Ébola: Vírus já causou 5.177 mortos em oito países – OMS 752

Ébola: Vírus já causou 5.177 mortos em oito países – OMS

17 de novembro de 2014

O vírus Ébola já causou 5.177 mortos em oito países, de um total de 14.413 casos registados desde dezembro do ano passado, revelou a Organização Mundial de Saúde (OMS), na sexta-feira.

Os países com maior número de mortes, por infeção do Ébola, são a Guiné-Equatorial, a Serra Leoa e a Libéria, sendo que neste último foi levantado o estado de emergência.

De acordo com a “Lusa”, na quarta-feira, a OMS tinha contabilizado 5.160 mortos e 15.098 pessoas infetadas.

Do total de vítimas mortais, a OMS regista 2.812 na Libéria, 1.187 na Serra Leoa e 1.166 na Guiné-Equatorial.

No Mali, o mais recente país africano a registar casos de Ébola, morreram três pessoas, em quatro casos detetados.

Foram registados ainda casos na Nigéria, Senegal, Nigéria, Espanha e Estados Unidos.

Dirigentes do G20 comprometem-se a erradicar epidemia

Os dirigentes dos países mais ricos do mundo prometeram no sábado fazer o possível para «erradicar» a epidemia de Ébola, durante uma reunião do G20, na Austrália.

«Os membros do G20 comprometem-se a fazer tudo o que puderem para que os esforços internacionais levem à erradicação da epidemia e a cobrir as suas consequências económicas e humanitárias a médio prazo», indicou o G20, num comunicado divulgado no primeiro dia da cimeira e citado pela “Lusa”.

O surto de Ébola já matou mais de cinco mil pessoas, a maioria na Libéria, na Serra Leoa e na Guiné Conacri, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS).

«Vamos trabalhar através de cooperações bilaterais, regionais e multilaterais e em colaboração com atores não-governamentais», acrescenta o comunicado, sem avançar nenhum compromisso financeiro.

Os chefes de Estado e de Governo apelaram, por seu lado, ao Banco Mundial (BM) e ao Fundo Monetário Internacional (FMI) para «continuarem o seu forte apoio aos países afetados», encorajando-os a «explorar novos mecanismos flexíveis para fazer face às expectáveis repercussões económicas».

O BM aproveitou a cimeira para defender o seu projeto de criação de um “Fundo de Emergência” destinado a melhorar a resposta às próximas pandemias, para evitar que se repita a reação lenta, tardia e muito fragmentada como aconteceu com o vírus do Ébola.

A instituição estima que a propagação da epidemia atual possa custar à África Ocidental mais de 32 mil milhões de dólares até ao final de 2015.

Por seu lado, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, apelou aos países do G20 para que «intensifiquem a resposta internacional» para travar a propagação do Ébola.

A ONG Oxfam estimou na quinta-feira que «quase metade» dos membros do G20 (que inclui as maiores economias do mundo e os países emergentes) não contribuíram com a «sua parte» em termos de participação financeira na luta contra o Ébola.

Numa petição conjunta, ONG como a Oxfam e a Save apelaram aos países do G20 – que representam 85% da riqueza mundial – para unirem esforços, uma vez que os financiamentos, os meios pessoais e os equipamentos de saúde no terreno estão a tornar-se gravemente insuficientes.

República Democrática do Congo declara fim da epidemia

As autoridades de Kinshasa anunciaram no sábado o fim da epidemia do Ébola, que tinha sido declarada oficialmente no final de agosto numa zona isolada da República Democrática do Congo (RDCongo), provocando 49 mortos.

O ministro da Saúde congolês, Félix Kabange Numbi, indicou igualmente que a RDCongo acabou a formação de um primeiro grupo de 180 pessoas especializadas na luta contra esta doença, «pronto para intervir na Guiné-Conacri, na Serra Leoa, na Libéria e no Mali».

Na RDCongo, «o fim da epidemia (…) não significa que o perigo está totalmente ultrapassado», porque o Congo «continua, como todos os outros países do mundo, sob a ameaça de casos de importação da doença do vírus do Ébola», sobretudo a partir do Oeste de África, declarou Kabange, durante uma conferência de imprensa em Kinshasa.

O anúncio do fim da epidemia acontece 42 dias depois do registo do último caso de doença provocado pelo vírus, a 04 de outubro, e menos de três meses depois do seu reconhecimento pelas autoridades. A duração da incubação do vírus do Ébola é de 21 dias.

«Convido toda a população congolesa a guardar e a praticar todas as medidas de higiene elementar, nomeadamente a lavagem de mãos com sabão ou com cinza», acrescentou.

O ministro convidou também o pessoal médico a observar as «medidas universais de higiene hospitalar e de controlo da infeção» e pediu-lhes que exortem «as populações que vivem ao redor da floresta a evitar tocar ou consumir animais encontrados mortos nas florestas».

As autoridades congolesas tinham declarado oficialmente a epidemia do Ébola a 24 de agosto.

Esta epidemia registada na RDCongo corresponde a uma variação do vírus e é distinta da que grassa no Oeste de África.

No Congo, a doença atingiu uma região encravada da província do Equador (Noroeste), em plena floresta equatorial, no distrito de Boende (800 quilómetros a nordeste de Kinshasa).

Médico infetado em estado «extremamente crítico»

O médico da Serra Leoa que está a receber tratamento nos Estados Unidos depois de ser infetado com Ébola encontra-se em estado «extremamente crítico», de acordo com fonte hospitalar.

Martin Salia, residente nos Estados Unidos, foi infetado com o vírus depois de tratar pacientes no seu país de origem, tendo sido transportado para Omaha, no Nebraska, no sábado, onde está a receber acompanhamento médico.

O Centro Médico da Universidade do Nebraska, onde Salia está em isolamento, informou que o seu estado «ainda é extremamente crítico».

Salia é a terceira pessoa infetada com Ébola a ser tratada neste centro – os dois doentes anteriores sobreviveram.

Dos nove infetados com o vírus tratados nos Estados Unidos, antes da chegada de Salia, apenas um, o liberiano Thomas Eric Duncan, morreu.

China enviou 160 técnicos de saúde para combater o vírus na Libéria

Cento e sessenta trabalhadores chineses de saúde chegaram à Libéria, o país mais atingido pela epidemia de Ébola, onde vão construir e gerir um centro de tratamento, anunciou a embaixada chinesa em Monróvia, num comunicado enviado à “AFP”.

«Recebemos o nosso primeiro contingente médico, composto por 160 pessoas», no sábado, na capital liberiana, indicou o embaixador da China em Monróvia, Zhang Yue, citado no comunicado.

Todos são «experientes» e participaram na mobilização contra o vírus da Síndrome Respiratória Aguda Severa (SARS), que provocou uma grave crise sanitária mundial em 2003 e fez cerca de 800 mortos, principalmente na Ásia.

Segundo a embaixada, tratam-se de «enfermeiros, médicos, epidemiologistas, engenheiros e técnicos» que trabalharão num centro de tratamento do Ébola financiado pelo Governo chinês, com um custo estimado de 41 milhões de dólares (cerca de 33 milhões de euros).

Inicialmente criticada pela sua falta de capacidade de resposta, quando está cada vez mais presente economicamente no continente africano, a China tinha anunciado em outubro a concessão de 82 milhões dólares (cerca de 65,5 milhões de euros) para assistência de emergência e prometeu enviar «dezenas de especialistas» para treinar equipas médicas em África.

No comunicado, a embaixada chinesa anuncia o envio próximo, por Pequim, para a Libéria, Serra Leoa e Guiné Conakry, de vários equipamentos e materiais, como ambulâncias, veículos todo-terreno, motocicletas, bicicletas e equipamentos de proteção.