Ébola: Teresa Romero tem alta hospitalar, agradece a médicos e critica gestão política 624

Ébola: Teresa Romero tem alta hospitalar, agradece a médicos e critica gestão política

06 de novembro de 2014

A auxiliar de enfermagem espanhola que venceu o vírus Ébola, Teresa Romero, teve ontem alta hospitalar e, depois de agradecer à equipa médica que a assistiu, disse desconhecer as circunstâncias do seu contágio, criticando a gestão política do caso.

De acordo com a “Lusa”, Teresa Romero saiu do Hospital Carlos III de Madrid ao início da tarde, acompanhada por vários familiares, incluindo o marido, Javier Limón, que disse agora que quer desaparecer uns dias, com a mulher, para longe da atenção mediática.

«Agora vamos para onde não nos possam encontrar», desabafou, afirmando que a mulher quer descansar uns dias.

Teresa Romero, por seu lado, disse não saber como foi contagiada pelo vírus considerando que a sua cura demonstra que Espanha tem «o melhor sistema de saúde do mundo» e um «pessoal dedicado» que apesar da «nefasta direção política» consegue «fazer milagres».

Numa declaração que leu depois da alta hospitalar e perante forte presença mediática – e muitos aplausos que a interromperam várias vezes – Teresa Romero agradeceu todo o apoio que teve nas últimas semanas.

«Não sei o que falhou. Nem sequer sei se falhou algo. Só sei que não guardo rancor. Espero que se o meu contágio servir para algo que seja para que se estude melhor a doença e se possa ajudar a encontrar uma vacina ou que o meu sangue sirva para curar outros», afirmou.

«Quando me via a morrer agarrava-me às minhas recordações, à minha família, ao meu marido, que adoro. Eu estava isolada», recordou.

A declaração de Teresa Romero foi feita pouco tempo depois de uma concorrida conferência de imprensa onde a equipa médica destacou a alegria que sentia com a recuperação da paciente, a primeira infetada com Ébola fora de África.

«Foi um mês complicado para todos estes profissionais», disse Mata Mora, responsável de medicina tropical no Carlos III.

Teresa Romero e o seu marido só poderão voltar a casa, na região madrilena de Alcorcon, depois do próximo dia 11 de novembro quando as autoridades de saúde esperam ter totalmente concluídas as tarefas de limpeza e desinfeção.

Teresa Romero foi internada em 6 de outubro tendo vencido o vírus no passado dia 21.

Permaneceu em isolamento até sábado passado tendo sido transferida para um quarto normal depois de conhecidos os resultados negativos das últimas análises aos fluídos corporais.

OMS quer explicações do Canadá e da Austrália sobre fecho de fronteiras

A Organização Mundial de Saúde (OMS) pediu ontem ao Canadá e à Austrália que expliquem a decisão, tomada na semana passada, de suspenderem a entrada de imigrantes de países africanos afetados pela epidemia do vírus do Ébola.

«Estas são medidas que vão além das recomendadas pelo comité de emergência convocado pela direção-geral da OMS», disse, em declarações à agência “Frace Presse”, a responsável pelo comité de alerta da OMS, Isabelle Nuttall.

A 27 de outubro, a Austrália tornou-se no primeiro país do Ocidente a suspender a entrada de imigrantes de países africanos afetados pelo vírus do Ébola, tendo o Canadá feito o mesmo quatro dias depois.

Os dois países defenderam que a medida é necessária para assegurar que o vírus – que desde o início do ano já matou mais de cinco mil pessoas, a maioria na Guiné-Conacri, na Libéria e na Serra Leoa – não entre nos seus territórios.

A OMS exigiu à Austrália e ao Canadá que «forneçam provas ao nível da saúde pública» e «provas cientificas que justifiquem as decisões», adiantou Isabelle Nutall, acrescentando que este tipo de abordagem é feita «sistematicamente por todos os países».

«Não consideramos que fechar fronteiras seja a melhor abordagem para conseguir controlar-se a epidemia do Ébola neste momento», referiu.