Enfermeiros denunciam «rutura» na gastrenterologia do Hospital de Santa Maria
02 de setembro de 2014
O serviço de gastrenterologia do Hospital de Santa Maria, Lisboa, está »em rutura» por falta de enfermeiros, denunciou ontem em comunicado o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP).
Neste mês, explicou o sindicato, o serviço, com 21 camas/doentes, fica assegurado por apenas seis enfermeiros, «devido à gravíssima carência de profissionais, agravada pelas férias e licença de casamento previstas na equipa».
Porque os enfermeiros «não conseguem dar resposta às necessidades dos utentes e das suas famílias» o «serviço entra em rutura», disse o SEP.
E explica que é uma situação que resulta da desvalorização profissional, salarial e das carreiras profissionais, que tem provocado a desmotivação nos trabalhadores da saúde, «o que leva a que muitos deles emigrem ou se transfiram para o setor privado».
«Os últimos Governos, numa clara linha de desinvestimento dos serviços públicos, têm dificultado a admissão de trabalhadores na Administração Pública o que tem agravado a carência de enfermeiros com a não substituição das saídas, provocando dotações não seguras nos serviços», afirma-se no comunicado.
Segundo as contas do SEP, nos últimos dois anos saíram 179 enfermeiros do Centro Hospitalar Lisboa Norte, aos quais se somam mais 30 que saíram nos últimos meses. Com a saída de mais de 200 enfermeiros é insuficiente a anunciada contratação de 75 profissionais, frisa o sindicato, que exige a contratação de enfermeiros em número adequado às necessidades, apontou a “Lusa”.
Na última sexta-feira o bastonário dos enfermeiros, Germano Couto, já tinha alertado para a situação de rutura a que chegaram muitos serviços de saúde por falta de enfermeiros, revelando que a Ordem deverá avançar com um processo judicial contra a ministra das Finanças.
A Ordem dos Enfermeiros considera «ser preciso dizer basta», afirmou Germano Couto, dizendo que depois de, «nos últimos anos», os hospitais e os centros de saúde terem vindo a ser «escalpelizados completamente de recursos humanos, nomeadamente na área da enfermagem», nos «últimos seis meses tem-se assistido à rutura» de serviços e dos próprios enfermeiros, que estão «exaustos».
«Não há solução para isto. Ou se contrata enfermeiros ou é preciso dizer basta, fechar serviços, fechar camas hospitalares e o Governo pensar realmente o que quer para a saúde dos portugueses», afirmou o bastonário, em declarações aos jornalistas em Ponta Delgada, nos Açores.