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Enfermeiros do Centro lamentam atropelos à segurança dos doentes

17 de Setembro de 2015

A Secção Regional do Centro (SRC) da Ordem dos Enfermeiros (OE) criticou ontem um «dos momentos mais difíceis da história da enfermagem, em que se vive uma fase de atropelos à qualidade e segurança» dos doentes.

 

Em comunicado e em antecipação ao ato de entrega da cédula profissional, na quinta-feira, a 685 novos enfermeiros dos distritos de Aveiro, Castelo Branco, Coimbra, Guarda, Leiria e Viseu, aquela secção da OE diz ainda que «têm sido poucas ou nulas as medidas governamentais para mudar esta realidade».

 

E isto, sublinha a presidente da estrutura, Isabel Oliveira, «apesar dos grandes esforços e constantes alertas da Ordem dos Enfermeiros para o risco da saúde da população e a deterioração social, com desigualdades cada vez mais evidentes».

 

Segundo a enfermeira, às dotações inseguras juntam-se as «condições de trabalho indignas para os enfermeiros», na falta de reconhecimento remuneratório pela especificidade, risco e penosidade da profissão, que leva a maioria a emigrar.

 

«Mais grave é a falta de acesso a cuidados de enfermagem, a falta de segurança e qualidade a que a população tem direito», realça.

 

Além da insuficiente dotação de enfermeiros nos serviços de saúde, a presidente da SRC considera que se assiste «à privação da prestação de cuidados de saúde de qualidade e seguros em outros contextos igualmente relevantes para a sociedade», designadamente nos lares e unidades de cuidados continuados integrados.

 

De acordo com Isabel Oliveira, «não existe legislação que verdadeiramente acautele a segurança dos doentes integrados neste tipo de instituições».

 

«Lamentavelmente, o aspeto financeiro continua da ditar as regras de funcionamento de lares e dessas unidades», sublinhou.

 

Para a dirigente, «o mais preocupante nesta situação são os efeitos danosos que a falta de cuidados de saúde acarreta, como a recorrência a serviços de urgência com maior frequência, o aumento das agudizações de situações crónicas, o aumento da incidência de úlceras de pressão, o aumento dos tempos de internamento, que são pagos diretamente pelos doentes e suas famílias».

 

A presidente do Conselho Diretivo Regional da SRC considera «urgente a intervenção e legislação que acautele interesses de utentes e suas famílias nos lares e unidades de cuidados continuados integrados».