Empresa do Calcitrin alega que OF quer beneficiar outras marcas 837

15 de Janeiro de 2016

A empresa que comercializa o suplemento alimentar Calcitrin questionou ontem a Ordem dos Farmacêuticos sobre a «guerra» que abriu contra este produto e lança suspeitas sobre a sua intenção de prejudicar o desempenho comercial desta marca para beneficiar outras.

Na base das suspeitas está o facto de a Ordem dos Farmacêuticos protagonizar uma guerra «injusta e injustificável» especificamente contra o Calcitrin, um suplemento que é líder de mercado, mas não é vendido nas farmácias.

Num comunicado, citado pela “Lusa”, a empresa Viva Melhor afirma que a «guerra pública» que o bastonário da Ordem dos Farmacêuticos (OF) desencadeou em dezembro contra o suplemento alimentar «tem tanto de estranha como de suspeita razão de ser».

Para a empresa, esta «recente e inexplicável» inimizade «levanta no setor uma séria suspeita de que a verdadeira intenção do bastonário seja apenas interferir no desempenho comercial das marcas, favorecendo a venda daquelas que não nomeia e das quais não se queixa, enquanto prejudica a única que tomou como alvo da sua guerra pessoal».

Como tal, questiona publicamente Carlos Maurício Barbosa sobre «o que é que o faz correr contra» o produto e «que benefícios são gerados – e para quem – sempre que as vendas do Calcitrin são afetadas pela sua ação mediática alarmista».

Para sustentar tais dúvidas, a Viva Melhor alega que, de entre os vários suplementos alimentares comercializados, há mais de uma dezena de marcas a anunciarem produtos que suplementam cálcio e que no dia em que o bastonário se queixou do anúncio do Calcitrin «havia pelo menos mais três marcas a publicitarem produtos concorrentes na imprensa e na televisão».

Além disso, estranha e classifica de contraditório o facto de a OF ter apresentado no final de 2011 Normas e Orientação Terapêutica que recomendam o uso de suplementos de cálcio e vitamina D contra a osteoporose, mas simultaneamente «protagonizar uma guerra pessoal injusta e injustificável contra o Calcitrin – por sinal líder de mercado e não vendido nas farmácias», afirma.

Este produto, garante a empresa, está «devidamente licenciado e comprovadamente adequado às finalidades a que se destina, produzido segundo as regras mais rigorosas de qualidade certificada, analisado diversas vezes pelas entidades oficiais e presente no mercado há seis anos sem qualquer reclamação ou notificação de algum problema».

Em dezembro a Ordem dos Farmacêuticos interpôs uma providência cautelar requerendo a suspensão da publicidade ao produto «alegando que lesam o direito dos cidadãos à saúde», por poder originar consumo de forma indiscriminada, causando lesões sérias e de difícil reparação, mas a empresa afirma que ainda não foi notificada da ação.

Dias depois, a Direção Geral de Alimentação e Veterinária, autoridade competente em matéria de suplementos alimentares, emitiu um comunicado, no qual esclarece que «nos suplementos alimentares com cálcio, como o Calcitrin, está autorizada (devidamente avaliada) a utilização, entre outras, da alegação “O cálcio é necessário para a manutenção de ossos normais”».

Já este mês a OF solicitou a intervenção direta do ministro da Saúde para travar os anúncios publicitários.