Ébola: Saúde tem luz verde para eventual reforço do orçamento 28 de outubro de 2014 O ministro da Saúde, Paulo Macedo, garantiu ontem que tem luz verde do Governo para um eventual reforço adicional do orçamento da saúde devido ao Ébola, embora para já as ações desenvolvidas não revelem grande dispêndio.
Paulo Macedo falava à agência “Lusa” no final de uma reunião do Dispositivo de Coordenação da Plataforma de Resposta à Doença por Vírus Ébola, em que participou.
Segundo disse, a hipótese de um eventual reforço de verbas foi já discutido em conselho de ministros.
«Foi discutido em conselho de ministros que, face ao potencial desta situação, se for necessário, [haverá] um reforço adicional do orçamento da saúde, pois é precisamente para isto que se destinam as verbas e dotações provisionais que existem no Ministério das Finanças, são para estes casos», adiantou.
«Quando chegarmos a essa fase, haverá os meios necessários para isso», assegurou.
Sobre a fase atual, o ministro referiu que Portugal está agora «num esforço de planeamento, articulação, de definição de prioridades, de informação».
«Estamos obviamente a incorrer em custos, mas estamos numa fase que é muito mais de coordenação e planeamento do que propriamente de grande dispêndio», disse.
Sobre o eventual envio de portugueses para o terreno, onde a infeção existe, o ministro disse que, até ao momento, o que tem sido ponderado é uma participação junto da Guiné-Bissau, enquadrada nas Nações Unidas.
«Portugal disponibilizará equipamentos médicos, medicamentos, material específico. Está também a equacionar-se a possibilidade de termos uma equipa no terreno a operar em conjugação com outras forças das Nações Unidas», adiantou.
Site com informações e recomendações disponível a partir de ontem
A Direção-Geral da Saúde (DGS) disponibilizou a partir de ontem um site com informação sobre o vírus do Ébola e que permite o esclarecimento de dúvidas, além de facultar material que pode ser impresso para ser exposto, de acordo com a “Lusa”.
A apresentação do site foi realizada durante uma reunião do dispositivo de Coordenação da Plataforma de Resposta à Doença por Vírus Ébola, que ontem analisou as várias iniciativas em curso com vista à prevenção e resposta a eventuais casos em Portugal.
A informação disponibilizada neste site – que pode ser acedido por morada própria (www.ebola.dgs.pt) ou no da DGS (www.dgs.pt) – engloba algumas dúvidas sobre a doença, como as formas de contágio, os tratamentos e a proteção.
Os cibernautas podem ainda aceder a dados sobre os riscos em viagem, qual o plano de resposta português, a situação em Portugal e os países afetados.
É disponibilizada ainda uma secção onde podem ser enviadas perguntas que serão respondidas por elementos da DGS, bem como material – folhetos e pósteres – para eventual impressão e exposição.
Simulacro de três casos suspeitos em Lisboa e Porto na sexta-feira e no sábado
Três simulacros de possíveis casos de Ébola vão sexta-feira e sábado pôr à prova a resposta portuguesa a esta infeção, a qual será avaliada in loco por peritos nacionais e internacionais, segundo foi anunciado ontem numa reunião de peritos, de acordo com a “Lusa”.
Durante o encontro do Dispositivo de Coordenação da Plataforma de Resposta à Doença por Vírus Ébola, que decorreu na Direção Geral da Saúde (DGS), na presença do ministro da Saúde, Paulo Macedo, foi revelado que dois dos três simulacros vão decorrer em Lisboa, na próxima sexta-feira.
O terceiro simulacro será no Porto e decorrerá no sábado.
Em Lisboa, o caso simulado será o de uma mulher com 28 anos, namorada de um guineense de Conacri que esteve há uma semana no funeral do pai, em Farenah.
A mulher queixa-se de febre (39,5 graus) há 24 horas, a qual não cede aos antipiréticos, e por isso decide ir a uma consulta num centro de saúde dos arredores, onde está inscrita.
No centro de saúde é acolhido o caso que é validado como suspeito através das linhas Saúde 24 e de apoio aos médicos, sendo a doente transferida, pelo INEM, para o hospital de referência, o Curry Cabral.
As análises às amostras entretanto recolhidas e analisadas no Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA) irão dar positivo à infeção por vírus do Ébola.
No mesmo dia, um outro caso simulado irá pôr à prova os dispositivos de saúde, quando um homem de 36 anos, que regressou da Serra Leoa num voo via Paris, se queixar de febre e cefaleias.
O homem ligou para a Linha Saúde 24 e, através da linha de apoio ao médico, o seu caso foi validado como suspeito à infeção por Ébola.
Neste caso, o doente será transportado para o hospital de referência (São João, no Porto), e a análise realizada no INSA irá dar positivo à infeção.
O outro caso será simulado no sábado e refere-se a uma figura pública que chega às 06:00 ao aeroporto de Lisboa, vinda da Libéria, e que se queixa de febre, cefaleias, dores abdominais e musculares.
A doente vai ligar para a Linha Saúde 24 e, depois, será transportada pelo INEM para o Hospital Curry Cabral.
As análises do INSA irão dar negativo à infeção do Ébola, tratando-se antes de um caso de Dengue.
No encontro de ontem, o diretor-geral da Saúde, Francisco George, sublinhou a importância destes simulacros, referindo que irão ser avaliados por peritos nacionais e ainda por representantes do Centro Europeu de Prevenção e Controla da Doença (ECDC). |