Ema Paulino defende que farmácias podem ser “primeira porta de entrada” no SNS 653

A presidente da Associação Nacional de Farmácias (ANF) defendeu esta quarta-feira que as farmácias podem ser uma “primeira porta de entrada” no Serviço Nacional de Saúde, fazendo uma avaliação prévia das situações, o que reduziria a pressão sobre o SNS.

A intervenção das farmácias na jornada de saúde das pessoas vai ser o tema em destaque no 14.º Congresso das Farmácias, com o lema “A Saúde Próxima de todos”, que se realiza entre quinta-feira e sábado no Centro de Congressos de Lisboa.

“Este encontro nacional dos farmacêuticos visa no fundo debater as muitas formas como as farmácias comunitárias, nomeadamente através das suas equipas altamente qualificadas, podem contribuir em complementaridade com as estruturas do Serviço Nacional de Saúde para melhorar o acesso aos cuidados de saúde, nomeadamente em termos de poderem ser uma primeira porta de entrada para o Serviço Nacional de Saúde”, defendeu à agência Lusa a presidente da ANF.

Ema Paulino explicou que as farmácias podem fazer uma primeira abordagem para avaliar o que pode ser tratado diretamente na farmácia comunitária, como medicamentos não sujeitos a receita médica ou medidas não farmacológicas, e os casos que carecem de referenciação para o médico.

Segundo a responsável, esta “triagem prévia” reduziria a pressão também sobre o sistema de saúde e garantiria que “o investimento que a sociedade faz em medicamentos se transforma verdadeiramente em resultados em saúde e numa boa qualidade de vida para os portugueses”.

É sobre isto que nós queremos discutir, sobre assumir estas responsabilidades, e fazermos parte da solução para o Serviço Nacional de saúde e para um sistema nacional de saúde que se pretende inclusivo e equitativo e próximo das pessoas”, salientou.

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) concluiu recentemente que a expansão do papel das farmácias e dos farmacêuticos nos cuidados clínicos pode melhorar a acessibilidade aos medicamentos e a outros cuidados de saúde, otimizando os resultados da sua utilização

O Ministro da Saúde anunciou dois projetos que serão desenvolvidos este ano com as farmácias, em que estas podem fazer a renovação automática da medicação de doentes crónicos e a dispensa de medicamentos hospitalares em proximidade.

Destacando o “grande impacto” destas medidas na vida das pessoas e no alívio da sobrecarga dos serviços e profissionais do SNS, a associação de farmácias defende que há outros procedimentos que poderiam melhorar todo o sistema, nomeadamente o farmacêutico comunitário poder alterar a dosagem do medicamente prescrito, o que atualmente não é possível.

“Tendo em conta que a renovação da terapêutica é um dos principais motivos de deslocação das pessoas que vivem com doença às unidades de cuidados de saúde primários em Portugal, seria uma medida com grande impacto numa melhor gestão da escassez dos medicamentos, na equidade no acesso ao medicamento”, refere a ANF.

Ema Paulino adiantou que há países que já adotaram este mecanismo, tendo protocolos de gestão de disponibilidade em que é feita uma avaliação sobre as alternativas existentes e o farmacêutico pode dispensar essa alternativa, evitando que o utente se desloque novamente ao médico para ter uma nova prescrição.

“Mas, ao dia de hoje, eu acredito que as pessoas não ficam sem alternativa e que o farmacêutico, dentro daquilo que pode fazer, contribui para que a pessoa tenha acesso ao seu medicamento, mas de facto é importante aprofundar estes mecanismos e trabalhar em conjunto os farmacêuticos, os médicos e as autoridades no sentido de serem identificadas estas situações e desde logo serem colocadas em prática”, defendeu.