Enfermeiros exigem mais recursos humanos em saúde mental 12 de novembro de 2014 Enfermeiros, que organizam o Encontro Nacional de Enfermagem de Saúde Mental, defenderam ontem, em Coimbra, mais recursos humanos e uma maior aposta no trabalho em comunidade, avançou a “Lusa”. «É necessário o dobro dos enfermeiros» que existem no colégio de especialidade em saúde mental, disse Fernando Gomes, um dos enfermeiros responsáveis pela organização do encontro que decorre a 20 e 21 de novembro, no auditório da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra. De momento, os 1.500 enfermeiros em saúde mental não são suficientes, sendo também necessário um reforço «de políticas locais e regionais e de equipas comunitárias», com os enfermeiros a assumirem a gestão do caso do doente mental, sublinhou, durante a apresentação do evento, que se realizou ontem por volta das 18:30, em Coimbra. De acordo com o enfermeiro, o sistema de financiamento do Serviço Nacional de Saúde ainda tem uma visão «muito “hospitalocêntrica”», quando a intervenção na comunidade «é barata», em relação à consulta médica. Outro problema centra-se no estigma que existe em relação à doença mental, através de pouca literacia relativamente a esta área, levando a um acesso «dificultado» e «mais tardio» aos cuidados de saúde mental, frisou Fernando Gomes, aclarando que o acesso «o mais precoce possível» leva a melhores resultados, e a menos agravamentos derivados da doença. Outro elemento da organização do encontro nacional, Soledade Lourenço, salientou que «não foi feito nada» em relação às recomendações da Organização Mundial de Saúde para a saúde mental. Segundo esta enfermeira de Castelo Branco, ainda não se proporciona tratamento nos cuidados primários, não se disponibiliza medicação psicotrópica, investiu-se pouco na educação das populações e prestou-se pouco apoio à pesquisa na área. «Não damos resposta à população, continuamos a ter lista de espera e as pessoas não têm o atendimento que mereciam ter», criticou. Os decisores políticos «não nos consultam e somos os que passamos mais tempo com os doentes e com as famílias», protestou Fernanda Pereira, também da organização. O Encontro Nacional de Enfermagem de Saúde Mental e Psiquiátrica vai-se centrar na questão da «qualidade e segurança nos cuidados de enfermagem em saúde mental», sendo organizado por um conjunto de enfermeiros de Coimbra, Viseu, Guarda, Castelo Branco, Aveiro e Portalegre. |