15 de Janeiro de 2016 Um projeto-piloto para ensaiar medicamentos contra o VIH/sida, em pessoas que não têm o vírus, com um propósito profilático, vai arrancar em Lisboa, possivelmente já este ano. «A ideia é avançar na população de homens que têm sexo com homens que preencham determinados critérios de risco», explicou ao “DN”, António Diniz, o diretor do Programa Nacional para a Infeção VIH/sida, acrescentando que se esta prática for exequível, o tratamento preventivo poderá ser alargado. O dirigente justificou a escolha destes indivíduos para dar início ao projeto: «a proporção de novas infeções neste grupo está a aumentar em relação a outros onde houve uma descida mais visível, como o grupo dos utilizadores de drogas injetáveis. Apesar de haver menos casos, não está a haver uma descida significativa». Para isso contribuem fatores, como o facto de as pessoas «estarem a perder o medo em relação à doença, devido à existência de tratamentos eficazes e com menos efeitos secundários. E isso leva-as a ter atitudes menos corretas em termos de prevenção», continuou. Um bom exemplo é o do uso de preservativos, que não tem tido os níveis esperados. «Utilizam-se menos do que se devia, mesmo nos casos de sexo ocasional». O tratamento preventivo já é usado nas situações em que possa ter havido um contacto de risco. A profilaxia pré-exposição (PrEP), assim se designa o tratamento antes de as pessoas estarem infetadas, está a ser avaliada internacionalmente e já está em aplicação na França ou nos Estados Unidos com sucesso. O tratamento é um antirretroviral usado atualmente com outras substâncias. E é o único que foi testado com objetivo de prevenção. Os resultados têm sido muito positivos: um estudo mostrou que a toma de um comprimido diário pode reduzir em 86% o risco de infeção neste grupo. Um outro estudo publicado pelo “The Lancet” admite que no Reino Unidos se possam evitar até 10 mil novas infeções até 2020, com este tipo de tratamento. |