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Ébola: Vigilância reforçada para soldados norte-americanos regressados de África

28 de outubro 2014

Soldados norte-americanos que regressaram da África Ocidental estão a ser sujeitos a «vigilância reforçada» por um período de 21 dias numa base em Itália para evitar possível propagação da doença, disse ontem uma fonte do Pentágono, de acordo com a “Lusa”.

 

Em reação, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, criticou as restrições impostas nos últimos dias por vários governos estaduais norte-americanos «àqueles que têm estado na primeira linha de resposta contra o Èbola» em África. 

 

O porta-voz do Pentágono, Steven Warren, disse que embora nenhum dos militares que retornaram da região mais assolada pelo Ébola no mundo apresentem sintomas de exposição ao vírus, as autoridades norte-americanas decidiram mantê-los sob observação e acompanhados por uma equipa médica. 

 

A decisão foi tomada pelo Exército dos EUA, explicou Steven Warren, assinalando que dezenas de outros soldados que estiveram na Libéria e Senegal também serão colocados sob isolamento e sujeitos a «vigilância reforçada» por um período de 21 dias.

 

No entanto, Steven Warren afirmou que «vigilância reforçada» não corresponde necessariamente a «quarentena», mas não explicou em que é que uma coisa difere da outra. 

 

Falando ontem à imprensa, o porta-voz do secretário-geral da ONU, Stéphane Dujarric, afirmou que Ban Ki-moon considera que este tipo de políticas «enviam um sinal errado» especialmente aos profissionais de saúde que regressaram de países atingidos pela doença.

 

De acordo com o porta-voz da ONU, Ban Ki-moon qualificou estes profissionais de saúde como «pessoas excecionais que estão a sacrificar-se pela humanidade», pelo que «não devem ser submetidos a restrições que não estão baseadas na ciência».

 

Este tipo de limitações «colocam uma pressão especial sobre os trabalhadores de saúde e sobre aqueles que têm estado na primeira linha de resposta contra o Ébola», disse Stéphane Dujarric. 

 

Os Estados Unidos têm um contingente de 700 soldados na África Ocidental – 600 na Libéria e 100 no Senegal -, número que poderá atingir 3.200 soldados nas próximas semanas. 

 

As equipas militares norte-americanas criaram laboratórios móveis para testar o vírus Ébola, e estão a construir unidades de tratamento.

 

Vírus vai chegar à China, alerta cientista 

 

Um dos cientistas que descobriu o vírus do Ébola acredita que a China está sob ameaça devido ao elevado número de trabalhadores chineses em África, avançou a “Lusa”.

 

«[A situação geral] vai piorar durante algum tempo e depois esperemos que comece a melhorar quando as pessoas estiverem isoladas», disse Peter Piot, citado pelo jornal de Hong Kong “South China Morning Post”. O cientista esteve na região administrativa especial chinesa para um simpósio durante dois dias.

 

Piot, que prevê que a epidemia dure ainda entre seis a 12 meses, lembrou que «em África há muitos chineses a trabalhar».

 

«Isso pode representar um risco para a China em geral, e assumo que um dia [um surto de Ébola na China] vai acontecer», disse o diretor da London School of Hygiene and Tropical Medicine.

 

O cientista lembrou ainda que as medidas de controlo de infeções nos hospitais da China continental não estão sempre «de acordo com os padrões», colocando a saúde pública em risco.

 

Piot sublinhou a importância de formar pessoal capaz de identificar passageiros aéreos de risco antes de embarcarem e alertou que as medidas de segurança aplicadas no aeroporto Chek Lap Kok, em Hong Kong, são insuficientes.

 

«Rastreio generalizado [à chegada] não é eficaz, para ser honesto. O método mais eficaz é verificar as pessoas antes de entrarem no avião», afirmou.

 

No domingo, um homem chegado da Nigéria teve de ser submetido a exames médicos por receio de ser portador do vírus. Os testes acabaram, no entanto, por dar negativo.