Com as Jornadas Mundiais da Juventude (JMJ) prestes a começar, muitas são as medidas, sendo elas excecionais ou não, que vão ser implementadas na zona de Lisboa (neste caso Lisboa e Loures). Uma dessas exceções tem a ver com a dispensa de medicamentos a peregrinos com doenças crónicas, mesmo sem a apresentação de receita médica.
A medida foi anunciada numa Circular Informativa do Infarmed do final de junho, com o Netfarma a tentar agora perceber junto da Associação Nacional das Farmácias (ANF) em que moldes decorrerá este processo. Isto, claro, além de outras informações adicionais relevantes relacionadas com o evento.
Miguel Samora, membro da direção da ANF, lembrou que a existência da medida tem a ver com a quantidade estimada de pessoas que estará pela região onde se realizam as JMJ. Os números não são passíveis de certeza, mas ao encontro do que tem sido divulgado, Miguel Samora lembrou que a população em Lisboa “mais do que vai duplicar”, podendo então ser superior a “um milhão de pessoas”.
“Temos, portanto, uma grande incidência de pessoas e expectável que as pessoas se esqueçam dos seus medicamentos. Nós nas farmácias, diariamente, especialmente em zonas turísticas, somos confrontados muitas vezes com isso: pessoas que se esqueceram dos medicamentos para as doenças crónicas em casa, que não trouxeram ou, por exemplo, perderam“, frisou.
Importa então perceber como funcionará todo este processo sendo que, já da sua génese, este não é completamente claro, sendo, no entanto passível de ser conseguido, como disse Miguel Samora. É preciso atestado ou declaração médica? Algo que justifique a doença? “[…]devidamente identificados com o seu cartão de peregrino inscrito nas JMJ e que justifiquem a respetiva condição de possuir doença crónica” é o que diz apenas a circular do Infarmed.
“A circular do Infarmed não especifica quais são os documentos que as pessoas têm de apresentar. Parte dos farmacêuticos, com a pessoa que têm à frente, colocar questões e tentar perceber se a pessoa sabe, ou não, a medicação que toma e para que doença crónica é. Com um utente à nossa frente e um reduzido número de perguntas conseguimos logo perceber se este sabe o que toma e que condição tem. Conseguimos despistar isto com alguma facilidade”, garante, lembrando a necessidade da confirmação de inscrição nas Jornadas.
O responsável da Associação Nacional das Farmácias diz que “terá que ser assim”, com “sensibilidade e bom senso”, algo que foi “passado às farmácias”. “Temos que ter a garantira de que a pessoa à nossa frente nos diz o medicamento que realmente toma, na dose certa, para que nós tenhamos a segurança para o dispensar quando este é pedido”, acrescentou, destacando ainda que as farmácias têm “pessoas qualificadas” para que tudo corra pelo melhor.
Além de ter dito que em “caso de inspeção”, todas as dispensas serão registadas e tudo o que acontecerá afeto às JMJ será identificado, lembrou ainda a questão do stock, algo para o qual a ANF também sensibilizou e alertou as farmácias.
“Temos sensibilizado as farmácias para se munirem de stock, para garantir que temos medicamentos capazes de cumprir as necessidades dos peregrinos. Tivemos o cuidado junto das autarquias e da organização de garantir o acesso das farmácias aos medicamentos. Temos zonas que estão completamente cortadas ao trânsito. Estivemos sempre em contacto com a ADIFA para garantir que as carrinhas de medicamentos sejam consideradas exceção e que consigamos fornecer as farmácias os medicamentos”, espera.
Além deste assunto, Miguel Samora releva a ajuda imediata que a ANF deu para “mobilizar as farmácias, que responderam imediatamente de forma afirmativa”. “Vamos ter um reforço bastante grande em termos de disponibilidade das farmácias. Trinta e quatro farmácias vão ter um horário alargado, teremos mais farmácias no período noturno e a garantirem o acesso ao medicamento durante a noite, para além das farmácias que estão abertas 24 horas e já existem um pouco por todo o lado”, finalizou.
“As farmácias estão preparadas”, diz Ema Paulino
Ainda do lado da ANF, numa resposta enviada ao Netfarma, é referido que desde “há vários meses” que se desenvolvem “um conjunto de iniciativas para garantir a melhor assistência farmacêutica à população, nomeadamente a todos os participantes do evento”. Lê-se ainda que “desde o primeiro momento foi promovida uma estreita colaboração com as principais entidades envolvidas na organização da Jornada Mundial da Juventude, nomeadamente, a comissão organizadora da JMJ, as Câmaras Municipais de Loures e de Lisboa e o Infarmed”.
“As Farmácias estão preparadas e mobilizadas para o apoio necessário à população e a todos que os que nos visitam neste período da Jornada Mundial da Juventude”, adiantou Ema Paulino, Presidente da ANF.
A Associação Nacional das Farmácias explica ainda que foi atempadamente “planeado um reforço da assistência farmacêutica à população, alertando e mobilizando as farmácias das zonas mais impactadas, nomeadamente no que respeita ao alargamento dos seus horários de funcionamento, ao reforço do serviço noturno de turnos e ao aumento do stock de medicamentos e produtos de saúde, no sentido de dar resposta ao aumento das solicitações”.
“Neste âmbito, o Infarmed publicou uma circular, onde destaca a possibilidade de aumento da procura de determinados medicamentos de acordo com os dados de consumo entre as populações mais jovens”, é também referido.
“As farmácias inseridas nos locais mais impactados, e com maiores restrições de circulação têm merecido particular atenção da Associação, no sentido de reforçar junto das entidades envolvidas, a necessidade de garantir o seu regular funcionamento. Nesse âmbito, as Autarquias de Lisboa e Loures asseguraram horários específicos de abastecimento dos diversos estabelecimentos, não obstante, os condicionamentos da circulação rodoviária”, conclui.