Ébola: SEF formou funcionários e segue «à risca» instruções da DGS – Diretor Nacional 10 de outubro de 2014 O Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) disse ontem seguir «à risca» as instruções da Direção-Geral de Saúde sobre o vírus Ébola, tendo dado formação a «todos os funcionários» dos principais postos de fronteira, nomeadamente dos aeroportos. «O SEF segue à risca as instruções da DGS e temos um estreitar de relações muito próximo, que culminou com a formação de todos os funcionários do SEF nos aeroportos, no sentido de serem esclarecidos sobre como é que esta doença se propaga”, esclareceu ontem o diretor nacional da entidade, Manuel Palos. Questionado pela agência “Lusa”, à margem da inauguração das novas instalações do SEF em Évora, o responsável reagia a declarações feitas, na quarta-feira, à “TSF”, pelo presidente do Sindicato dos Trabalhadores do SEF, Acácio Pereira. O sindicalista da estrutura representativa dos inspetores do SEF alertou que as medidas sobre o Ébola tomadas nos aeroportos «não passaram de alguma informação». Acácio Pereira reclamou equipamento especializado para os funcionários dos aeroportos, assim como «acompanhamento permanente de todos os funcionários e voos de forma mais cuidada» e com «medidas de proximidade». Confrontado ontem pela “Lusa”, o diretor do SEF frisou não haver «qualquer falta desse nível» no serviço, até porque «o surto do Ébola» tem vindo a ser acompanhado «desde o início». Exemplo dessa «preocupação», segundo Manuel Palos, foi a formação já ministrada pela DGS a «todos os funcionários do SEF que exercem funções nos principais postos de fronteira do país, nomeadamente nos aeroportos de Lisboa, Porto e Faro». «Muitas vezes, nestas questões, a falta de informação pode levar a algumas situações de alarmismo», pelo que a formação pretendeu também «evitar essa situação» e «beneficiou outros profissionais» de outras entidades que trabalham nos aeroportos. Em relação a equipamento específico para lidar com o Ébola, o SEF «segue ‘à risca’ as instruções que a DGS tem dado», sublinhou, considerando que as declarações do sindicalista não fazem «qualquer sentido». E os funcionários do SEF, em especial no aeroporto de Lisboa, que é onde existem «voos diretos, não dos países diretamente afetados, mas de países vizinhos», estão «atentos às movimentações e aos voos com determinadas proveniências», frisou. Também presente na cerimónia em Évora, o secretário de Estado da Administração Interna, João Almeida, corroborou que os funcionários do SEF «estão preparados para poder lidar com esses riscos» do Ébola. «E têm um canal aberto com a DGS para que qualquer questão seja imediatamente tratada com quem tem capacidade para o fazer», disse, repetindo que o SEF promoveu as ações de formação e adotou os procedimentos que foram indicados pela Direção-Geral de Saúde. Se a DGS disser «que é preciso subir o nível em alguma área, quer do ponto de vista da precaução, quer do ponto de vista dos procedimentos a adotar, fá-lo-emos no momento imediatamente posterior, porque esta é uma matéria que nos preocupa e na qual seremos consequentes», afirmou João Almeida. Argentina desenvolve método de diagnóstico em menos de 24 horas A Argentina desenvolveu um método para diagnosticar o Ébola, através de biologia molecular, que permite detetar o vírus em menos de 24 horas, informou ontem o Ministério da Saúde do país num comunicado, citado pela “Lusa”. O método foi desenvolvido pelo Instituto Malbrán a partir do envio de material genético viral de um centro de referência da Organização Mundial de Saúde (OMS), e é o único com estas características na América Latina. O ministro argentino da Saúde, Juan Manzur, destacou que a «Argentina é o primeiro país da América Latina que tem o diagnóstico de Ébola», sublinhou que a validação desta técnica foi feita através de um centro de referência da OMS. OMS: Doença já causou 3.865 mortes em 8.033 casos conhecidos O Ébola já provocou 3.865 mortes entre os 8.033 casos conhecidos na África Ocidental, segundo a Organização Mundial de Saúde, e seis pessoas estão internadas com suspeita de contágio pelo vírus num hospital em Espanha, avançou a “Lusa”. Segundo o balanço da OMS – com dados recolhidos até ao dia 05 de outubro -, 768 pessoas já morreram na Guiné-Conacri, onde existem 1.298 casos (confirmados, prováveis e suspeitos). A Libéria é o caso mais preocupante, com 2.210 mortes e 3.924 casos da doença, já a Serra Leoa registou, até ao momento, 879 mortes e 2.789 casos. Ainda de acordo com a OMS, que divulgou estes dados na quarta-feira, na Nigéria foram registados 20 casos de Ébola e oito mortes, no Senegal há um caso da doença. Nos Estados Unidos, um homem que regressou da Libéria morreu no Hospital Presbiteriano de Dallas, no Texas, na quarta-feira. A infeção foi confirmada por testes realizados pelo Centro de Prevenção e Controlo de Doenças (CDC). Por outro lado, os casos de Ébola que foram recentemente divulgados na República Democrática do Congo não têm aparentemente relação com os da África Ocidental. Alguns médicos, missionários, religiosos e outros estrangeiros contaminados pelo vírus em África retornaram aos seus países de origem (sobretudo europeus e norte-americanos) para tratamento, mas nem todos conseguiram sobreviver. Em Espanha, uma auxiliar de enfermagem foi infetada pelo vírus Ébola, no primeiro caso de contágio fora de África, e outras seis pessoas estão internadas para controlo e vigilância epidemiológica num hospital em Madrid. A Comissão Europeia também pediu explicações a Madrid sobre o que falhou no primeiro caso de contaminação fora de África pelo vírus Ébola, que afetou a auxiliar de enfermagem espanhola. A Europa chegou tarde ao combate ao Ébola e a comunidade internacional foi negligente, acusaram 44 especialistas mundiais em Saúde Pública. O Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, classificou, na segunda-feira, como insuficiente a resposta da comunidade internacional face ao avanço da epidemia na África ocidental. Obama salientou que vai «pressionar chefes de Estado e de Governo para que façam tudo o que puderem para se juntarem aos Estados Unidos». No total, o Pentágono poderá enviar cerca de 4.000 soldados para a África ocidental, para participarem no combate à epidemia, mais 1.000 do que o previsto no plano anunciado inicialmente pelo presidente norte-americano. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon já apelou por várias vezes à comunidade internacional para ajudar na crise do Ébola que atinge a África Ocidental. Cerca de 10 mil doses de vacinas experimentais contra o vírus, desenvolvidas pelas empresas GSK (britânica) e a NewLink Genetics (norte-americana), deverão estar disponíveis no início de 2015, divulgou a OMS. Este é o pior surto registado da doença, que foi detetada no início do ano, com o maior número de infetados e mortes. O Ébola é um vírus que foi identificado pela primeira vez em 1976. Não existe vacina, nem tratamentos específicos e a taxa de mortalidade situa-se entre os 25 e os 90 por cento. A infeção resulta do contacto direto com líquidos orgânicos de doentes – como sangue, urina, fezes ou sémen. O período de incubação da doença pode durar até três semanas. Febre costuma ser o principal sinal, acompanhada de fraqueza e dores musculares, de cabeça e de garganta. Outros sintomas que sobrevêm são náuseas, diarreia, feridas na pele, problemas hepáticos e hemorragias, interna e externa. Perito: Epidemia só comparável com a pandemia de sida na década de 80 A epidemia de Ébola que atinge a África Ocidental, com efeitos sem precedentes, é comparável à pandemia de sida no início da década de 1980, afirmou ontem um perito norte-americano, num fórum internacional em Washington. «Posso afirmar em 30 anos de trabalho na área da saúde pública, a única coisa comparável com isto foi a sida (síndrome da imunodeficiência adquirida)», cujos primeiros casos nos Estados Unidos foram reportados no início da década de 1980, disse o diretor dos Centros norte-americanos para o Controlo e Prevenção de Doenças, Tom Frieden, num fórum dedicado ao vírus do Ébola, organizado ontem na capital federal norte-americana. «Vai ser um longo combate», admitiu Frieden, de acordo com a “Lusa”, durante a iniciativa promovida pelo Banco Mundial, que contou com a presença de representantes das Nações Unidas e do Fundo Monetário Internacional (FMI), bem como dos presidentes dos principais países africanos afetados pela epidemia. «Temos de trabalhar agora para que [o Ébola] não seja a próxima sida do mundo», reforçou o especialista. O Ébola tem fustigado o continente africano regularmente desde 1976, sendo o atual surto o mais grave desde então. A atual epidemia já fez 3.865 mortos em 8.033 casos identificados, segundo o último balanço da Organização Mundial de Saúde (OMS), com dados recolhidos até 05 de outubro. Os três países da África Ocidental mais afetados pelo surto são a Libéria, a Guiné-Conacri e a Serra Leoa. |