Economistas propõem iniciativas para eliminar hepatite C em Portugal
14 de setembro de 2017 Um grupo de investigadores da Nova School of Business and Economics (Nova SBE) consideram que a eliminação da hepatite C não é uma questão de financiamento e identificaram iniciativas concretas para Portugal eliminar o vírus até 2030. O estudo “Eliminar a hepatite C em Portugal: da visão à ação”, apresentado na terça-feira na Faculdade de Economia e enviado ontem à “Lusa”, pretende contribuir para a implementação de um plano estratégico nacional centrado na proximidade, simplificação e integração de processos. «Apresentamos propostas, recomendações e soluções muito concretas. Se amanhã o Governo quiser pegar no nosso documento para implementar as iniciativas, pode fazê-lo», explica João Marques Gomes, coordenador e um dos autores do estudo, acrescentando que existem até recomendações para a implementação das propostas. Em causa, considera, não estão questões de financiamento, mas de organização, já que a simplificação de alguns procedimentos permite reduzir custos e reorientar capital para os incentivos necessários. Segundo o investigador, Portugal comprometeu-se com o objetivo da Organização Mundial de Saúde (OMS) de eliminar a hepatite C enquanto problema de saúde pública até 2030, mas, na altura em que se iniciaram os trabalhos, ainda não havia nenhum plano estratégico neste sentido. Com o objetivo de «passar da visão à ação», os investigadores da unidade de investigação da Nova SBE dedicada às temáticas da gestão e economia da saúde pública (Nova Healthcare Initiative) mapearam o percurso de diferentes perfis de doentes e identificaram as principais dificuldades. «Fizemos um diagnóstico muitíssimo rigoroso», conta João Marques Gomes, esclarecendo que a equipa teve o contributo de vários especialistas e representantes de todas as partes interessadas (incluindo médicos, Direção-Geral de Saúde, Ministério da Justiça e ONG próximas dos doentes) para desenhar o melhor plano de ação. No documento final, os investigadores apresentam um conjunto de propostas com vista à maior proximidade ao doente, como o diagnóstico e tratamento na comunidade, a existência de um gestor de caso, que facilite a coordenação entre os diferentes pontos de contacto do sistema de saúde, e de um navegador de saúde, que acompanhe o doente desde o diagnóstico até ao fim do tratamento, em particular em casos de exclusão social. O estudo propõe também o rastreio universal para a população adulta e a facilitação do rastreio e do tratamento que, segundo João Marques Gomes, são atualmente processos complexos e «autênticos labirintos». O coordenador considera que se Portugal aplicar estas propostas, está em condições de eliminar a doença até 2030, conforme o objetivo definido pela OMS. |