par da promoção de uma campanha aos cidadãos.

Segundo um comunicado emitido após a reunião do Conselho Nacional de Saúde Pública, o ministro Paulo Macedo anunciou no encontro a decisão de «promover uma campanha de informação e sensibilização aos cidadãos sobre riscos do Ébola».

«Deu orientações igualmente para serem organizados simulacros de âmbito nacional a par do reforço do processo de formação» aos profissionais de saúde e também a outros trabalhadores, como os aeroportuários.

Sobre a realização de simulacros, fonte oficial do Ministério da Saúde adiantou à agência “Lusa” que essas ações devem ser seguidas de uma respetiva avaliação.

Em relação ao controlo dos passageiros, o Conselho de Saúde Pública concluiu que as informações destinadas a viajantes devem ser distribuídas, para já, em mão apenas às pessoas provenientes de zonas com atividade epidémica.

Além disso, o Conselho considera que se devem privilegiar os rastreios antes do início da viagem dos passageiros que saem do país afetado, sendo esta a orientação que a delegação portuguesa deve seguir na reunião de quinta-feira no Conselho da União Europeia.

Segundo fonte oficial, o Governo português admite avançar com iniciativas de medição da temperatura a viajantes que cheguem aos aeroportos portugueses quando o cenário se justificar.

Portugal cria plataforma de resposta para prevenir e combater doença

Portugal tem a partir de ontem  uma plataforma de resposta à doença por vírus Ébola, uma espécie de gabinete de crise com uma cadeia de comando, hierarquias e competência definidas, segundo informação da Direção-Geral da Saúde.

Segundo um comunicado emitido após a reunião do Conselho Nacional de Saúde Pública, foi aprovada a plataforma da resposta a doença por vírus ébola, que é «uma linha de comando e hierarquia claramente definida», mas que pode ir sendo adaptada à evolução da situação da doença.

«Dada a probabilidade de importação de casos e a probabilidade de ocorrência de casos secundários, importa estabelecer uma estrutura que coordene a resposta à doença por vírus do Ébola, a fim de serem desenvolvidas as medidas necessárias para contenção do vírus e para a resposta a uma eventual situação de contágio em território nacional», refere o documento a que a agência “Lusa” teve acesso.

No documento que estabelece a plataforma define-se um dispositivo de coordenação, uma estrutura executiva e núcleos transversais.

A coordenação cabe ao diretor-geral da Saúde e aos presidentes do INEM, da Autoridade do Medicamento, do Instituto Nacional de Saúde (INSA) e das administrações regionais de saúde.

Integra ainda, como observadores, representantes das regiões autónomas, das Forças Armadas e da Direção-Geral dos Assuntos Consulares e Comunidades Portuguesas.

A estrutura executiva da plataforma tem também responsáveis atribuídos, bem como os vários eixos que a compõem e que estão definidos como: de avaliação de risco, de prevenção e controlo, de comunicação e de avaliação.

O eixo de avaliação do risco pesquisa informação, atuando como ponto focal das redes de alerta internacionais.

Na plataforma ficam ainda definidos os responsáveis pela gestão de doentes, pela formação e treino de profissionais e pela gestão de contactos.

Criou-se também um comité de biossegurança, coordenado por uma profissional do INSA, que deve elaborar informações e orientações em áreas como transporte de casos suspeitos validados, gestão do doente internado (do ponto de vista da biossegurança), procedimentos perante um óbito, vigilância de contactos e equipamentos de proteção individual.

Na reunião de ontem do Conselho Nacional de Saúde Pública, o diretor-geral da Saúde, Francisco George, focou a situação »preocupante da epidemia na África Ocidental«, sublinhando que o risco para Portugal se eleva «à medida que a incidência de novos casos nos países africanos aumenta».