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Ébola: União Africana define hoje estratégia para travar propagação

08 de setembro de 2014

A União Africana reúne-se hoje para definir uma estratégia à escala continental para combater a epidemia de Ébola, que tem assolado a África Ocidental e já matou mais de 2.000 pessoas.

O encontro do conselho executivo da União Africana, que decorrerá na sede da organização, em Adis Abeba, vai examinar as medidas de suspensão de voos e encerramentos de portos e fronteiras e a «estigmatização dos países afetados e dos seus cidadãos», de acordo com a “Lusa”.

A organização continental pretende «responder à necessidade de ter uma visão comum do vírus Ébola e adotar uma abordagem coletiva ao nível do continente, que tenha em conta o seu impacto sociopolítico e económico», segundo um comunicado da organização.

A organização pan-africana refere que os países membros estão preocupados com o encerramento de fronteiras e a suspensão de serviços aéreos, determinados por alguns países africanos, lembrando que isso poderá, «em última instância, aumentar o sofrimento» já causado pelo Ébola.

Na semana passada, o Programa Alimentar Mundial (PAM) lançou uma operação de assistência alimentar a 1,3 milhões de pessoas em três dos cinco países africanos afetados por Ébola para «evitar que uma crise de saúde se torne numa crise alimentar».

O último balanço da febre hemorrágica aponta para mais de 2.000 mortes entre os 3.500 casos registados na Guiné-Conacri, Serra Leoa, Libéria, Senegal e Nigéria.

Os números da Organização Mundial de Saúde para uma clara progressão em relação ao balanço divulgado na semana anterior.

 

ONU promove formação sobre doença na Guiné-Bissau

 

As Nações Unidas organizaram no sábado e no domingo uma formação para formadores sobre o vírus Ébola juntando cerca de 35 técnicos de saúde guineenses e de outros países da África Ocidental numa ação ministrada por especialistas da universidade John Hopkins.

Falando na abertura da formação, o novo representante do secretário-geral das Nações Unidas na Guiné-Bissau, o ex-presidente de São-Tomé e Príncipe Miguel Trovoada, considerou ser «fundamental capacitar» os técnicos nos domínios da gestão e prevenção do vírus Ébola.

A doença ainda não chegou à Guiné-Bissau, mas Miguel Trovoada quer que os técnicos estejam preparados.

«Esperamos que as pessoas saiam (da formação) com maiores conhecimentos e estejam à altura de prestar apoio à população para a prevenção e, esperemos que nunca venha a acontecer, também para no caso da declaração de uma epidemia», observou Trovoada.

Como cuidar de um paciente de Ébola, a epidemiologia da doença, o seu seguimento, técnicas de prevenção, como interromper a cadeia de infeção com o vírus e as medidas de proteção que os agentes de saúde devem adotar foram os temas da formação.

No caso específico da Guiné-Bissau, o representante da ONU disse que seria «catastrófico se a doença chegasse agora» numa altura em que o país tem pela frente «grandes desafios» no âmbito da retoma da normalidade constitucional após um período de transição que se seguiu ao golpe de Estado de abril de 2012.

De acordo com o último balanço da Organização Mundial de Saúde (OMS), divulgado na sexta-feira, a febre hemorrágica ébola provocou já 2.097 mortos, em 3.944 casos registados, nos três países mais afetados pela doença.

Segundo a mesma fonte, morreram 1.089 pessoas na Libéria, 517 na Guiné-Conacri, país que faz fronteira com a Guiné-Bissau, e 491 na Serra Leoa. A Nigéria, que não faz parte destas estatísticas, declarou 22 casos e oito mortos.

Especialistas: Plasma convalescente é «alternativa possível» para combater a doença

Especialistas de saúde reunidos em Genebra com a OMS consideraram na sexta-feira que o uso do plasma convalescente, a parte do sangue que contém os anticorpos que ajudam a combater infeção, é uma «alternativa possível» para combater o Ébola.

Desde quinta-feira, a OMS e 150 especialistas de diferentes ramos da medicina e ética discutem oito propostas de tratamentos e duas vacinas contra o Ébola, uma delas já testada com «resultados promissores» em dois profissionais da saúde na Libéria.

No final do encontro de dois dias, o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, disse que o objetivo da organização é controlar o Ébola «entre seis a nove meses».

Falando aos jornalistas no final do encontro, a diretora geral adjunta da OMS, Mary Paule Kieny, disse que os testes sobre a segurança desses potenciais tratamentos terão lugar em novembro deste ano, e, em seguida, vai fazer-se tudo o que for preciso para que os países mais afetados tenham acesso às drogas «o mais rapidamente possível».

Na lista dos medicamentos discutidos na reunião da OMS consta uma droga experimental denominada ZMapp, cujos testes deram resultados promissores na cura de macacos infetados até cinco dias depois de contraírem o vírus do Ébola.

O medicamento ainda não foi confirmado em humanos, apesar de não ter havido problemas relatados em tratamentos a dois médicos e a uma enfermeira que contraíram o vírus em Serra Leoa e Libéria.

Pesquisas anteriores já haviam sugerido o uso do plasma convalescente como alternativa ao combate à epidemia que se manifesta por hemorragias, vómitos e diarreias.

Além de avaliar a eficácia destes medicamentos, o encontro pretendia igualmente discutir as mais recentes pesquisas sobre o Ébola, bem como os desafios ligados às questões éticas, legais e regulamentares.

A propósito, a diretora geral adjunta da OMS afirmou que a reunião decidiu que, caso os testes de novembro sejam aprovados, os trabalhadores de saúde serão os primeiros a receber o tratamento, tal como recomendou o Comitê de Ética da OMS há algumas semanas.

Serra Leoa impõe recolher obrigatório de quatro dias

A Serra Leoa impôs no sábado um recolher obrigatório de quatro dias em todo o país como forma de tentar conter a propagação do vírus do Ébola.

De 18 a 21 de setembro, toda a população da Serra Leoa terá de permanecer nas suas casas, informou uma fonte oficial da Presidência do país, citada pelo jornal britânico “TheGuardian”.

A medida tem como objetivo permitir que os profissionais de saúde identifiquem e isolem novos casos de Ébola, para evitar que a doença se espalhe ainda mais, disse Ibrahim Ben Kargbo, um conselheiro presidencial.

«A abordagem agressiva é necessária para lidar com a propagação do Ébola de uma vez por todas», afirmou.