Enfermeiros do Centro denunciam insuficiência de profissionais 651

Enfermeiros do Centro denunciam insuficiência de profissionais

17 de setembro de 2014

A secção regional do Centro da Ordem dos Enfermeiros denunciou ontem que, na região Centro, 75% dos serviços e instituições de saúde têm dotações inseguras nos cuidados de enfermagem, profissionais insuficientes e outros défices de funcionamento.

«Claro que há exceções e que dentro de uma instituição poderão haver serviços e unidades que apresentam dotações seguras. É algo que está visível, que o Ministério sabe, mas é algo que continua a não ser primordial. Não se entende porquê, quando está em causa a população portuguesa e a sua saúde», referiu o presidente do Conselho de Enfermagem Regional do Centro, Hélder Lourenço, citado num comunicado daquela estrutura.

Segundo Hélder Lourenço, as próprias administrações e direções das instituições e serviços reconhecem as lacunas, mas as tentativas para as minimizar esbarram, em última instância, no bloqueio do Ministério das Finanças.

A Ordem dos Enfermeiros aprovou em maio a Norma Para o Cálculo das Dotações Seguras dos Cuidados de Enfermagem, que norteia o número adequado de profissionais para cada serviço, de acordo com as intervenções que realiza.

Segundo a secção regional, «não é apenas o número de enfermeiros que será importante para determinar a qualidade e a segurança dos cuidados em cada serviço, existem outros fatores igualmente preponderantes, nomeadamente as condições de trabalho e a organização dos serviços».

«O levantamento realizado pela secção regional revela que as organizações, sejam dos cuidados de saúde primários, sejam diferenciados, sejam até da Rede Nacional dos Cuidados Continuados Integrados (RNCCI), muitas vezes não levam em conta esse item das Dotações Seguras», lê-se no documento citado pela “Lusa”.

De acordo com Hélder Lourenço, «está-se bastante aquém daquilo que é considerado essencial e básico para que se prestem cuidados de saúde à população da zona centro, com a qualidade mínima exigida para um cidadão».

O presidente do Conselho de Enfermagem Regional do Centro considera «importante que os enfermeiros tenham tempo para o acompanhamento adequado dos seus utentes, para prevenir alguma intercorrência que faça com que rapidamente o cidadão regresse aos serviços de saúde porque o problema não foi debelado».

Em 2014, a estrutura garante ter efetuado visitas de acompanhamento do exercício profissional a 20 unidades em Agrupamentos de Centros de Saúde (área dos cuidados primários), a 30 serviços em centros hospitalares ou unidades locais de saúde (área dos cuidados diferenciados), ainda a três unidades da Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados e a mais duas em unidades de saúde privadas da região.