Ébola: São Tomé e Príncipe pede apoio a Portugal e OMS para prevenir epidemia
14 de Agosto de 2014
O governo de São Tomé e Príncipe ordenou ao ministério da saúde que solicite a peritagem e especialistas a Portugal e à Organização Mundial da Saúde (OMS) para lidar o doença de Ébola, indica um comunicado do governo.
«O ministério da Saúde e Assuntos Sociais deve encetar diligências junto dos nossos parceiros de desenvolvimento para solicitar peritagem e especialistas sobre a doença, nomeadamente a OMS e a Direção Geral de Saúde de Portugal», refere um comunicado do Conselho de Ministros distribuído hoje a imprensa, citado pela “Lusa”.
O diretor dos Cuidados da Saúde, Pascoal de Apresentação, afastou na quarta-feira a possibilidade do país encerrar a fronteira marítima com os países vizinhos, onde o vírus do Ébola está a afetar várias pessoas.
«A questão do fecho da fronteira não é recomendado pela OMS, o que vamos fazer nesta fase de pré-epidemia é redobrarmos o sistema de vigilância, sobretudo ao nível dos passageiros que entram no nosso país provenientes de outros países da nossa sub-região», disse Pascoal de Apresentação.
O governo refere também que uma equipa de peritos da OMS «está a caminho de São Tomé e Príncipe para apoiar as autoridades sanitárias nacionais no estabelecimento de um plano de prevenção da epidemia de Ébola».
O comunicado refere ainda que o governo decidiu criar um «cordão sanitário» nos portos e aeroportos do arquipélago com vista a prevenir a epidemia de Ébola.
«O governo deliberou criar um cordão sanitário nas zonas portuárias e aeroportuária, bem como sessões de formação ao pessoal ligado a esses serviços», refere o comunicado que considera o arquipélago como estando muito «vulnerável perante tamanha ameaça à saúde pública».
O conselho de ministros que se reuniu de «emergência e em sessão extraordinária» optou igualmente pela «identificação urgente de um espaço de isolamento para tratamento de possíveis casos de doentes suspeitos ou portadores da doença».
«O governo deve estabelecer contactos com os laboratórios de referência da sub-região em Yaoundé, nos Camarões, e Franceville [Gabão] para o envio de possíveis amostras a serem recolhidos no país», acrescenta o comunicado do governo de São Tomé e Príncipe.
Na reunião ficou igualmente decidido levar a cabo «uma intensa campanha de sensibilização e informação na comunicação social», distribuindo «cartazes e brochuras para mudança de comportamentos e práticas de gestos saudáveis».
Moody’s: Epidemia terá «repercussões económicas e fiscais significativas»
A ameaça da epidemia de Ébola terá «repercussões económicas e fiscais significativas numa série de países» da África Ocidental, alertou hoje a agência financeira Moody’s.
O surto da doença poderá ter um «efeito financeiro direto nos orçamentos nacionais, através do aumento das despesas com a saúde», concretiza a agência, em comunicado.
Indiretamente, acrescenta a Moody’s, o Ébola poderá também contribuir para o abrandamento nas receitas do Estado, numa região onde «os orçamentos já são condicionados por uma baixa cobrança de impostos».
Guiné-Conacri, Libéria e Serra Leoa – os três países mais afetados pelo vírus – deverão sofrer «perturbações críticas no comércio e nos transportes» durante este mês e «pelo menos durante o próximo», estima a agência de notação financeira com sede em Londres, Reino Unido.
Um outro estudo divulgado hoje, da consultora Teneo Intelligence, indicava que a epidemia poderá implicar custos económicos imediatos de dois pontos percentuais do Produto Interno Bruto de Libéria, Serra Leoa e Guiné-Conacri.
A Moody’s alerta ainda que, «se um surto significativo emergir em Lagos, capital da Nigéria e uma das mais populosas cidades africanas, as consequências para a indústria do petróleo e do gás na África Ocidental serão consideráveis».
A Nigéria é o maior produtor de petróleo do continente e um surto de Ébola no país teria consequências na produção e na mão de obra, o que levaria «rapidamente a uma deterioração económica e fiscal».
Guiné-Conacri e Serra Leoa, cujos orçamentos já são «deficitários», deverão «ver as suas situações orçamentais deterioradas, na sequência dos custos elevados com a saúde», realçou Matt Robinson, vice-presidente do departamento de créditos da Moody’s, no comunicado.
A agência antecipa ainda uma desaceleração do crescimento económico da Serra Leoa no caso de o setor mineiro ser afetado pela epidemia.
Banco Mundial, Banco Africano de Desenvolvimento e Organização Mundial de Saúde consideram que as necessidades financeiras para prestar assistência aos três países africanos mais afetados pelo vírus ultrapassam os 300 milhões de dólares (225 milhões de euros).
Número de pessoas infetadas subiu para 11 na Nigéria
O número de casos confirmados de pessoas infetadas pelo vírus Ébola na Nigéria subiu para 11, segundo um novo balanço anunciado pelo ministro da Saúde nigeriano, Onyebuchi Chukwu.
Deste total, três pessoas já morreram e outras oito estão a ser tratadas numa unidade especial de isolamento em Lagos, a cidade mais populosa de África, com mais de 20 milhões de habitantes.
O balanço do Governo nigeriano diverge ligeiramente do publicado na quarta-feira pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que registou 12 casos confirmados, dos quais resultaram três mortos.
A Nigéria não documentou casos fora de Lagos, mas as autoridades indicaram que uma enfermeira infetada realizou um deslocamento ao leste do país, para a localidade de Enugu.
Esta enfermeira fazia parte da equipa médica que cuidou de Patrick Sawyer, o funcionário liberiano que estava infetado com o vírus Ébola e morreu em Lagos, a 25 de julho.
As autoridades indicaram na quarta-feira que 21 habitantes de Enugu que tiveram contacto com a profissional de saúde foram colocados sob observação.
O ministro da Saúde precisou que somente seis pessoas permanecem sob vigilância e as outras 15 foram declaradas fora de perigo.
O número de pessoas sob vigilância em Lagos também diminuiu, passando de 117 para 169, na noite de quarta para quinta-feira, acrescentou Chukwu.
O último balanço da OMS, de quarta-feira, sobre a epidemia de Ébola na África ocidental (Serra Leoa, Guiné-Conacri, Libéria e Nigéria) refere 1.975 casos confirmados, prováveis ou suspeitos, com 1.069 mortes.