O Centro Europeu de Controlo de Doenças (ECDC) apresentou um relatório sobre o conhecimento, atitudes e comportamentos dos profissionais de saúde europeus em relação a antibióticos, uso de antibióticos e resistência a antibióticos.
Este estudo resulta de um inquérito dirigido aos vários profissionais que contactam diariamente com antibióticos nos 30 países da União Europeia (UE) e Espaço Económico Europeu (EEE) e tinha o objetivo de averiguar o conhecimento dos profissionais de saúde no que se refere a antibióticos.
Foram 18.506 profissionais que responderam ao inquérito promovido pelo ECDC. A maioria exercia a sua profissão no setor hospitalar, 49%, seguidos por profissionais dos cuidados primários, 22%, farmácias, 10%, instituições cuidados continuados, 6%, institutos de saúde pública, 4%, instituições governamentais/industriais/profissionais, 4%, academia, 2%, e menos de 1% em setores diferenciados. Em Portugal responderam 386 profissionais de saúde, dos quais 184 são farmacêuticos.
Segundo o apurado, 96% acha que sabe o que é a resistência a antibióticos, mas apenas 80% considera que têm conhecimento suficiente sobre como usar antibióticos adequadamente na prática corrente.
Contudo, apenas 58% dos entrevistados conseguiram responder corretamente a todas as questões, donde se destaca a Croácia com 73% e a Irlanda com 71%. Já em Portugal, apenas 53% dos portugueses inquiridos acertou todas as questões, um valor abaixo da média de 58%.
Os médicos com 68%, cientistas com 64%, e farmacêuticos com 59%, foram as três classes profissionais que mais acertaram nas suas respostas.
Cerca de 52% dos entrevistados não tinha certeza se seu país tinha um plano de ação nacional para resistência antimicrobiana (RAM) em vigor. Os portugueses foram dos que mais afirmaram da existência de um plano nacional, a par da França, Irlanda, Luxemburgo, Noruega, Espanha, Suécia, Reino Unido.
Quanto aos inquiridos que afirmaram ter contacto direto com o público, 75% concordaram que tinham fácil acesso a diretrizes sobre a gestão de infeções, 68% concordaram que tinham fácil acesso a materiais para aconselhamento sobre uso prudente de antibióticos e resistência a antibióticos, e 72% concordaram que tinham boas oportunidades para fornecer conselhos ao público sobre este tema.
Os profissionais de saúde destacaram algumas barreiras no fornecimento de um adequado aconselhamento e educação dos utentes, tais como limitações de recursos e pressões de tempo.
Entre os prescritores, a maioria concordou que a resistência a antibióticos é um fator importante a ser considerado no tratamento dos utentes. No entanto, “o medo da deterioração do estado de saúde dos utentes ou o medo de complicações” é um fator comum para a prescrição de antibióticos.