As empresas portuguesas vão voltar a registar um aumento dos custos com planos de saúde no próximo ano. Esta é a conclusão principal do estudo “2022 Global Medical Trend Rates Report”, realizado pela Aon.
De acordo com este estudo, espera-se que estes custos venham a aumentar 4% em termos brutos em 2022, uma subida superior ao aumento de 1,2% previsto para a inflação em Portugal.
Neste momento a subida encontra-se nos 2,8%, uma percentagem 1,2% superior em comparação com o período homólogo, ano em que os custos com planos de saúde disponibilizados pelas empresas aos seus colaboradores subiram 3% e a inflação 1,4%.
Existem diversos fatores que vão impactar a subida dos custos com a saúde para as empresas: o envelhecimento da população, o declínio geral da saúde (resultado da ausência de diagnostico e de acompanhamento para algumas situações clínicas consideradas “não urgentes” durante este tempo de pandemia), estilos de vida pouco saudáveis (associados ao sedentarismo, stress e maus hábitos de nutrição), e o aumento da prevalência de doenças crónicas (impacto a longo prazo que o adiamento das idas ao médico durante a pandemia), que terá tendência a um crescimento de custos.
Cerca de 60% dos países inquiridos reportaram níveis de utilização do plano de saúde por parte dos colaboradores inferiores ou muito inferiores aos níveis observados durante o ano pré-pandémico de 2019.
Relativamente às patologias mais referidas, destaca-se a doença mental, no top 5 na Europa, o que pode ser visto como uma condição “agravada pela pandemia e pela forma como obrigou a uma adaptação forçada nos estilos de vida e de bem-estar, quer pelas horas de trabalho excessivas, pela dificuldade de separação do ambiente profissional e pessoal, pelo medo, ansiedade e incerteza gerados pelo contexto a que todos fomos expostos, ou até a situações mais extremas de solidão e vícios/dependências que se agravaram”, indica o estudo.
Quando analisadas as tendências por região, a América Latina e Caraíbas destaca-se com o maior aumento dos custos de saúde face ao ano anterior, de 8.8% para 10.6%. Em oposição, e a assinalar uma diminuição com os custos de saúde, encontram-se a região do Médio Oriente e África, que passou de 12% para 11.1%, e a América do Norte, que desceu de 7.0% para 6.6%. Com uma tendência estável encontramos as regiões Ásia-Pacífico e Europa, a registarem 8.2% e 5.6% respetivamente.
O estudo mostra também, que em termos globais as coberturas dos planos de saúde mais procuradas são as que estão relacionadas com a hospitalização (88%), os serviços clínicos de laboratório e de análises clínicas (83%), e os serviços médicos (74%).
As projeções com os custos de saúde associados a cada patologia retratam uma situação muito idêntica em todos os países. A nível global as condições cardiovasculares e cancerígenas, 65% e 64% respetivamente, seguindo-se das condições de pressão arterial elevada ou de hipertensão, com 56%, foram as que registaram o maior custo nos planos de saúde.
Na Europa destacam-se as doenças relacionadas com a doença mental (48%), o que vem mostrar o impacto que a pandemia estar a ter nas rotinas da população. O top 5 em Portugal regista ainda as doenças cardiovasculares, cancerígenas, diabetes, musculoesqueléticas associadas a problemas de costas e pressão arterial elevada ou hipertensão como as que mais contribuem para os custos dos planos de saúde empresariais.
No que diz respeito aos fatores de risco que determinam os custos associados ao plano de saúde empresariais verifica-se que os efeitos da pandemia tiveram um grande impacto na saúde dos colaboradores, nomeadamente os maus hábitos de estilo de vida que se deterioraram com os confinamentos.
Quando comparados com o período homólogo, os fatores de risco que registaram uma subida significativa foram os que estão relacionados com a falta de exercício físico (62% vs 54%) e a incorreta gestão do stress (56% face a 47%).
Em Portugal, o top 3 dos fatores de risco são a falta de rastreio médico (também associado à pandemia, devido ao adiamento de idas ao médico durante este período), a condição genética e o envelhecimento da população.
No sentido de mitigar o aumento dos custos dos planos de saúde, as empresas começaram a desenvolver programas ligados à promoção da saúde e do bem-estar dos colaboradores. Ações relacionadas com promoção de alimentação saudável, atividade física (ambos com 72%) e controlo de peso (64%) são algumas medidas adotadas pelas empresas.