Ébola: Teresa Romero dá negativo na prova, cumpre «critérios de cura» 22 de outubro de 2014 A auxiliar de enfermagem espanhola Teresa Romero deu negativo na sua quarta prova do vírus do Ébola, pelo que «cumpre os critérios de cura da doença, anunciou ontem um responsável hospitalar, avançou a “Lusa”. «A prova do vírus do Ébola da paciente que atendemos no nosso hospital deu resultado negativo. Este dado acrescenta-se às três provas negativas dos últimos três dias», disse em conferência de imprensa José Ramon Arribas, da Unidade de Doenças Infeciosas do Hospital Carlos III em Madrid. «A equipa médica que atende a paciente considera que se cumprem os critérios de cura do vírus estabelecidos pela Organização Mundial de Saúde», afirmou ainda. O resultado negativo foi confirmado em quatro provas realizadas em quatro dias consecutivos através do método reação em cadeia de polimérase (PCR, na sua sigla inglesa), um dos métodos mais comuns usado na deteção e diagnóstico de doenças infeciosas. Escusando-se a avançar mais dados sobre o estado de saúde de Teresa Romero, que está sem medicação específica para o vírus do Ébola desde sexta-feira, recordou que a paciente pediu para não se revelar informação mais precisa. «Posso dizer é que os pacientes que recuperam de uma doença por vírus do Ébola podem sentir alguma sintomatologia e que qualquer paciente que padeceu de uma doença muito grave tem algumas alterações que podem levar alguns dias para passar», afirmou. «Mas os pacientes com Ébola podem curar-se completamente e levar uma vida normal», disse ainda, referindo que pacientes que «que cumpram os critérios de cura não precisam de precauções adicionais de contacto». Fernando de la Calle, do Serviço Medicina Interna do Carlos III explicou que a paciente continuará a ser acompanhada e vigiada para lidar com os efeitos que o vírus teve no seu corpo. «As sequelas dependem da evolução. Uma coisa é o negativo do vírus no sangue, outra coisa foi o que fez o vírus. Vamos continuar a estudar a e vigiar para ver, com tratamentos específicos, para minimizar eventuais sequelas», disse. «Em qualquer paciente, apesar da virulência, não costumam ficar sequelas», sublinhou. Um operador de câmara da cadeia norte-americana “NBC”, que tinha sido contaminado pelo vírus Ébola quando cobria a epidemia, está curado e vai regressar a casa na quarta-feira, indicou fonte do hospital do Nebrasca onde foi tratado. Ashoka Mukpo «vai ser autorizado a sair da unidade (especializada do hospital) quarta-feira», anunciou, num comunicado, citado pela “Lusa”, fonte do Centro Médico do Nebrasca. «Um teste de sangue negativo confirmado pelos CDC (centros federais de controlo e prevenção de doenças) mostrou que Ashoka Mukpo já não tem traços do vírus no seu sangue, pelo que é livre de regressar a casa», em Rhode Island, acrescentou-se no texto. Segundo a OMS, o início das campanhas de testes de vacinas nos países afetados, previstas para janeiro de 2015, está dependente dos resultados das experiências clínicas em voluntários, que irão começar nas próximas duas semanas, noticiou a “Lusa”. « (…) não sabemos quantas doses de vacina serão disponibilizadas em 2015, mas temos a certeza que estará disponível», disse a médica Paule Kieny, assistente do diretor-geral para os Sistemas de Saúde e Inovação. Desenvolvidas pela GlaxoSmithKline (GSK) e Newlink Genetics, as duas vacinas já testadas em animais irão ser experimentadas em humanos num primeira de fase de avaliação para determinar a sua segurança, eficácia e resposta imunitária. As experiências irão continuar nos próximos meses, mas a OMS espera «obter os resultados iniciais das vacinas relativos à segurança e à imunidade para determinar os níveis das doses em dezembro de 2014», referiu Paule Kieny. Ambas as vacinas vão conter uma componente do vírus Ébola com o objetivo de estimular a resposta imunitária sem riscos de contaminação. «Não se pode ser contaminado por Ébola com a vacina», assegurou a colaboradora da OMS. A vacina ChAd3 de GSK está em fase experimental nos Estados Unidos, no Reino Unido, no Mali e vai entrar em fase de teste em Lausanne, na Suíça, no final no mês. Segundo Paule Kieny, a fase de testes em Lausanne inclui voluntários que serão submetidos a duas doses da vacina. A vacina rVSV, da Newlink Genetics, está a ser testada nos Estados Unidos e será experimentada em voluntários na Alemanha, Gabão, Quénia e em Genebra, Suíça. «Esta fase é importante porque queremos ter o máximo de dose de vacinas disponíveis (…) mas neste momento o mais importante é saber quais são as doses seguras e quais são as doses que são eficazes», sublinhou a fonte. A agência de saúde do Canadá desenvolveu inicialmente a vacina rVSV, mas vendeu a patente à empresa norte-americana Newlink Genetics. «Estas não são as únicas vacinas (…) outras empresas estão a desenvolver vacinas», apontou a médica da OMS. Em paralelo, os governos dos países mais afetados estão a debater a estratégia a adotar para implementar as campanhas de testes de vacinação, previstas em 2015. EUA: Todos os países podem fazer mais na luta contra surto Os Estados Unidos admitem que a resposta de Washington contra o atual surto de Ébola na África Ocidental não foi «suficientemente rápida», mas acreditam que os esforços em curso vão ser essenciais para vencer esta batalha humanitária. «A administração norte-americana admite que não foi suficientemente rápida para controlar a doença, mas vamos trabalhar agora e vamos fazer mais», disse ontem à “Lusa” o porta-voz em língua portuguesa do Departamento de Estado norte-americano, Justen Thomas, que se deslocou esta semana a Lisboa. Na última semana, algumas organizações têm criticado a lentidão da resposta por parte dos países e a falta de solidariedade internacional face ao surto do vírus do Ébola, que já matou desde o início do ano mais de quatro mil pessoas na África Ocidental. Uma das vozes críticas foi o presidente do Banco Mundial, Jim Yong Kim, que afirmou que o mundo «estava a perder a batalha» face ao vírus do Ébola, por falta de solidariedade internacional. A ONU lamentou igualmente o facto do fundo especial das Nações Unidas para o combate contra o Ébola contar apenas com um valor monetário pouco expressivo, quando comparado com o montante inicialmente prometido pelos países. Justen Thomas adiantou que «todos os países podem fazer mais», incluindo os Estados Unidos, para ganhar a batalha humanitária do Ébola, que representa uma ameaça tanto para a segurança internacional como para a segurança de cada país. Nesse sentido, segundo explicou o representante, os Estados Unidos estão a ajudar com valores monetários, mas também na construção de infraestruturas que não existem nos países mais afetados pela epidemia. O diretor do Media Hub of the Americas (estrutura do gabinete de relações públicas do Departamento de Estado norte-americano com sede em Miami, Florida) precisou que os Estados Unidos decidiram enviar para a África Ocidental cerca de quatro mil elementos das Forças Armadas, especialistas nas áreas de engenharia, logística e de infraestruturas, para a ajudar na construção de centros médicos, estruturas de saneamento e vias rodoviárias. «É um dever ajudar os seres humanos que estão a sofrer com esta doença. (…) Nos últimos quatro anos, os surtos de Ébola foram controlados. Sabemos que este também pode ser controlado. Conhecemos a doença, temos a informação científica sobre a doença, vamos usar essa informação para ajudar a Africa Ocidental a ganhar esta batalha», concluiu Justen Thomas. Segundo grupo de 91 profissionais de saúde cubanos partiu ontem para África Um segundo grupo de 91 profissionais de saúde cubanos, que inclui 39 médicos e 48 enfermeiros, partiu ontem para a África Ocidental para ajudar a combater o Ébola, informou o jornal oficial cubano “Granma”. Segundo o diário, 53 profissionais viajam para a Libéria e 38 para a Guiné-Conacri. Estes dois países são, a par da Serra Leoa, os mais afetados pela epidemia daquela febre hemorrágica, que matou desde o início do ano 4.500 pessoas entre mais de 9.200 infetados. A contribuição de Cuba para a luta contra o Ébola foi elogiada pela Organização Mundial de Saúde e pelo secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, que qualificou a ajuda de «resposta extraordinária». |